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Nitrogênio e matéria orgânica em dois rios com diferentes graus de impactos no sistema estuarino de Santos (São Paulo, Brasil)

Introdução: O processo de fixação disponibiliza o nitrogênio à vida com base na ação de um pequeno grupo de bactérias capazes de romper a tripla ligação do N2 (nitrogênio molecular), e assim permitir a existência de formas reativas orgânicas e inorgânicas (Troeh & Thompson, 2007). Em condições aeróbicas o pro¬cesso de nitrificação oxida o amônio (NH4+) a nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-) (Baird, 2002). Já em condições anaeróbicas, a desnitrificação reduz o nitrato a nitrito e amônio, ou o transforma em óxido nitroso (N2O), ou ainda a N2 (Lenzi et al., 2012), equilibrando o sistema. Entretanto, o aumento de formas reativas antropogêni¬cas pode ser uma influência significativa às mudanças climáticas quando ocorridas como N2O, uma vez que esta molécula é cerca de 300 vezes mais “eficiente” na retenção de calor do que o dióxido de carbono (CO2) (Galloway et al., 2008).
O nitrogênio atinge águas costeiras princi¬palmente via deposição atmosférica, efluentes de esgotos, descargas fluviais e fluxo de águas subter¬râneas (Kroeger et al., 2006). No ambiente marinho, os organismos autótrofos assimilam predominante¬mente as formas inorgânicas dissolvidas (nutrientes), como os íons amônio, nitrito e nitrato (Braga, 2002). Em estuários tropicais e subtropicais, manguezais contribuem sobremaneira para o aumento da matéria orgânica no sistema, sendo também importante na ciclagem desses nutrientes, que ocorre tipicamente junto ao substrato (Rezende et al., 2007), onde a comunidade bacteriana é determinante na biodisponi¬bilidade desses íons (Fernandes et al., 2012). Estes frequentemente migram à coluna d´água em função das correntes de marés, expressivamente em regiões de macromaré (Dittmar & Lara, 2001), e/ou em zonas estuarinas de baixa profundidade (Ovalle et al., 1990).
Os despejos de esgotos e as atividades agrí¬colas frequentemente causam a eutrofização desses ambientes pelo aumento do nitrogênio reativo (Mallin et al., 1993; Savage, 2005). O desequilíbrio ecológico ocasionado por estas ações é a principal causa de zonas costeiras mortas, bem como da consequente perda de biodiversidade (Rabelais et al., 2002). Nesse sentido, a quantificação da matéria orgânica e das principais formas de nitrogênio nesses ecossistemas podem revelar desequilíbrios decorrentes de catástro¬fes naturais e/ou antropogênicas.
O N-amoniacal (NH3 + NH4+), gerado em grande escala pela decomposição das substâncias contidas em esgotos sanitários, consome acentuadamente o oxigênio dissolvido (Savage, 2005), além de ser um tóxico bastante restritivo à vida dos peixes em concen¬trações acima de 5 mg.L-1 (Pereira, 2004). O nitrato é a forma nitrogenada mais utilizada na agricultura (Troeh & Thompson, 2007), e seu aumento na água potável pode causar metaemoglobineína infantil, uma doença normalmente letal (Piveli & Kato, 2006).
No sistema estuarino de Santos, a eutrofização das águas dos canais de São Vicente e Porto de Santos é habitualmente avaliada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e pela comunidade científica. Nesses canais, os ciclos biogeoquímicos dos nutrientes são altamente influ¬enciados pelo complexo industrial, esgotos sanitários e atividades portuárias (Braga et al., 2000; Berbel et al., 2015). Já a influência antropogênica na qualidade das águas do canal de Bertioga pouco foi estudada, com destaque apenas para Gianesella et al. (2005), que avaliou a dinâmica de nutrientes em curta escala de tempo.
As características das águas da posição mediana do canal de Bertioga são ainda menos estudadas por ser uma área relativamente mais distante dos centros urbanos, e também por ser um local de difícil navegação devido às baixas profundidades. Essa região do canal de Bertioga recebe a maior drenagem da Ilha de Santo Amaro (Guarujá-SP), principalmente dos rios Maratuã e Crumaú, que apresentam distintos níveis de intervenções antropogênicas. Com base nisso, o objetivo deste estudo foi avaliar sazonalmente e espacialmente a matéria orgânica e as principais formas de nitrogênio inorgânico dissolvido nas águas superficiais desses rios.

Autores: SUTTI, B.O.; BORGES, R.P.; GUIMARÃES, L.L. e SCHMIEGELOW, J.M.M.

Leia o estudo completo: nitrogenio-e-materia-organica-em-dois-rios-com-diferentes-graus-de-impactos-no-sistema-estuarino-de-santos-sao-paulo-brasil

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