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Lodo de estação de tratamento de esgoto no cultivo de plantas ornamentais

Resumo: O tratamento do esgoto oriundo da população é de fundamental importância. No entanto, são gerados resíduos que devem ser tratados e dispostos adequadamente de forma a apresentar o menor impacto possível. As regulamentações do gerenciamento de resíduos sólidos, somada ao aumento de sua demanda e a crescente exigência para o desenvolvimento de aplicações sustentáveis para sua disposição de tais resíduos impulsionaram o desenvolvimento de aplicações para este material. Este trabalho visa a aplicação do passivo ambiental, lodo de ETE, como componente de substrato para utilização no cultivo de plantas ornamentais em jardins. Para as análises foram utilizados protótipos confeccionados com materiais reciclados e de baixo custo. As espécies selecionadas para a montagem do experimento foram Lantana camara (lantana, verbena ou camará) e a Arachis repens (grama amendoim) que apresentam fácil manutenção e são comuns nos jardins municipais e residenciais. O desenvolvimento das plantas foi satisfatório e a recomendação do lodo é viável tanto pelo caráter ambiental quanto pelo custo.

Introdução: O tratamento de esgoto doméstico gera resíduo líquido e o lodo, parte sólida, rica em matéria orgânica, nutrientes e micro-organismos (ANDREOLI; PEGORINI, 2003). O descarte desses resíduos representa em torno de 60% dos custos operacionais de uma ETE (VON SPERLING, ANDREOLI e FERNANDES, 2001). Sendo o transporte o item mais oneroso tanto na reutilização quanto na disposição final (GODOY, 2013). No Brasil, a preocupação com a disposição final do lodo de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) é recente, o desafio é encontrar o equilíbrio entre produção, consumo e descarte.No quesito produção estima-se que tende a um aumento progressivo devido ao déficit existente. Em 2013, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS (2014), apenas 56,3% da população brasileira era atendida por rede coletora de esgotos e desses apenas 39% seria tratado. Contudo, isso representa um volume de 3,624 bilhões de metros cúbicos. Von Sperling, Andreoli e Fernandes (2001) afirmam que no máximo 2% desse volume de esgoto tratado é transformado em lodo, ou seja, em resíduos sólidos, o que em conversão gera aproximadamente 5.000 toneladas de lodo por dia. No que tange o consumo e descarte, a promulgação da Lei nº. 12.305 (BRASIL, 2007), que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei de Resíduos Sólidos) e dispõe diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, estabelece que o titular dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos será responsável por “implantar sistema de compostagem para resíduos sólidos orgânicos e articular com os agentes econômicos e sociais formas de utilização do composto produzido” (BRASIL, 2010). Diante das obrigações legais de preservação ambiental na disposição dos resíduos sólidos resultantes do tratamento de esgoto, surge o desafio de encontrar formas economicamente viáveis e ecologicamente seguras, de forma concomitante, para reutilizar o lodo, reintegrando um produto descartado ao ciclo produtivo. Estudos recentes vislumbram a aplicação deste passivo ambiental como insumo agrícola, fertilizante ou mesmo na construção civil (ANDREOLI e PEGORINI, 2003; ROCHA, 2009). Imprimir utilidade ao lodo de ETE, que até então gerava custos para ser dispensado, significa racionalizar a operação do tratamento de esgoto urbano, agregando valor ao que antes seria despesa (GODOY, 2013). Para a utilização agrícola do lodo de ETE é necessário que seus parâmetros de qualidade atendam ao disposto na Resolução CONAMA nº 375 (BRASIL, 2006). Assim, o processo de higienização para a redução de patógenos tornase uma etapa a ser cumprida para a reciclagem agrícola do lodo (ROCHA, 2009). A sua aplicabilidade na agricultura representa uma solução para o problema de disposição e permite a transformação de um resíduo poluidor em um insumo fornecedor de matéria orgânica rica em nutrientes como o nitrogênio, o fósforo e o potássio, e que aumenta a resistência do solo à erosão (ANDREOLI e PEGORINI, 2003). As sugestões encontradas na literatura são para o uso do lodo de ETE proveniente de tratamentos que operam com a tecnologia do reator Upflow Anaerobic Sludge Blanklet (UASB) – Reator Anaeróbico de Fluxo Ascendente e Manta de Lodo. No Estado de Goiás, a empresa Saneamento de Goiás (Saneago) opera 62 sistemas de tratamento de esgoto, sendo dez delas por UASB. O volume de produção de lodo dessas ETEs é de aproximadamente 162 m³/mês e uma produção futura1 de lodo atingirá 262 m³/mês (ROCHA, 2009). Dessa forma, o objetivo desse trabalho é propor a utilização do passivo ambiental lodo de ETE, proveniente do tratamento de esgoto sanitário, como substrato agrícola para uso no cultivo de plantas ornamentais em jardins.

Autores: Alessandra Crispim Canedo; Fernanda Posch Rios e Paulo Sérgio Scalize.

Leia o estudo completo: lodo-de-estacao-de-tratamento-de-esgoto-no-cultivo-de-plantas-ornamentais

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