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Conference Call – “A situação do saneamento básico nas 100 maiores cidades do Brasil” Convidado: Édison Carlos

A Conference Call foi realizada pela GO Associados, na semana em que se comemora o Dia Mundial da Água, no dia 23 de março e contou com a participação do Presidente Executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos para discutir a situação do saneamento nas 100 maiores cidades do Brasil.

O Trata Brasil, com apoio técnico da GO Associados, divulgou recentemente o Ranking do Saneamento Básico nas 100 Maiores Cidades”, com base nos dados oficiais do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS).
Desde 2009, o Instituto Trata Brasil divulga o tradicional “Ranking do Saneamento Básico nas 100 Maiores Cidades”, sempre com base nos dados oficiais do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS). Os números são informados pelas próprias empresas operadoras de água e esgotos dos municípios brasileiros ao Governo Federal, portanto, são números oficiais das próprias cidades.

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Fonte: Trata Brasil

Em média, a cada 4 anos o Trata Brasil faz uma revisão dos critérios e indicadores usados no Ranking, especialmente após ouvir autoridades e entidades ligadas ao meio ambiente e ao setor de saneamento. O objetivo é aperfeiçoar o Ranking com indicadores que espelhem melhor os avanços dos sistemas de água e esgotos nas grandes cidades do país. Todo esse trabalho de consulta ao setor, análise de indicadores e desenvolvimento da metodologia é feita pelo Trata Brasil em conjunto com o seu parceiro técnico, a GO Associados.

Dentre as principais alterações na metodologia do Ranking destaca-se a inclusão dos indicadores urbanos para o atendimento de água e coleta e do indicador de perdas de água na distribuição. Os indicadores de investimentos e arrecadação agora consideram a média dos últimos 5 anos, ao invés apenas do ano em análise (2014), assim consegue-se ter uma ideia melhor do empenho das cidades com o saneamento básico com o passar do tempo.
A falta de saneamento básico é considerada por especialistas como um dos principais motivos para a proliferação do mosquito Aedes Aegypti (dengue, chikungunya e zika vírus), os indicadores de saneamento continuam preocupantes. Segundo os últimos dados publicados pelo Ministério das Cidades no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano base 2014, o país ainda tem mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso aos serviços de água tratada, metade da população sem coleta de esgotos e apenas 40% dos esgotos do país são tratados.

Segundo Édison Carlos é preocupante que os avanços em saneamento básico não só estão muito lentos no país, como cada vez mais concentrados onde a situação já está melhor. Metade dos investimentos de saneamento básico está nas 100 maiores cidades, o Brasil está sendo separado em “ilhas” de Estados e cidades que caminham para a universalização da água e esgotos, enquanto que uma grande parte do Brasil simplesmente não avança. Continuando vulnerável a doenças. Ele também fez críticas aos maiores municípios que não são exemplos de combate a perdas de água e tratamento de esgoto apesar dos vultosos investimentos.

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Fonte: Trata Brasil

“Há algum tempo olhamos com preocupação a forte concentração de investimentos nas cidades onde o saneamento já vem melhorando. As cidades que estão melhores investem duas vezes mais do que as que estão piores. Os estados de SP, MG e PR concentram grande parte dos investimentos em saneamento. Os índices de cobertura e agua tratada e coleta melhoraram muito nas 100 melhores cidades”, salientou.

Um dos pontos que comprovam a clara deficiência em avanços efetivos no Brasil é que as 20 melhores cidades do estudo investiram juntas em 2014 o valor de R$ 827 milhões e arrecadaram R$ 3,8 bilhões com os serviços. Já a média de investimento dos últimos cinco anos (2010 a 2014) foi de R$ 188,24 milhões (R$ 71,47 por habitante/ano). Já os 20 piores municípios do Ranking investiram juntos em 2014 o valor de R$ 482 milhões e arrecadaram R$ 1,9 bilhão com os serviços. Já se considerarmos a média dos últimos 5 anos, a média de investimentos foi de R$ 96,46 milhões (R$ 28,20 por habitante/ano).

Isso mostra uma tendência das cidades com as maiores carências ficarem ainda mais atrasadas nesta infraestrutura mais básica.
“Cobertura de água tratada foi o indicador que mais avançou, com melhora em 91, das 100 cidades. Algumas cidades do norte e nordeste possuem indicadores abaixo de 20% de coleta de esgoto, o que gera problemas de saúde pública. O tratamento de esgoto representa um grande desafio, um terço das cidades ainda não tratam o esgoto”, destacou Édison.

Principais Indicadores nas 100 Maiores Cidades:
População com água tratada – por número de municípios

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Fonte: Trata Brasil

O gráfico mostra que entre os 100 maiores municípios, 91 possuem mais de 80% da população com água tratada. Informaram possuir 100% de atendimento total de água tratada 23 cidades e o menor índice foi de 26,89% em Ananindeua (PA). O indicador médio foi 93,27%, indicando que, no geral esses municípios possuem níveis de atendimento em água superiores à média brasileira (83% pelo SNIS 2014).

Melhores X Piores indicadores em população com água tratada

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Fonte: Trata Brasil

Édison Carlos, explicou que a maioria das cidades investiu menos de 30% do que arrecadaram. Mesmo com a crise hídrica o indicador de perdas não pode ser desprezado, está próximo dos 37% há anos. Mesmo sendo conservadores, as perdas somaram R$ 8 bilhões. Este valor poderia ajudar em investimentos e no próprio combate às perdas.

“Tanto as melhores quanto as piores em saneamento são as mesmas há muito tempo, dos R$ 300 bilhões indicados no plano de saneamento apenas uma fração pequena foi investida, não investimos nem o mínimo”, frisou.

De acordo com o Instituto um dado complementar ao relatório aponta o estudo da Cepal- Comissão Econômica para a América Latina onde o Brasil está abaixo de outros países no serviço de coleta de esgotos na 10º posição entre 17 países analisados.Com base nos dados do SNIS, se utilizássemos a média de população com coleta de esgoto das 100 maiores cidades do país, o Brasil ocuparia a posição de número 6, com 70,37% da população atendida.

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Fonte: Trata Brasil

O autor do estudo, Gesner Oliveira da GO Associados comentou os resultados: “ Avançamos muito pouco no sentido de alcançar a universalização dos serviços de saneamento. Caso se mantenha o ritmo atual, estimamos que só teremos serviços de saneamento universalizados a partir de 2050. Os patamares de atendimento do Brasil se mostram modestos mesmo na comparação com seus pares latino americanos. Dados da Cepal sugerem que o Brasil é um ponto fora da curva, possuindo índices de atendimento que não condizem com a renda per capita do País”.

Gheorge Patrick Iwaki
[email protected]
Responsável Técnico

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