BIBLIOTECA

Químico usado para fabricar papel higiênico é encontrado em orcas

Estudos foram feitos em corpos de orcas encalhadas no Canadá, contaminação foi encontrada em todos os animais

Pesquisadores do Canadá analisaram espécimes encalhados na costa oeste do país e outros que vivem na região; contaminação foi encontrada em todos os animais

Um estudo feito em corpos de orcas encalhadas na Colúmbia Britânica, no Canadá, mostra que produto químico utilizado na produção de papel higiênico e compostos conhecidos como PFAS são ingeridos por esses animais.

Os achados foram feitos por cientistas do Instituto do Mar e das Pescas do Ministério da Agricultura e Comida do Canadá e de uma agência governamental.

As descobertas foram publicadas em dezembro no periódico Environmental Science & Technology.

Para identificar os poluentes nos animais, o time de pesquisadores analisou amostras de tecido de seis orcas conhecidas como residentes, por se manterem nas águas interiores ou costeiras próximas da Colúmbia Britânica.

Além das residentes, os pesquisadores analisaram também amostras de seis orcas transeuntes, que se movem de norte a sul.

Todas as amostras foram retiradas de animais que encalharam na costa canadense entre 2006 e 2018.

A grande diferença entre elas, para além de onde vão e onde ficam, é do que se alimentam. As conhecidas como residentes se alimentam exclusivamente de salmão, enquanto as transeuntes comem mamíferos marinhos sem distinção.

Em ambos os grupos, um poluente químico frequentemente achado no papel higiênico, o 4-nonilfenol, ou 4NP, representou 46% de todos os poluentes encontrados nos animais. Esse composto é frequentemente usado durante o processamento da celulose em papel, sabão, detergentes e processamento têxtil.

Além disso, o composto químico é considerado um “contaminante de preocupação emergente”, ou CEC, que são poluentes encontrados no meio ambiente e ainda pouco estudados, portanto, não regulamentados.

Esses produtos também se classificam como “químicos eternos” (PFAS), que duram muito tempo no meio ambiente.

“Muito pouco se sabe sobre a prevalência e as implicações para a saúde do 4NP, uma vez que foi estudado em poucos mamíferos marinhos. Este estudo é o primeiro a encontrar 4NP em orcas”, diz o primeiro autor, Kiah Lee, que realizou a pesquisa como estudante de graduação na Universidade da Colúmbia Briânica (UBC), em nota.

Especificamente no Canadá, o 4NP é considerado uma substância tóxica e pode prejudicar o sistema nervoso e influenciar a função cognitiva.

Para os autores, a vazão do poluente aos animais ocorre por meio de estações de tratamento de esgoto e escoamento industrial, onde o 4NP é ingerido por organismos menores e, por meio da cadeia alimentar, alcança os grandes predadores.

Para além do 4NP, outros poluentes achados também se encaixam nos “químicos eternos”, sendo a maioria utilizada em materiais de embalagem de alimentos, tecidos repelentes de água e manchas, utensílios de cozinha e extintores de incêndio.

Um dos exemplos de compostos achados nos animais é o ácido carboxílico 7:3-fluorotelômero, ou 7:3 FTCA, componente que está para ser reconhecido como novos Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs ) pela Agência Europeia de Produtos Químicos.

De mãe para filhote

Um outro achado feito durante a pesquisa foi a primeira comprovação da transferência de poluentes da mãe para filhotes em um casal de orcas residentes no sul da costa canadense.

Com a análise de tecido, os autores descobriram que todos os poluentes identificados na mãe foram transferidos no útero, sendo que 95% do 4NP achado foi passado para o feto.

Fonte: revistagalileu


LEIA TAMBÉM: COMO RESOLVER UM PROBLEMA COMO OS PFAS?

ÚLTIMOS ARTIGOS: