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‘Há desigualdade no acesso à água no Rio’, diz professora do Pro-Urbe da UFRJ

Ana Lúcia Britto alerta para privilégios da capital em relação à Baixada

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A professora Ana Lúcia Britto, do Programa de Pós-graduação e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ (Pró-Urbe), está apreensiva.  Pesquisadora com olhar atento sobre os programas de abastecimento da Baixada Fluminense, ela diz que atraso nas obras de Guandu 2 não prejudica apenas às milhares de famílias da região que ainda são obrigadas a pegar água em poços contaminados, como também traz insegurança para o sistema de abastecimento de todo o Grande Rio. “Há que se deixar claro que esta fase visa também à própria manutenção do Guandu 1, que abastece o Rio”, afirma a Ana Lúcia.

Como está a situação de abastecimento da Baixada Fluminense? 

Todo o sistema de água para a Baixada e capital produz  47 metros cúbicos de água por segundo. Desse montante, 13 metros cúbicos por segundo vão para a Baixada e 34 vão para o município do  Rio. Isso quer dizer que, a despeito da  obra Guandu 2,  a Baixada recebe hoje apenas 28% desse volume. Ou seja, a maior parte do volume vai  para o Rio. O resultado disso é que várias áreas da Baixada recebem água somente uma vez por semana. Há áreas que nem isso, nas quais o abastecimento é por poço. E o problema de ter poço na Baixada é que na região há pouquíssima rede de coleta de esgotamento sanitário. E justamente as áreas que usam o poço, ou seja, as mais pobres, são aquelas com maior ausência de rede de esgotamento sanitário. A consequência disso, é claro, é que a água do poço é contaminada.

Então a capital tem privilégios quanto ao abastecimento? 

No bojo do abastecimento do Rio,  havia um sistema denominado Acari, feito no século 19. Como a partir da fusão,  todo o sistema do oeste metropolitano foi reestruturado, o subsistema Acari passou a atender a Baixada, entre 1975 e 1981. Mas qual o problema do subsistema Acari? Ele depende da quantidade de chuva. Ou seja, se chove pouco, falta água. Sem falar que ele já tem volume frágil. Além disso, a população da Baixada cresceu, sem que esse subsistema de abastecimento acompanhasse esse crescimento.

O que tem sido feito para resolver essa equação?   

Houve uma série de obras para atender a região. A primeira adutora para toda essa área foi construída em 1981, durante o governo Chagas Freitas. Já a segunda adutora foi inaugurada em 2005, na administração de Rosinha Garotinho. Ocorre que as adutoras sozinhas não solucionaram o problema de abastecimento. Isso porque ele depende de reservatórios, estações de bombeamento, troncos e redes distribuidoras. No Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), foram construídos alguns reservatórios. Por outro lado, não foi feita a rede distribuidora, o que efetivamente leva a água para as casas das pessoas. Essas obras inacabadas resultaram num déficit crônico de abastecimento da Baixada, que se acumula desde os anos 1970 até os dias de hoje. Em 2014, o governador Pezão anunciou mais uma obra (Guandu 2) para equacionar o problema de água da Baixada. Ou seja, desde 1981 até 2018, há promessas de abastecer a região sem que elas sejam cumpridas.

A senhora acha que o Guandu 2 pode ser mais uma promessa vã? 

Vamos ter de analisá-la com calma. A obra é dividida em três subcréditos. O primeiro é relativo às obras que estão em curso, e sua ordem de recursos é de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. Essas obras envolvem o seguinte: 55 quilômetros de tubulação para adução (a rede que leva da adutora da Baixada para os reservatórios); a construção e ou reforma de 11 elevatórias (que bombeiam a água de baixo pra cima); a construção de dez reservatórios e a reforma de sete. Aqui, por sinal, cabe lembrar que parte dos reservatórios que estão sendo reformados foi construída em outros programas e não foi efetivamente levada a cabo, o que levou à sua degradação. Ou seja, estamos falando de dinheiro público perdido. Mas, continuando: além disso, há a implantação de 462 quilômetros de troncos distribuidores e rede distribuidora. Outra observação bem importante: a Cedae não divulga exatamente quantos quilômetros são de troncos distribuidores e de rede distribuidora. E é essa rede que garante que a água chegue às casas das pessoas.

Fonte: jb

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