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Parâmetros físico-químicos e microbiológicos de duas marcas de água mineral comercializadas no município de Vitória da Conquista-BA

Resumo: O presente trabalho teve como objetivo realizar análise físico-química e microbiológica, em duas das principais marcas de água mineral comercializadas na cidade de Vitória da Conquista – BA. As análises microbiológicas quanto a presença de coliformes totais e termotolerantes foram realizadas no laboratório de bromatologia, e os parâmetros físico-químicos de pH, condutividade elétrica, turbidez, teor de sólidos dissolvidos e oxigênio dissolvido foram analisados no laboratório de química da Faculdade Independente do Nordeste. Quanto à análise microbiológica, foi utilizada a técnica de Número Mais Provável (NMP) também conhecida como técnica de múltiplos tubos. As determinações dos parâmetros seguiram a legislação vigente. Os resultados da pesquisa revelaram desconformidades em um dos parâmetros físicoquímicos analisados em ambas as marcas de água mineral, bem como em alguns itens da rotulagem.

Introdução: A água é um recurso hídrico importantíssimo para a sobrevivência dos seres vivos, pois o funcionamento do organismo humano depende de sua presença, assim, além de distribuir os nutrientes pelos diferentes órgãos, ajuda a regular a temperatura do corpo, eliminar as toxinas e impurezas pela urina e transpiração, além de estimular o trânsito intestinal (CASTRO et al., 2010). Através de fontes naturais ou por extração de águas subterrâneas pode-se obter a água mineral natural, sendo caracterizada por sais minerais, oligoelementos e outros constituintes (BRASIL, 2006). De acordo a Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (ABINAM), no Brasil são consumidos cinco bilhões de litros de água mineral todos os anos. A região Sudeste é líder na produção de água mineral no país, com cerca 55% do total da água engarrafada. A região Nordeste está em segundo lugar com quase 860 milhões de litros, liderada pela Bahia e por Pernambuco (BRASIL, 2003a). A fonte mais antiga do Brasil é a de Tebas Imperatriz, em Santa Catarina (LANCIA, 2013). No que se refere à situação das cidades brasileiras, é possível afirmar que estas não apresentam condições de sustentabilidade de água, devido ao rápido crescimento da população urbana, da industrialização e do excesso de poluição doméstica, o que interfere na qualidade de vida da população (MOURA et al., 2009). A água é um composto formado por duas moléculas de hidrogênio e uma molécula de oxigênio, com massa molar de 18,02 g mol-1, densidade a 20ºC, 1atm, de 1,00 g/cm³, ponto de fusão de 0ºC e ponto de ebulição igual a 100º C, ao nível do mar (SANTOS, 2007). Segundo o Ministério da Saúde na Portaria nº 2914, de 12 de dezembro de 2011 (BRASIL, 2011) a água de consumo humano destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal deve ser potável, de qualidade assegurada, livre de contaminação (de origem microbiológica, físico-química e/ou radiativa), não devendo, em hipótese alguma, oferecer riscos à saúde humana. Tratar a água destinada ao consumo é primordial para a saúde da população. A contaminação pode ser transmitida de forma direta ou indireta, pela ingestão ou através de vetores que a utilizam para o seu ciclo biológico (TORRES et al., 1991). As características físico-químicas da água variam com as rochas e terrenos pelos quais percorre enquanto infiltra-se no solo, podendo apresentar alterações devido às condições hidrogeológicas, hidroclimáticas e a biota (CUNHA et al., 2012). Para assegurar a qualidade do produto e a saúde do consumidor, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) lançou a RDC nº 173 de 13 de setembro de 2006 (BRASIL, 2006) que regulamenta as boas práticas para a industrialização e o comércio de água mineral. Através desta, a ANVISA promove normas obrigatórias aos fabricantes de água mineral e determina que eles devam enviar relatórios periódicos às vigilâncias sanitárias estaduais e municipais com informações detalhadas sobre os chamados Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs). Esses procedimentos orientam a maneira que deve ser realizada a captação da água nos poços artesianos, o envase, a rotulagem, o armazenamento das garrafas e galões e o transporte. A fiscalização do cumprimento dessas normas cabe às vigilâncias sanitárias estaduais e municipais (BRASIL, 2006). A RDC nº 274, de 22 de setembro de 2005 da ANVISA (BRASIL, 2005a), determina que as características microbiológicas devam atender ao Regulamento Técnico específico e não devem conter concentrações acima dos limites máximos permitidos das substâncias químicas que apresentam risco à saúde humana, bem como, adota os requisitos adicionais de rotulagem para água mineral. Quanto às propriedades físicoquímicas, a normatização para o consumo de águas define alguns parâmetros como: Potencial Hidrogeniônico (pH), Condutividade Elétrica (CE), Teor de Sólidos Dissolvidos (TSD), Oxigênio Dissolvido (OD) e Turbidez. Os valores de pH estão diretamente ligados a concentração de íons de hidrogênio, H+ , indicando as condições de acidez, neutralidade e alcalinidade. É considerado um parâmetro de caráter operacional importante e deve ser acompanhado para aperfeiçoar os processos de tratamento (SCURACCHIO E FILHO, 2010). As restrições de faixas de pH são estabelecidas para as diversas classes de águas naturais, tanto de acordo com a legislação federal, quanto pela legislação do Estado de São Paulo. Os critérios de proteção à vida aquática fixam o pH entre 6 e 9 (CETESB, 2009). A CE é caracterizada como uma expressão numérica da capacidade de uma água conduzir a corrente elétrica. Já a temperatura desempenha um papel fundamental no meio aquático, condicionando as influências de uma série de variáveis físico-químicas (CETESB, 2009). O TSD determina os níveis de concentração das diversas frações de sólidos. É utilizado nos estudos de controle de poluição das águas naturais, caracterização de esgotos sanitários e de efluentes industriais e no controle de sistemas de tratamento de esgotos, resultando em um quadro geral da distribuição das partículas com relação ao tamanho, sólidos em suspensão e dissolvidos, e com relação à natureza química, fixos ou minerais e voláteis ou orgânicos (TRENTIN E BOSTELMANN, 2010). De acordo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 2009), o OD na água é proveniente da atmosfera ou da fotossíntese de algas. A turbidez e a cor elevada de águas poluídas dificultam a penetração dos raios solares e apenas poucas espécies de algas são resistentes à poluição. A turbidez da água representa o grau de diminuição de intensidade que um feixe de luz sofre ao atravessá-la, devido à presença de sólidos em suspensão, como por exemplo, partículas inorgânicas e detritos orgânicos, tais como algas e bactérias, plâncton em geral (CETESB, 2009). Já a análise microbiológica é composta pela verificação de Coliformes Totais (CTs) e Coliformes Termotolerantes (CTTs) (CETESB, 2009). Os CTs constituem um grupo de bactérias que são caracterizadas como bacilos gram-negativos, aeróbios e anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase negativa, capazes de crescer na presença de sais biliares e que fermentam a lactose com produção de aldeído, ácido e gás a 35ºC em 24 a 48 horas. Os CTTs são micro-organismos do grupo coliforme capazes de fermentar a lactose em altas temperaturas (44-45°C), sendo representados principalmente pela Escherichia coli e, também por algumas bactérias dos gêneros Klebsiella, Enterobacter e Citrobacter. Dentre esses micro-organismos, somente a E. coli é de origem exclusivamente fecal, estando sempre presente, em densidades elevadas nas fezes de humanos, mamíferos e pássaros (JAY, 2005). Diante do exposto, o presente trabalho tem como principal objetivo realizar a análise da qualidade da água mineral de duas das principais marcas comercializadas na cidade Vitória da Conquista – BA, por meio da análise microbiológica e físico-química, além de verificar a conformidade do rótulo com a legislação vigente.

Autores: Talita Alves Almeida; Vanessa Daniele Mottin e Jarbas Rodrigues dos Santos.

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