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Boas Práticas de Fabricação (BPF)

A princípio, qual é o objetivo das Boas Práticas de Fabricação (BPF)? A resposta é simples: eficiência. Os manuais com as boas práticas são utilizados em diferentes etapas da indústria, ainda assim, possibilita um ambiente de trabalho mais eficiente na produção. Contudo, sua adoção é um requisito da legislação vigente, conforme as normativas RDC 658/2022, 47/2013 e 48/2013.

Sendo assim, confira agora como elaborar o seu manual de BPF!  

 

O que são as Boas Práticas de Fabricação (BPF)?

“Em outras palavras, é imprescindível que registrem as suas Boas Práticas de Fabricação num manual próprio, desde que especifique todos os procedimentos de controle.”

As Boas Práticas de Fabricação (BPF) se tratam de um conjunto de normas que padroniza os procedimentos e métodos para, por exemplo: controle de qualidade, fabricação, condições das instalações, equipamentos, embalagens, armazenamento e distribuição. Conforme a legislação sanitária federal, essas normas apresentam caráter geral, sendo aplicáveis em qualquer tipo de indústria. Portanto, é a ferramenta mais importante para construir no seu estabelecimento um Sistema de Garantia da Qualidade.

Então, você também gostaria de saber mais sobre Boas Práticas de Laboratório (BPL) ? Clique aqui para ler o nosso artigo sobre o assunto!

Qual é o objetivo das Boas Práticas de Fabricação?

Afinal, qual é o objetivo das Boas Práticas de Fabricação? Simples: garantir que os produtos gerados no estabelecimento atendam às especificações de qualidade e de identidade. Afinal, também servem para evitar possíveis fontes de contaminação.

Durante a etapa inicial de produção, elas servem para manter a segurança do trabalho e o controle de qualidade das matérias-primas. Por outro lado, na etapa final, elas existem para ser um diferencial percebido sensorialmente pelos consumidores.

Quais são os itens englobados pelo manual de BPF da Anvisa?

De acordo com as normativas vigentes: as instalações, pessoal, operações, controle de pragas, registros e documentos, são os itens que devem ser englobados pelo manual de BPF. Em contrapartida, como esse manual é construído baseado no Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) da empresa, a garantia da qualidade é responsável por verificar os pontos que devem ser incluídos em cada item.

Instalações: projeto, paredes, pisos, janelas, tetos, esgotamento industrial, iluminação e instalações elétricas;

Pessoal: higienização pessoal, aparência, adornos, uniformes, equipamentos e conduta;

Operações: recepção da matéria-prima, controle de estoque, processamento, embalagem, armazenamento do produto final e produtos químicos;

Controle de pragas;

Registros e documentos.

Como elaborar o manual de BPF?

Apesar de termos falado até agora sobre um manual de BPF da Anvisa, não existe um manual pronto: você deve elaborar um próprio, que especifique todos os procedimentos de controle para cada etapa do seu processamento.

Seja como for, existem modelos prontos que indicam os principais tópicos do manual de BPF. Por isso, confira agora um como exemplo.

Qual é o modelo do manual de Boas Práticas de Fabricação da Anvisa?

Conforme o que é recomendado em Boas Práticas de Fabricação (BPF) pela Anvisa, um bom modelo deve apresentar a descrição das principais atividades realizadas, e também, os principais procedimentos adotados. Por isso, confira a seguir os principais tópicos que um bom manual de BPF deve conter:

1. Apresentação do manual, com capa, apresentação e identificação, sumário, referências e definições; 2. Identificação do estabelecimento, com nome fantasia e do proprietário, CPF/CNPJ, quadro funcional, endereço completo, telefone, licença ambiental, número de registro e horário de funcionamento; 3. Relação dos produtos fabricados, com denominação de venda dos produtos e capacidade de produção; 4. Descrição da localização do estabelecimento para identificar possíveis fontes de contaminação; 5. Instalações internas e externas; 6. Descrição do sistema de abastecimento de água; 7. Descrição de como serão realizadas as higienizações das instalações, dos equipamentos e dos utensílios; 8. Relação das medidas preventivas/corretivas com o controle de pragas e vetores; 9. Como será realizado o controle de matéria-prima, ingredientes e embalagens;
10. Descrição do processo de produção num fluxograma e memorial descritivo; 11. Método de identificação/estocagem das substâncias químicas e dos agentes tóxicos; 12. Descrição dos cuidados na higienização pessoal/saúde dos manipuladores; 13. Manejo dos resíduos; 14. Forma de armazenamento do produto final; 15. Transporte do produto final até o ponto de venda; 16. Processo de rastreamento/recolhimento do produto; 17. Definição do método de arquivamento e tempo de armazenamento dos documentos do estabelecimento; 18. Aprovação do manual, com assinatura e data no rodapé.
 

O que são os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs)?

Os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) são parte do manual de BPF, sendo eles uma instrução para a realização de diversas atividades, por exemplo: instrução para lavagem de vidrarias, instrução para validação de métodos, entre outros. Sendo assim, a ideia é padronizar a execução dos procedimentos para a realização deles pelos funcionários. Para que os procedimentos sejam executados de maneira idêntica por todos, eles devem ser monitorados e registrados diariamente num manual de Procedimentos Operacionais Padrão.

Como montar um manual de Procedimentos Operacionais Padrão?

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que não existe um modelo padrão que deve ser seguido para a elaboração de um POP. Mas confira a seguir, as principais informações que você não pode esquecer de incluir no seu manual.

1. Cabeçalho: logotipo ou marca da empresa, título e número do procedimento, revisão e número de páginas (no formato y/x);

2. Corpo: objetivo, campos de aplicação, etapas ou procedimento (enumerado), frequência, responsável pelo procedimento e observações;

3. Rodapé: o POP deve ser assinado e datado no rodapé na elaboração

Quais são os pontos principais das Boas Práticas de Fabricação?

O processo de implementação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) é individualizado, e por isso, depende do seu Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) para definir os atributos críticos da qualidade. A seguir, confira quais são 11 pontos principais nas Boas Práticas de Fabricação:

— Higienização pessoal/ambiental; — Instalações; — Equipamentos; — Documentos e registros de operações; — Segurança do trabalho; — Produção;
— Garantia de qualidade; — Contaminação; — Controle de pragas; — Armazenagem e distribuição; — Treinamento.

Em síntese, desses 11, devemos focar em dois pontos principais!

Segurança do Trabalho

O principal ponto para a segurança no ambiente de trabalho é o uso obrigatório dos Equipamentos de Proteção Individual ou EPIs, por isso, eles devem ser fornecidos pela empresa, que deve trazer treinamentos sobre eles e sinalizações de segurança.

Dessa forma, é importante que siga as normas de segurança e as orientações da CIPA e da Brigada de Incêndio.

Documentos e Registros

Os documentos e registros são parte essencial do Sistema de Garantia da Qualidade, portanto, devem estar relacionados com todas as partes das BPFs. Por isso, o preenchimento da documentação deve ser sempre realizado com caligrafia legível e no momento do procedimento para garantir a integridade dos dados gerados. Afinal, a finalidade deles é simples: garantir que o colaborador tenha acesso a todas as informações!

Conclusão

Em conclusão, o manual de Boas Práticas e o manual de Procedimentos Operacionais Padrão têm um papel simples: garantir a qualidade do produto final e manter a segurança durante os níveis iniciais de produção.

Portanto, ao montar o seu manual de Boas Práticas de Fabricação, você garante uma maior qualidade durante todo esse processo!

Mais sobre este autor:

Ingrid Ferreira Costa

Ingrid Ferreira Costa é Founder & CEO da Biochemie – uma empresa de educação corporativa que prepara os Cientistas para o mercado de trabalho.

Foi uma das 100 escolhidas para participar do Programa de Aceleração de Creators do LinkedIn no Brasil. Ela é responsável por liderar a Divulgação Científica no LinkedIn e engajar comunidades que atuam nas áreas de Química, Biotecnologia e Ciência da Vida.

Ela possui formação nas áreas de Química, Ciências Farmacêuticas, Gestão da Qualidade e Cosmetologia.

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