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Compostagem – Desafios e Oportunidades, por Fernando Oliveira

Fernando Carvalho Oliveira, Consultor Técnico na Tera Ambiental e Diretor na Biossolo Agricultura & Ambiente Ltda, trouxe uma breve e contribuitiva apresentação ao discursar sobre o case de compostagem na cidade de Jundiaí-SP.

Sua apresentação fez parte das Tendências e Debates: Compostagem – desafios e oportunidades.

Fernando iniciou a apresentação com a fala de que compostagem em escala industrial não é uma tarefa simples, requer muito profissionalismo e bastante investimento para que se tenha um convívio minimamente harmonioso com a circunvizinhança.

Ele destacou algumas considerações:

  1. A compostagem deve estar próxima dos centros geradores de resíduos, pois quem tem que andar é o produto elaborado a partir da compostagem, e, não o resíduo.
  2. No Brasil podemos atualmente dizer que temos uma legislação bastante razoável, tanto no âmbito Ambiental, como no âmbito do Ministério da Agricultura. A legislação foi iniciada em 1995 com as primeiras normas estaduais, migrando depois para a esfera federal através do CONAMA, e, por volta de 2004, com a regulamentação de uma Lei antiga de fertilizantes, que deu origem ao Decreto 4954 do Ministério da Agricultura.

Este foi o decreto que deu previsibilidade de transformar a compostagem a partir de resíduos orgânicos, qualquer que seja a fonte geradora, em uma atividade industrial como outra qualquer, geradora de serviços de qualidade, produtos de boa qualidade, geradora de empregos, geradora de impostos e etc.

Evidentemente que no Brasil ainda encontramos algumas dificuldades para se obter produtos ambientalmente corretos e economicamente viáveis.

Apesar da grande vantagem que o Brasil tem em relação aos países do primeiro mundo, como os da Europa por exemplo, no Brasil temos a agricultura mais robusta do mundo e também estamos predominantemente sob clima tropical. Isso significa dizer que a matéria orgânica não se acumula nos nossos solos, o que nos dá um privilegio grande que é o de não se preocupar com a nossa capacidade de absorver todos os resíduos que sejamos capazes de tratar.

Quanto mais lodo for gerado, mais serão tratados, e, portanto, mais qualidade ambiental teremos. Diante dos avanços que o Brasil possui atualmente, tanto nas legislações quanto na conscientização como um todo, o lodo passou a ser solução, ganhando o status de matéria-prima.

O projeto de Jundiaí tem como missão principal e indissociável, o tratamento de todo o lodo gerado no município, que atualmente é da ordem de 3 mil toneladas/mês.

Não é possível ter sucesso na compostagem de resíduos se não tiver um olhar apurado em cima do produto que se pretende obter, pois a saída do produto final é que vai impor a dinâmica e o sucesso do projeto.

“É como um trato digestivo, onde você não pode parar de comer, afirmou Fernando Oliveira.”

Para que o produto tenha aceitabilidade, ele tem que ter qualidade para atrair o interesse do agricultor, que deverá reconhecer que o produto tem valor agregador e assim efetuar a compra e consequentemente trará mais sustentabilidade econômica para o projeto e assim reduzir, eventualmente, o custo para o gerador do resíduo.

Outro detalhe destacado na apresentação foi a de que para se vender o produto é necessário também uma equipe técnica dedicada.

Em Jundiaí a produção atual anual é da ordem de 40 mil/Ton de fertilizantes, e eles possuem uma equipe de oito pessoas trabalhando exclusivamente com a venda deste produto.

É fundamental que para que se tenha a sustentabilidade deste processo se tenha a saída e aceitabilidade do produto acabado.

A planta de Jundiaí além de tratar o lodo gerado no município, atende também municípios circunvizinhos e indústrias.

Apesar de estarem em serviço e colaboração de uma empresa de interesse público, isso se dá porque tem que se ter foco na qualidade do produto. O lodo é resíduo e, portanto, não tem padrão. Produto tem que ter padrão de qualidade e tem que ser uniforme.

O caminho encontrado na cidade de Jundiaí para se ter padrão no produto foi o de trazer resíduos de fora do município, com características diversas, que acabam contribuindo com a qualidade final do produto.

Exemplificou com resíduos provenientes de uma indústria de café, que contribuem com excelente fonte de N (nitrogênio) e K (potássio) para o produto final. Outro exemplo foi o de empresas que queimam biomassa bruta (madeira) nas suas caldeiras. Essas cinzas são excelentes mitigadores de odores e fonte extraordinária de K, macronutriente que dificilmente é encontrado no lodo, por ser solúvel.

Hoje a planta da cidade Jundiaí presta um serviço extremamente valioso para inúmeros municípios da circunvizinhança, ao receber resíduos que poderiam ir para aterro. Temos capacidade instalada para isto e atendem essas demandas por conta da qualidade dos produtos gerados, destacou Fernando Oliveira.

Fizeram parte do debate representantes da SANASA, SANEP, Ministério do Meio Ambiente, Instituto Polis, Secretaria de Serviços Públicos da PM de Poços de Caldas e DAE Araraquara.

O coordenador foi o Sr. Hermes Ávila de Castro – Diretor de Desenvolvimento Associativo de Resíduos Sólidos e Drenagem Urbana da Assemae e Diretor Técnico do Sanear de Rondonópolis – MT

Ele encerrou o debate, discursando ao representante do Ministério do Meio Ambiente que estava presente, Alberto da Rocha Neto, destacando as dificuldades que os municípios encontram na melhor forma de como mensurar a cobrança pelos serviços de resíduos. Enquanto não houver uma padronização, não teremos recursos para aplicabilidade de ações como a compostagem. Temos um desafio ainda muito grande para viabilizar a compostagem.

Por: Denise Akemi F. Takahashi Trugillo para Portal Tratamento de Água


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