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Proposta de implantação da metodologia BIM em concessionária de saneamento: um estudo de caso

Resumo

A otimização dos processos de desenvolvimento de projetos e planejamento no setor de saneamento pode ser realizado através de uma modernização com a implantação da metodologia BIM (Building Information Modeling). Esta metodologia é uma tendência no Brasil e no mundo, inclusive é uma das exigências para contratação de obras públicas em diversos países, o BIM possui funções eficazes no auxílio ao planejamento e aos projetos, proporcionando uma maior qualidade, compatibilidade, economia de tempo e ao projeto, facilidade no entendimento dos mesmos para execução, gerando desta forma economias para execução das obras. Esta pesquisa apresenta um estudo sobre a implantação da Modelagem da Informação da Construção (BIM) na estrutura organizacional e nos fluxos de trabalhos de uma concessionária de saneamento. O estudo foi elaborado através de uma pesquisa documental e revisão bibliográfica sobre o planejamento e processos necessários para implantação desta metodologia em empresas. Elaborando-se um diagnóstico dos processos atuais e analisando as possíveis áreas de inserção do BIM, definiram-se as estratégias de implantação na empresa e ao final elaborou-se um plano de implantação da metodologia na empresa.

Introdução

As obras e serviços de engenharia no setor de Saneamento Básico em geral são complexas e implicam grandes esforços e elevados custos, bem como as ações relacionadas às fases do ciclo de vida das instalações, edificações e empreendimento são de extrema complexibilidade.

O setor de Saneamento tem sido bastante demandado para atendimento às exigências de sustentabilidade e a saúde sanitária, desta forma as empresas prestadoras de serviços tem executado projetos emergenciais para atendimento aos índices de saneamento que em muitas regiões encontram-se defasados. Estes projetos emergenciais em muitos casos são de extrema complexibilidade e necessitam de aplicação de novas tecnologias a fim de atender aos parâmetros exigidos pelos órgãos ambientais.

Para responder a essas demandas, há necessidade de aprimorar os métodos de desenvolvimento de projetos, planejamento de obras e execução de serviços de manutenção, assim como já ocorreu com outras indústrias e setores de infraestrutura, o que de acordo com FUJJI e NUCCI (2016), para isso deve-se realizar a aplicação de tecnologias computacionais e de mudanças nos processos organizacionais.

O BIM, que de acordo com a NBR 15965 (2011) é um acrônimo de Building Information Modeling que significa Modelagem da Informação da Construção, é uma solução para aprimoramento dos métodos de projetos, estabelecendo de uma forma inovadora o gerenciamento dos projetos, antecipando e aumentando a colaboração entre equipes de projeto, reduzindo custos, melhorando a gestão do tempo e aprimorando o relacionamento com o cliente. De acordo com o Caderno BIM da Secretaria de Planejamento do Estado de Santa Catarina (2014, p. 5) ao mergulhar na história, pode-se entender-se como ferramentas e conceitos de modelagem atrelados a um modelo digital 3D parametrizado, e através de um banco de dados é possível coordenar as informações embutidas neste modelo. Sendo assim uma base de dados lógica e consistente, possuindo toda informação útil da edificação e formando assim um repositório de dados compartilhado em todas as etapas do ciclo de vida do empreendimento.

De acordo com Eastman et al. (2014) os conceitos e abordagens hoje identificadas como BIM possuem em média trinta anos, sendo que à terminologia BIM está em circulação a apenas 15 anos, sendo o exemplo mais antigo e documentado sobre as ideias que hoje entende-se como BIM é o protótipo do “Building Description System”, publicado em 1975 no extinto jornal AIA Journal, por Charles M. “Chunk” Eastman, na Universidade de Carnegie-Mellon.

No Brasil, começou-se o processo de adoção do BIM em meados dos anos 2000, sendo a sua implantação objetivo de muitas empresas nos últimos anos, porém são poucas que efetivamente utilizam os modelos para o desenvolvimento completo dos processos de projeto. (SOUZA, et al., 2009).

Para facilitar esta mudança é essencial a definição de um método, onde deve ser incluído o levantamento e mapeamento dos processos internos preexistentes, a definição de objetivos de utilização BIM que acrescentem valor à organização e a inclusão nos processos operacionais existentes da tecnologia BIM e das relações departamentais resultantes. (PERREIRA, 2013).

Esta metodologia pode ser aplicada a diversos setores de produção, porém o setor da construção civil pode ser descrito como centro do processo de difusão da metodologia BIM, mas não pode-se limitar apenas às edificações, pois também alcança as indústrias de produtos, materiais, passando pelos projetos e obras de todos os tipos de infraestrutura, passando pela manutenção, desmonte ou reuso das obras. (KASSEM; AMORIM, 2015).

A metodologia BIM incorpora as funções para modelar o ciclo de vida de uma edificação, proporcionando assim à base de novas capacidades da construção, bem como à modificação das funções e relacionamentos das equipes envolvidas no empreendimento (EASTMAN et al., 2014).

Segundo Underwood e Isikdag (2010) BIM pode ser entendido como um modelo de informações de um empreendimento que possui as informações para dar suporte durante o ciclo de vida da edificação, que são compartilhados diretamente por aplicações informatizadas.

Pode-se observar que a Metodologia BIM é um conceito que está em constante evolução, para tanto podemos definir o termo compreendendo que o mesmo é um processo que estabelece como objetivo básico à colaboração de todos os envolvidos no processo de um projeto. Eastman et al. (2014) estabelece que “O conceito BIM envolve tecnologias e processos cujo objetivo é desenvolver uma prática de projeto integrada, na qual todos os participantes convirjam seus esforços para a construção de um modelo único da edificação. ” O BIM não é apenas um modelo 3D, considera rotinas como à interação entre elementos e suas representações e uma abordagem de componentes virtuais para à representação da construção de um modelo virtual. (ABDI, 2017).

A metodologia BIM incorpora as funções para modelar o ciclo de vida de uma edificação, proporcionando assim à base de novas capacidades da construção, bem como à modificação das funções e relacionamentos das equipes envolvidas no empreendimento (EASTMAN et al., 2014).

De acordo com Manzione (2013) às informações devem estar presentes no BIM a todos os envolvidos no processo, devendo estas informações serem consideradas como “espinha dorsal” de todo este ciclo de vida da edificação. Sendo assim os sistemas ou mecanismos que tem o objetivo de compartilhar estas informações são essenciais para o desenvolvimento das metodologias de gestão.

O ciclo de vida de um empreendimento utilizar em uma metodologia BIM está expresso na figura 1.

metodologia-bim-concessionaria-saneamento

Os projetos elaborados em plataforma CAD (Desenhos assistido por computador) ainda são realidades na maioria das empresas brasileiras, porém com a evolução da tecnologia através de softwares que integram à modelagem da informação da construção (BIM), à disseminação deste assunto já é bem difundida em várias regiões e estas tecnologias já estão sendo presenciadas em muitas empresas da indústria da Arquitetura Engenharia e Construção (AEC). Porém, o processo de implantação desta metodologia ainda não é muito difundido na indústria de saneamento básico, devendo-se destacar que à incorporação desta metodologia em um fluxo de trabalho de uma empresa possui um contexto fundamental de melhoria de processos visando à qualidade dos projetos, tornando o projeto e à execução da obra mais eficaz e econômica, tendo como objetivo à representação clara e objetiva do modelo da edificação ou sistema de infraestrutura que será construído.

Autores: Gustavo Martini; Mariele de Souza Parra Agostinho e Marisa Sueli Scussiato Capriglioni.

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