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A Importância do Reaproveitamento de Resíduos Têxteis em São Paulo

As indústrias de confecção descartam uma enorme quantidade de sobras de tecidos e outros insumos resultantes de suas produções em grande escala e esse descarte acaba por sobrecarregar os aterros sanitários, que já estão com suas capacidades comprometidas pelo excesso de resíduos sólidos a eles enviados.

Os retalhos, quando limpos e selecionados são passíveis de reciclagem e reaproveitamento. No entanto eles ainda são descartados no lixo comum.

Na Semana do Meio Ambiente, no dia 5 de junho, na sede da UMAPAZ em São Paulo foi realizado o curso: “A Importância do Reaproveitamento de Resíduos Têxteis em São Paulo”, ministrado pela representante da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Luiza Lorenzetti.

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Foi apresentado e analisado o atual processo industrial têxtil em São Paulo, com a intenção de minimizar os resultados poluentes que causam enorme impacto ambiental sobrecarregando diariamente a cidade.

“Calculando uma perda de 10% do tecido no processo de corte para a confecção, pode-se estimar que são geradas, no mínimo, 170 mil toneladas de resíduos têxteis, por ano, no Brasil”, afirmou.

Destas 170 mil toneladas de resíduos têxteis gerados, estima-se que:

  • Pelo menos 40% (aproximadamente 70 mil ton) são reprocessados por empresas recicladoras.
  • Os outros 60% (aproximadamente 100 mil ton) são descartados nos aterros sanitários.

“Por ainda não contarmos com um descarte organizado, muitas empresas recicladoras que utilizam estes retalhos como matéria-prima, têm que recorrer à importação, já que os retalhos chegam ao país separados por cor e composição”, explicou.

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Fonte: Luiza Lorenzetti/ Abit

De acordo com os dados do IEMI – Inteligência de Mercado, especializado em pesquisas e análises do setor têxtil e de vestuário, o mercado do vestuário no Brasil, em 2016, era composto por:

  • 22,9 mil indústrias;
  • 1,09 milhão de empregos;
  • 5,7 bilhões de peças produzidas;
  • US$ 31,5 bilhões em valores de produção;
  • US$ 122 milhões exportados;
  • US$ 1,2 bilhão importados.

Perfil do setor

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FONTE: IEMI, Sistema ALICEWEB e IBGE, 2017

Nota: estimativa

 

VESTUÁRIO /TÊXTIL – Distribuição dos empregos e investimentos

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Fonte: Luiza Lorenzetti

 A importância do setor têxtil e de confecção brasileiro

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Fonte: IEMI, 2016

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Fonte: Luiza Lorenzetti

 

Luiza Lorezzenti comentou, sobre as possibilidades de destinação do resíduo têxtil.

– Jeans: Indústria Automobilística

– Malha 100% algodão: Fios e barbantes

– Poliéster/Poliamida: Flakes, Plásticos de Engenharia, Fios e barbantes

– Tecidos sortidos (várias composições): Manta acústica e Geotêxteis

– Retalhos acima de 1,5m: Artesanato

A representante da Abit, destacou o Retalho Fashion, que foi criado pelo Sinditêxtil-SP em parceria com a Prefeitura Municipal de São Paulo, visando a preservação ambiental por meio da reciclagem de resíduos têxteis. Possui como parceiros: Sindivest, SENAI-SP, CDL – Bom Retiro e Alobrás.

Possui como objetivos:

  • Organizar a coleta de resíduos têxteis nos bairros do Bom Retiro e Brás, evitando que toneladas de resíduos têxteis sejam descartadas em aterros sanitários ou nas ruas, bem como diminuindo os impactos sociais e ambientais decorrentes do descarte irregular;
  • Por meio de uma Cooperativa, gerenciar, separar e preparar a matéria-prima para ser reciclada, gerando renda a seus cooperados;
  • Incluir pessoas em situação de vulnerabilidade na força de trabalho, visando sua ressocialização e autonomia.

Etapas do projeto

1° Etapa – Diagnóstico da região; Mobilização das empresas; Planejamento da execução do projeto;

2° Etapa – Levantamento da infraestrutura necessária para implantação do projeto e

da demanda por resíduo têxtil;

3° Etapa – Implantação do Projeto.

Levantamento da estrutura

ÁREA A SER CONSTRUÍDA – Área bruta mínima para receber 20 t/dia: 1000 m2 (20m x 50m)

Equipamentos necessários

2 Prensas; 1 Balança; 2 Mesas de triagem (10m x2m); 1 Empilhadeira.

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Região da coleta – bom retiro

A região do Bom Retiro conta com 1.700 empresas, segundo estimativas da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro.

Dessas, aproximadamente 1.000 fábricas nas etapas de corte, costura ou bordado.

Região da coleta – brás

De acordo com informações da Alobrás (Associação de Lojistas do Brás), o bairro possui 4.000 empresas, dentre essas, aproximadamente 2.500 do setor de confecção.

Resultado da coleta teste – maio/2013

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Outro ponto salientado pela especialista foi sobre a importação de resíduos têxteis no Brasil. Para a fabricação de fios ou barbantes reciclados é necessário que o resíduo esteja limpo, separado por cor e por composição. No período desde o lançamento do projeto até hoje, o total da importação brasileira de trapos, cordéis, cordas e cabos de materiais têxteis em forma de desperdícios ou artigos inutilizados (NCM 63101000) foi:

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*Fonte: MDIC – Sistema ALICEWEB, 2018 – Período de jan./2012 a fev./2018.

Considerações relevantes para o Pós-Consumo:

  • Realizar a logística reversa dos uniformes escolares e uniformes de servidores

públicos do Estado de São Paulo;

  • A vantagem de se trabalhar com resíduos têxteis provenientes do pós-consumo é que o material já vem com a composição determinada, assim como a quantidade aproximada a ser recebida;
  • Os policiais militares de São Paulo descartam aproximadamente 74 toneladas de calças e 88 toneladas de camisas por ano;
  • Convênio com Receita Federal para destruir e reciclar produtos têxteis falsificados.

Luiza Lorenzetti encerrou a apresentação, demonstrando algumas iniciativas como o Retalhar, que  atua na logística reversa da cadeia têxtil, oferecendo um serviço para clientes que precisam descartar uniformes velhos e sem uso. Este trabalho evita que sobras de tecidos acabem em aterros sanitários ou sejam incineradas, um processo adotado por muitas empresas, que aplicam essa forma de descarte por questões de segurança, com o intuito de impedir que o uniforme seja reaproveitado.

O Ecotece , que é um instituto do terceiro setor que atua há 10 anos com a temática da moda sustentável. Tem como missão modificar as lógicas de produção e consumo para que a moda possa ser mais ética, limpa e inclusiva.

 

Gheorge Patrick Iwaki

[email protected]

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