Resumo
O abastecimento público de água em termos de quantidade e qualidade é uma preocupação crescente da humanidade, em função da escassez do recurso água e da deterioração da qualidade dos mananciais. As ações de controle e vigilância da qualidade da água têm sido extremamente tímidas. Muitos municípios e localidades não dispõem de pessoal e de laboratórios capazes de realizar o monitoramento da qualidade da água, do manancial ao sistema de distribuição, tendo, até mesmo, dificuldades em cumprir as exigências da Portaria no 36/1990 do Ministério da Saúde. A partir deste contexto e da escassez de informações, o objetivo principal deste trabalho é verificar a qualidade da água em diferentes pontos de amostragens ao longo da rede de distribuição de água do SAAE no município de Formiga – MG, sendo feitas análises referentes à qualidade, para verificar se a água está de acordo com os padrões estabelecidos, e análises estatísticas para verificar se houve variação significativa no decorrer da rede de distribuição. Foi possível observar que apesar de haver variações entre os parâmetros, de um modo geral a água distribuída para a população está de acordo com os padrões de potabilidade, ou seja, a mesma encontra-se apropriada para o consumo humano, com exceção do cloro que em alguns pontos apresentou-se abaixo dos padrões mínimos exigidos pela legislação. Sugere-se um monitoramento com maior frequência nestes locais que obtiveram divergências significativas, principalmente nos órgãos de saúde.
Introdução
A água é fonte da vida, todos sem exceção precisam dela para sobreviver, a mesma pode ser utilizada para diversos fins, sendo eles, industrial, doméstico, na agricultura. Sendo assim, ela precisa ter uma boa qualidade, pois está presente no cotidiano de todos os seres humanos. A potabilidade é necessária na água distribuída para consumo humano, ou seja, “deve ser tratada, limpa e estar livre de qualquer contaminação, seja esta de origem microbiológica, química, física ou radioativa, não devendo, em hipótese alguma, oferecer riscos à saúde humana” (BRASIL, 2004).
A incidência a grande quantidade de contaminantes físico-químicos e/ou biológicos, “principalmente em indivíduos com baixa resistência (idosos e crianças), reflete, muitas vezes, as precárias condições de saneamento básico e/ou higiene a que estão expostas.” (ANTUNES, CASTRO, GUARDA, 2004). Portanto, existe a preocupação de monitorar as águas que são destinadas ao abastecimento público, a fim de verificar se as mesmas estão em condições adequadas de forma que não ofereça nenhum risco à saúde da população.
Segundo estudos realizados pela ONG Água e Vida e colaboradores (1996) junto aos serviços autônomos de água e esgoto, incluindo os operados pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), cerca de 50% dos sistemas de abastecimento de água usavam algum tipo de tratamento e, destes, apenas 39% o faziam por meio de estações de tratamento. O controle da qualidade da água era feito em apenas 59% dos municípios que dispunham de laboratórios de análises. Por outro lado, informações sobre a qualidade da água distribuída pelas companhias estaduais de águas e esgotos são desconhecidas, apesar de serem de conhecimento público as dificuldades encontradas por estas para atender ao estabelecido na Portaria n° 36, de 19 de janeiro de 1990.
Segundo Medri e colaboradores (2012), as empresas responsáveis pelo tratamento público da água têm a responsabilidade de manter um controle preventivo, sob vigilância permanente, da potabilidade desta, desde a sua saída da Estação de Tratamento de Água (ETA) até a sua entrada nas ligações domiciliares, uma vez que a água destinada ao consumo humano pode constituir um risco potencial para a saúde, quando nela estiverem presentes agentes nocivos. Os problemas da qualidade da água, em sistemas de distribuição, são fortemente influenciados por diversos fatores, que incluem: o decaimento do cloro residual; o aumento de bactérias devido à temperatura; e a presença do carbono orgânico assimilável (LECHEVALLIER, 1990).
A fim de garantir a qualidade da água produzida e distribuída, há necessidade de se realizar coletas de amostras de água ao longo de toda a rede de distribuição, priorizando os locais de maior concentração, entre os quais, destacam-se hospitais, shoppings, escolas, asilos, creches, postos de saúde etc.; bem como, os de maior probabilidade de contaminação, como pontos de baixo cloro residual, de alta turbidez, de ponta de rede, de má circulação de água, entre outros (MEDRI; COSTA, 2001 apud MEDRI, 2012).
Autores: Paulo Ricardo Frade; Mariana Lourenço Ferreira; Aladir Horácio dos Santos; Flávio Leonildo de Melo e Diego Vipa Amâncio.