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Empresa de RO trata seus efluentes e de outras empresas

A preocupação com o meio ambiente e a qualidade de vida das próximas gerações fizeram Henrique de Holanda Cavalcanti, empresário da Locmaq de Porto Velho (RO), investir em boas práticas sustentáveis

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A empresa é uma locadora de máquinas e equipamentos para a construção civil e eventos, tais como betoneiras, andaimes, contêineres, banheiros químicos, entre outros.

As exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos em relação à gestão e tratamento dos resíduos sólidos e efluentes gerados por empresas se somaram aos ideais e propósito de Henrique. A implantação de uma estação própria de tratamento de efluentes se transformou, inicialmente, em diferencial da Locmaq e, depois, em um novo negócio. Hoje, a empresa com 22 anos de atividades é uma referência em sustentabilidade na Região Norte.

História da empresa

A Locmaq foi fundada, em 1997, por Marcos de Holanda, pai de Henrique que enxergou oportunidade para empreender no segmento de locação de equipamentos para a construção de pequenas obras em Porto Velho. Seis meses depois, Henrique comprou o empreendimento.

Desde o início, ele enxergou a necessidade de adotar boas práticas sustentáveis principalmente para reduzir o impacto ambiental do negócio nos recursos hídricos e solo. O grande desafio era solucionar a questão do tratamento de resíduos e efluentes gerados pela locação de banheiros químicos. Em termos de saneamento básico, a capital rondoniense dispõe atualmente de rede de esgotamento sanitário em apenas 4,5% da cidade e os serviços de água atingem cerca de 32% da população.

“Não alugo banheiro químico sem tratamento de resíduos. Pago mais caro para tratar meu esgoto. Meus concorrentes não tratam esgoto. Este é o nosso diferencial”, afirma Henrique.

Empregabilidade

Hoje, a Locmaq possui duas filiais – em Vilhena (RO) e Rio Branco (AC) – gerando 35 empregos diretos e cerca de 70 indiretos; é usuária da Cataki (aplicativo que conecta geradores de resíduos a cooperativas de recicladores) para doar resíduos de papel, metal e plástico. Em Vilhena, o tratamento de resíduos sólidos é terceirizado.

Início

“Sempre vi as pessoas executando serviço com alto custo ambiental e nunca encontrei sentido nisso. Um escoramento de madeira numa obra, por exemplo, poderia ser de metal e evitar o corte de árvores “, exemplifica o empresário.

Ele conta que foi um dos primeiros de Porto Velho a procurar empresa especializada em gestão de resíduos sólidos e efluentes.

“Existem estações de tratamento para inglês ver, que vazam esgoto para debaixo da terra”, dispara.

O empresário partiu para solução própria: construiu uma estação de tratamento de esgoto com recursos próprios para cuidar dos resíduos dos banheiros químicos alugados. Atualmente duas lagoas e estações de tratamento de efluentes compõem o serviço ambiental da empresa, localizados num sítio afastado do centro urbano.

Investimento da obra 

O investimento foi em torno de R$ 300 mil, informa. O serviço conta com piezômetro (mede a qualidade do lençol freático no entorno), aeradores, filtros, gradeamento etc Um engenheiro sanitarista contratado monitora o serviço. Após o tratamento, os recursos hídricos são reutilizados na irrigação da propriedade.

Outra prática sustentável é a geração de biogás, a partir de um biodigestor que processa os resíduos orgânicos da empresa e abastece a família residente na propriedade.

Há 12 anos, a Locmaq faz a correta coleta, reciclagem e destinação dos resíduos, diz Henrique orgulhoso. A iniciativa acabou atraindo novos clientes. Assim nasceu a Locmaq Ambiental.

Serviço ambiental

A Locmaq Ambiental tem dois anos de atividades e foi criada para agregar valor e custear o tratamento dos resíduos próprios, atendendo outras empresas. Segundo o empresário, a estrutura é cara e com capacidade superior à demanda de seu empreendimento.

O novo serviço possui licenciamento ambiental para tratar efluentes industriais e composteira industrial para 30 mil litros/dia. O Shopping Center de Porto Velho (1,5 ton/mês) e um frigorífico (15 ton de rúmen/dia) são alguns dos clientes.

Há oito meses, a Locmaq Ambiental está fazendo compostagem dos resíduos orgânicos industriais, que geraram 100 ton de adubo orgânico para comercializar, se transformando, porém, em novo desafio.


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Questões sociais 

“Estamos enfrentando um desafio cultural, pois as pessoas estão acostumadas a comprar terra preta e adubo químico para seus vasos e jardins, mas conhecem pouco de adubo orgânico”, explica Henrique.

A solução está sendo doar o adubo produzido para produtores de milho, hortaliças e grama para fazerem testes. O empresário contratou um zootecnista que apoia a iniciativa no campo junto aos produtores.

“Precisamos mostrar para a sociedade que o adubo orgânico é bom para todos”, enfatiza.

Legislação vigente

Henrique lembra que a legislação obriga empresas geradoras de mais de 100 litros de resíduos orgânicos/dia a tratá-los. O mercado de adubo orgânico ainda é incipiente em Rondônia e Acre. Devido ao desconhecimento do produto, seu valor é de apenas R$ 0,50/kg, enquanto o adubo químico custa R$ 3/kg, compara.

O empresário também ressalta a dificuldade enfrentada por centenas de municípios brasileiros, onde grupos empresariais que atuam como fornecedores de prefeituras, são remunerados pelo lixo transportado e enterrado.

“Eles concorrem com empreendedores que querem investir no serviço de tratamento de resíduos sólidos e de efluentes, dificultando o futuro do desenvolvimento sustentável local”, argumenta o empresário.

Atuar empresarialmente com sustentabilidade é ainda um grande tabu, lamenta. Pouca gente acredita que atitudes e novos serviços ambientais criam conscientização e um mercado com boas oportunidades para empreender, acrescenta.

Parceria com o Sebrae

O Sebrae foi o primeiro cliente a tratar resíduos sólidos com a Locmaq, informa Henrique A borra do cafezinho servido na sede da instituição em Rondônia é encaminhada à empresa para ser tratada e transformada em adubo.

Henrique teve apoio do Sebrae com consultorias e na disseminação de seus ideais e atitudes para outros empresários e empreendedores, participando como palestrante em eventos.

“Quem não acredita em aquecimento global e nas questões ambientais ou é ignorante ou age de má-fé”, dispara.

Os recursos naturais são finitos, os rios que antes forneciam água potável, hoje estão ameaçados de morte por poluição”, enfatiza.

FONTE: Surgiu.

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