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Diesel de etanol: conheça tecnologia brasileira cotada para substituir combustível fóssil

Produto ainda não tem autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para ser comercializado, mas é usado de forma experimental. Setor fala em otimismo com novo combustível

Diesel do etanol

Alternativa para o futuro da tecnologia de combustíveis, o óleo diesel de etanol é uma das apostas do setor canavieiro do Brasil para a sustentabilidade. Ao contrário do convencional, que tem origem fóssil e é utilizado em veículos de transporte de carga ou passageiros, geradores elétricos e indústrias de todos os segmentos, o novo combustível, produzido com tecnologia nacional, é visto como opção para diminuir a emissão de gases do efeito estufa, que provocam o aquecimento global, nos próximos anos.

O diesel da cana tem sido usado de forma experimental por empresas e em ônibus do transporte coletivo de São Paulo. O combustível foi um dos principais temas abordados durante a abertura da 28ª edição da Fenasucro & Agrocana, principal feira de bioenergia do planeta, que aconteceu na semana do dia 16 de Agosto, em Sertãozinho (SP).

Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, explica que o combustível é formado a partir de um processo químico de alongamento da molécula do etanol até virar uma molécula de diesel e, se adotado, deve fomentar a economia nacional.

“O Brasil ainda importa mais de 14 bilhões de litros de diesel por ano. A produção do diesel de fontes renováveis, como esse, a partir do alongamento da molécula do etanol, é uma rota extremamente promissora e deve ser incorporada não só para transporte terrestres, mas também para os marítimos”.

Para Paulo Montabone, diretor da Fenasucro, o uso do novo combustível não está longe de se tornar realidade. Ele acredita que o diesel de etanol deverá gerar uma onda de investimento do setor da cana, para substituir, inclusive, o diesel usado em suas máquinas que operam nas plantações. Isso poderá fazer com que a certificação das usinas viva um novo momento, de maior eficiência energética e menor impacto negativo no meio ambiente.

De acordo com Montabone, o diesel produzido a partir do etanol é uma tecnologia brasileira que está “guardada a sete chaves”. Além das vantagens ambientais, ele cita os ganhos econômicos, graças às possibilidades de exportação.

“É a grande tecnologia do momento. E ganha a indústria do interior de São Paulo, que vai se desenvolver para atender essa nova demanda da construção das biorrefinarias.”


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Pesquisas

Se existe otimismo para que essa fonte de energia se consolide, as pesquisas têm um papel importantíssimo.

A tecnologia, em fase experimental, ainda não tem autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para ser comercializada. Enquanto a liberação não acontece, estudiosos trabalham, em universidades, institutos de pesquisa e empresas, para aprimorar seu funcionamento.

O diretor técnico Marcos Daniel de Lima, da Duo Automation, uma das expositoras da Fenasucro, explica que a companhia, inicialmente voltada para o setor automotivo e que, agora, atua também no mercado agronômico, passou a desenvolver estudos relacionados ao diesel “verde”.

“Houve uma demanda interna e, como somos uma empresa que busca inovação e estamos ligados às universidades, demos início a esses trabalhos para resolver o que, em um primeiro momento, era um problema de usinas. Só que a gente sabe que isso vai se estender.”

Segundo Lima, a Fenasucro tem sido encarada como um “start” para a empresa, que pretende divulgar os resultados já obtidos para atrair industriais para o combustível.

“A tecnologia pode ser implantada em qualquer usina. Ela pode inclusive gerar lucro, já que as usinas gastam em média cerca de 10% de seu faturamento bruto com diesel fóssil para frotas e máquinas.”

 

Potencial das energias limpas

A Fenasucro vaconteceu de 16 à 19 de Agosto, com expectativa de movimentar R$ 5 bilhões, o potencial canavieiro para o desenvolvimento de energias limpas e renováveis se destacou.

Além do diesel de etanol, o etanol de segunda geração, o biogás e o hidrogênio verde foram debatidos pelo setor sucroenergético.

Para Evandro Gussi, presidente da União da Indústria Canavieira (Unica), a feira é um momento em que toda a cadeia de valores do setor se conecta.

“Estão aqui produtores independentes, plantadores de cana-de-açúcar, fornecedores e industriais do ramo de etanol, açúcar, bioeletricidade, biogás e biometano, além de indústrias do ramo de bens de capitais. É o grande encontro do setor, que se reúne mostrando o Brasil como a grande potência agroindustrial que é.”

Fonte: G1


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