BIBLIOTECA

Qualidade da água e fatores de contaminação de poços rasos na área urbana de Anastácio (MS)

Resumo

Objetivou-se avaliar a qualidade das águas e relacioná-la com as condições de infraestrutura de poços rasos selecionados em cinco setores de Anastácio-MS. A qualidade das águas dos poços foi avaliada pelo Número Mais Provável (NMP.100 mL-1) de coliformes totais e fecais (tubos múltiplos); cloreto, dureza total e alcalinidade total (titulométrico), pH e condutividade elétrica (eletrométrico). As elevadas percentagens de amostras com presença de bactérias, as concentrações de cloretos acima do Valor Máximo Permitido e a condutividade elétrica elevada nas águas podem ter origem na ineficiência do sistema sanitário da cidade e na falta de orientação do poder público referente aos riscos para a saúde da população ao consumir água sem tratamento captada em poços rasos.

Introdução

A água é indispensável para todos os seres vivos, sendo utilizada para diversas finalidades, especialmente, para a manutenção da vida no planeta. Todavia, nas últimas décadas, o crescimento populacional contribuiu significativamente para a aceleração do crescimento de áreas urbanas, muitas vezes sem quaisquer infraestruturas urbanísticas e de saneamento, e consequentemente, levando a um aumento da demanda por água potável e para outras formas de uso.

A água potável pode ser definida como água para consumo humano cujos parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e não ofereça riscos à saúde, definido pelos valores máximos permissíveis estabelecidos pela Portaria n° 518 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), garantindo com segurança, o fornecimento de água tratada de boa qualidade com concentrações mínimas de constituintes, conhecidos por serem perigosos à saúde. (D’AGUILA et al., 2000, p.792).

A concentração de grandes massas populacionais de baixo poder aquisitivo, em áreas urbanas periféricas que apresentam carência ou ineficiência de infraestruturas básicas, também deve ser um aspecto a ser considerado, tendo em vista que nestas áreas observa-se, a geração de práticas inadequadas referentes à disposição do lixo e do esgoto, contribuindo para a contaminação das fontes de água superficiais e subterrâneas.

De acordo com Calheiros e Oliveira (2006, p.1), no Brasil, 80% dos esgotos são lançados em corpos d’água sem qualquer tratamento; destes 85% são esgotos domésticos e 15% esgotos industriais. Em áreas urbanas a elevada densidade populacional produz alto volume de esgoto, e em cidades desprovidas de sistema de esgotamento sanitário eficiente, as águas subterrâneas podem ser contaminadas por meio da infiltração oriunda de fossas negras e pelo escoamento superficial da água da chuva em contato com o esgoto lançado a céu aberto.

Já os mananciais subterrâneos são recursos naturais utilizados tradicionalmente para abastecer grande parte da população brasileira em áreas rurais, e também nas cidades que não oferecem acesso à rede pública de abastecimento ou o abastecimento é irregular. Entretanto, o crescimento deste modo de utilização deste recurso foi acompanhado da proliferação de poços construídos, sem levar em conta critérios técnicos adequados que permitissem condições qualitativas básicas de potabilidade. Deste modo, a perfuração de poços com locação inadequada coloca em risco a qualidade das águas subterrâneas, uma vez que gera uma conexão entre as águas mais rasas, e, portanto, mais suscetíveis à contaminação, com águas mais profundas menos vulneráveis (ANA, 2007, p.95).

Por ser a água um bem de primeira necessidade, constituindo-se um recurso de uso comum, é utilizada, cotidianamente, para dessedentação humana e de animais, preparo de alimentos, higiene e asseio corporal, limpeza doméstica, descarga de vasos sanitários, entre outros usos importantes (SOTO et al., 2006, p.107). Assim, as cidades que possuem um sistema de tratamento e abastecimento de água potável eficiente, tendem a apresentar ambientes mais saudáveis para seus habitantes, colaborando com a manutenção de índices positivos de qualidade ambiental, diminuindo a incidência de doenças de veiculação hídrica, bem como contribuindo direta e indiretamente na melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.

Segundo Amaral (1996, p.108), os principais indicadores de contaminação fecal são as concentrações de coliformes totais e fecais, expressas em número de organismos por 100 mL de água. A presença deles na água não representa por si só um perigo à saúde, mas indica a possível presença de outros organismos causadores de problemas à saúde. Por exemplo, as bactérias do grupo coliforme, em especial a Escherichia coli, representa contaminação fecal recente e indica a possível presença de bactérias patogênicas, vírus entéricos ou parasitas intestinais (AMARAL et al., 2005, p. 43).

Todavia, a maioria das doenças de veiculação hídrica pode ser reduzida, controlada, desde que se possibilite o acesso à água potável. Entretanto, um dos maiores problemas das fontes de água é a ausência ou a irregularidade de monitoramento da qualidade (CAPPI et al., 2011, p.2).A cidade de Anastácio, localizada a sudoeste do estado de Mato Grosso do Sul (MS), tem despertado preocupação quanto à qualidade das águas subterrâneas, considerando-se a influência de fatores sanitários e socioeconômicos domiciliares, por ser uma cidade com significativa carência de saneamento básico domiciliar, apresentando uma pequena rede de captação de esgoto sanitário, e prevalecendo o uso de fossas rudimentares na maioria dos domicílios da cidade, com 77,3%, em 2002 (AYACH, 2002, p. 94) e de 52,2% em 2009 (AYACH, 2011 p. 115), consideradas inadequadas, que interferem direta e indiretamente no comprometimento da qualidade do lençol freático, tanto por situações pontuais quanto difusas.

Assim, a cidade de Anastácio como na maioria das cidades pequenas a população capta água de poços rasos do tipo escavado e construídos sem critérios técnicos, localizados próximos de uma fossa e sem proteção como tampa, calçada ao redor, revestimento interno e cobertura externa entre outros fatores de proteção, que impedem a entrada da água da chuva diminuindo a possibilidade de contaminação química e microbiológica das águas.

Logo, objetivou-se estudar a qualidade das águas desses poços e a relação dessa qualidade com as condições de infraestrutura de construção, de proteção, manutenção e localização dos poços, nos diferentes setores da cidade de Anastácio (MS), tendo como indicador o Número Mais Provável (NMP) de coliformes totais e fecais (termotolerantes), e os parâmetros físico-químicos, cloreto, pH, condutividade elétrica, dureza total e alcalinidade total.

Autores: Nanci Capp, Lucy Ribeiro Ayach, Tânia Mara Baptista dos Santos, Solange Terezinha de Lima Guimarães.

 

leia-integra

ÚLTIMOS ARTIGOS:

CATEGORIAS

Confira abaixo os principais artigos da semana

Abastecimento de Água

Análise de Água

Aquecimento global

Bacias Hidrográficas

Biochemie

Biocombustíveis

Bioenergia

Bioquímica

Caldeira

Desmineralização e Dessalinização

Dessalinização

Drenagem Urbana

E-book

Energia

Energias Renováveis

Equipamentos

Hidrografia / Hidrologia

Legislação

Material Hidráulico e Sistemas de Recalque

Meio Ambiente

Membranas Filtrantes

Metodologias de Análises

Microplásticos

Mineração

Mudanças climáticas

Osmose Reversa

Outros

Peneiramento

Projeto e Consultoria

Reciclagem

Recursos Hídricos

Resíduos Industriais

Resíduos Sólidos

Reúso de Água

Reúso de Efluentes

Saneamento

Sustentabilidade

Tecnologia

Tratamento de Água

Tratamento de Águas Residuais Tratamento de águas residuais

Tratamento de Chorume

Tratamento de Efluentes

Tratamento de Esgoto

Tratamento de lixiviado

Zeólitas

ÚLTIMAS NOTÍCIAS