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Urbanização e qualidade das águas do córrego independência, Juiz de Fora/MG

Resumo: O processo de urbanização tem provocado muitos impactos negativos nos recursos hídricos, como a alteração de sua dinâmica e a degradação de seus padrões de qualidade. Nesse artigo são apresentados os resultados de alguns trabalhos realizados sobre o Córrego Independência, que corta a região mais densamente urbanizada de Juiz de Fora/MG. São abordados aspectos relativos ao processo de ocupação de sua bacia hidrográfica e a consequente geração de esgotos domésticos, que são introduzidos no córrego sem nenhum tipo de prévio tratamento. A intensa ocupação da bacia resultou num córrego quase todo canalizado (86,5%) e a grande geração de efluentes domésticos comprometeu a qualidade de suas águas. Com o objetivo de mensurar os impactos gerados sobre o córrego foram avaliados 7 parâmetros de qualidade, tomados em dois pontos distintos: o primeiro localizado à montante da bacia, em área de baixa densidade de ocupação humana e o segundo, localizado no extremo jusante, próximo à sua foz, em área densamente ocupada. Os resultados, depois de comparados aos padrões estabelecidos para as águas da Classe 2, de acordo com a Resolução CONAMA 357/2005, indicam a degradação da qualidade das águas do córrego no sentido de jusante, acompanhando o aumento da ocupação da bacia. Os altos valores registrados para os parâmetros DBO e DQO confirmam o elevado consumo do oxigênio dissolvido de suas águas, o que se deve principalmente à introdução de efluentes domésticos.

Introdução: O processo de urbanização dos países periféricos, tem se caracterizado pela crescente incorporação de novos espaços, destinados a atender o crescimento das cidades e de suas populações, o que resulta, dentre outros efeitos, numa rápida e constante criação e substituição de paisagens. Dentre os elementos naturais impactados pela intensa urbanização, os recursos hídricos têm sido os mais severamente alterados, especialmente nas cidades médias brasileiras, onde, em geral, passaram da condição de principais vetores de ocupação a meros locais de destinação final dos efluentes produzidos. As relações entre urbanização e recursos hídricos vêm sendo marcadas, sobretudo, pelo insucesso, com prejuízos significativos para as águas urbanas, o que tem se transformado em prejuízos para toda coletividade, uma vez que a degradação dos rios tem se constituído um elevado preço pago em razão de um modelo de crescimento urbano descomprometido com o ambiente. Pode-se afirmar que grande parte dos problemas relacionados aos recursos hídricos tem como causas principais a sua má utilização, a falta de planejamento e a perda de ligação entre sociedade e natureza. Drew (2005, p.87) analisa esta relação, salientando o exemplo dado pelas chamadas ‘civilizações hidráulicas’, do antigo Egito, China, Índia e Mesopotâmia, enfatizando que “sua ascensão e subseqüente queda estão intimamente relacionadas ao uso e abuso da água”. Sant’Anna (2007, p.24) apresenta São Paulo do século XIX como a “cidade das águas”, uma situação impensada para descrever atualmente essa metrópole, cujos mais graves problemas estão justamente relacionados à escassez desse recurso. Juiz de Fora/MG também toma lugar nesse contexto de cidades brasileiras que negligenciaram seus recursos hídricos ao promover seu crescimento e adensamento urbanos. O ônus para acomodar seus 555.284 habitantes (estimativa do IBGE para 2015) tem sido pago, em grande medida, pela degradação da qualidade de suas águas (MACHADO, 2005; 2011) e pela substancial alteração da dinâmica dos canais fluviais urbanos, pois estes, em última análise, passaram a ser considerados “um problema ao desenvolvimento local”, como definido por Carneiro (2003, p.20) ao estudar a similar situação dos recursos hídricos na Baixada dos Goytacazes. Os cursos d’água que cortam Juiz de Fora sofreram profundas modificações em razão do modelo de urbanização adotado como referência de desenvolvimento. Os impactos vão desde sua completa canalização à generalizada degradação de seus padrões de qualidade, o que afeta todo o ambiente hídrico e o retira do nosso campo de visão. Neste artigo são apresentados os resultados (e atualizações) de alguns trabalhos que temos realizado sobre o Córrego Independência, que corta uma das regiões mais densamente urbanizadas de Juiz de Fora – o Bairro São Mateus e parte do Centro da cidade – tendo como objetivo mostrar os impactos gerados pelo intenso processo de urbanização nas águas desse córrego, através da avaliação de 7 parâmetros de qualidade em dois pontos distintos.

Autor: Pedro José de Oliveira Machado.

Leia o estudo completo: urbanizacao-e-qualidade-das-aguas-do-corrego-independencia-juiz-de-fora-mg

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