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Qualidade da água e o uso de agroquímicos no cinturão verde do Alto Tietê/SP

Resumo

A preocupação em relação a qualidade da água cresce diante do aumento da utilização de insumos agrícolas. A região leste de São Paulo possui a sub-bacia hidrográfica do Alto Tietê Cabeceiras e é conhecida como “Cinturão Verde”, devido ao uso expressivamente agrícola do solo. A utilização de agroquímicos pode comprometer a qualidade da água. O objetivo do estudo é apresentar o resultado de análises da qualidade da água em cinco pontos das sub-bacias Balainho, Jundiaí e Alto Tietê, de setembro de 2018 à janeiro de 2019. Os parâmetros avaliados compostos orgânicos comumente utilizados como agroquímicos. Os valores foram analisados de acordo com a resolução 357/05 do CONAMA para rios classe 1. Os resultados mostraram que durante o período, todas as análises apresentaram valores dentro do recomendado. Conclui-se que não há comprometimento da qualidade da água nestes pontos.

Introdução

Na parte leste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) está localizada a sub-bacia hidrográfica do Alto Tietê Cabeceiras. Por se tratar de mananciais de interesse regional para abastecimento público, a bacia faz parte da Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRM). Nesta área encontram-se os Sistemas Produtores de Água Alto Tietê e Rio Claro, responsáveis pelo abastecimento de água de mais de 4 milhões de pessoas. O Sistema Alto Tietê é composto por cinco represas: Ponte Nova, Paraitinga, Biritiba, Jundiaí e Taiaçupeba e fornece água para a Estação de Tratamento de Água Taiaçupeba. Essas represas recebem água de vários tributários, conforme Figura 1.

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Por pertencer à RMSP, a APRM Alto Tietê Cabeceiras apresenta uma característica peculiar: o tipo de uso do solo é predominantemente agrícola, correspondendo a 47,1% da área total (IPT, 2013). O uso expressivamente agrícola faz a região ser conhecida como “Cinturão Verde”. As lavouras começaram a ser estruturadas entre 1915 e 1940, iniciada pelos imigrantes europeus e japoneses que substituíram a mão-de-obra escrava na lavoura de café e posteriormente, arrendaram terras para cultivo de batata e legumes (Sato et al., 2008), além de produtos como café, algodão, cana de açúcar e fumo (Reis, 2016).

A região conta com aproximadamente 5.000 unidades produtivas, segundo dados do último Levantamento Cadastral das Unidades de Produção Agropecuária da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo (SAA/SP, 2008). Há exploração principalmente de olericultura, fruticultura de clima temperado, floricultura e o cultivo de cogumelos comestíveis com destaque para a cidade de Mogi das Cruzes (FIGUEIREDO, 2000).

De acordo com o IBGE (2015), desde 2008, o Brasil ocupa a posição de maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Esses produtos agrícolas podem ser carreados em grandes quantidades para o leito dos cursos d’água no período chuvoso. As atividades agrícolas na região do Alto Tietê estão concentradas ao longo das várzeas dos rios Jundiaí, Taiaçupeba Mirim, Taiaçupeba Açu e Tietê (Moraes, 2005). Com o escoamento dos insumos para as águas dos mananciais e considerando a importância da bacia hidrográfica para o abastecimento humano, torna-se necessário avaliar a qualidade da água na Sub-bacia, principalmente em locais próximos à áreas agrícolas.

Autores: Renata Harumi Muniz dos Santos; Osmar Gregorio Junior e Airton Silva Massari.

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