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Impactos físico-químicos do descarte de rejeito salino em neossolo e chernossolo do Oeste Potiguar, Brasil

Resumo

No nordeste Brasileiro, várias estações de tratamentos por osmose reversa têm sido instaladas a fim de produzir água potável à população rural a partir da perfuração de poços de água salina. Entretanto, o rejeito salino da osmose reversa, geralmente, é descartado diretamente na superfície do solo permeável. Neste estudo, foi avaliado o impacto do descarte no solo do rejeito salino oriundos de dessalinizadores instalados em duas comunidades rurais do Oeste Potiguar, Rio Grande do Norte. Deste modo, realizaram-se quatro campanhas de coletas em distintos períodos do ano para avaliação físico-química do rejeito salino e dos solos receptores no local de disposição (ponto 0) e, a uma distância de 1 e 2 m deste nas camadas de 0-0,2 e 0,2-0,4 m. Além disso, coletaram-se uma amostra de solo da mata nativa (controle). Os dados foram submetidos a testes estatísticos de médias, por Scott Knott, verificando o comportamento dentro dos pontos e camadas de cada período e entre os 4 períodos. As análises dos resultados mostraram que todas as amostras de águas de rejeito se classificaram como C3 ou C4, ou seja, com riscos altos de salinização, necessitando de práticas especiais de controle de salinidade. As diferentes classes de solos receptoras do rejeito salino das comunidades apresentaram alterações significativas dos seus atributos e de sua qualidade ao longo dos períodos, sendo mais evidente nos períodos secos e camadas de solos com maior presença de argila, promovendo classificações distintas para um mesmo solo, influenciadas diretamente pela água de rejeito do processo de dessalinização.

Introdução

Devido à importância da água para a sobrevivência humana e do ecossistema terrestre, a quantidade e a qualidade da água são aspectos fundamentais do ponto de vista socioambiental e, estudos indicam que o planeta enfrenta grandes desafios para manter a qualidade da água e, ainda, atender a demanda crescente por recursos hídricos (MOHAMED; MARAQAA; AL HANDHALYB, 2005).

No semiárido, muitas comunidades rurais enfrentam dificuldades com o acesso à água doce superficial, sendo necessário recorrer às fontes alternativas para suprir as necessidades como, por exemplo, as águas subterrâneas. No Nordeste do Brasil, a maioria das águas subterrâneas é salina, limitando a sua utilização para o consumo doméstico e agrícola. A salinidade ocorre, principalmente, devido ao contato da água no subsolo com as rochas cristalinas que, ocupam cerca de 50% do território nordestino e, ao longo tempo, o terreno cristalino salinizou a água armazenada nos aquíferos (SOARES et al., 2006).

Existem várias tecnológicas para reduzir à salinidade das águas, entretanto, a dessalinização por osmose reversa tem sido amplamente utilizada, com experiências de êxito devido às taxas de recuperação dos sistemas relativamente alta (BLANCO-MARIGOTA; LOZANO-MEDINA; MARCOS, 2017; DARRE; TOOR, 2018), robustez e a simplicidade dos equipamentos. Por essa razão, o governo Federal Brasileiro, por meio de políticas públicas, têm instalado diversas estações de dessalinização por osmose reversa em comunidade rurais do Nordeste, aonde se perfuram poços com água salina, o qual se tornou uma política primordial para garantir o acesso das famílias rurais à água doce.

Deve-se ressaltar que, todo o método de dessalinização é sempre limitado pelos custos de eliminação da salmoura produzida (rejeito salino) e, principalmente, pelos impactos adversos deste resíduo, principalmente em estações de tratamento de grande escala (MOHAMED; MARAQAA; AL HANDHALYB, 2005). Nas regiões costeiras, o descarte do rejeito salino pode ser feito descarregando-se no corpo hídrico vizinho ao oceano (DARRE; TOOR, 2018). Em alguns casos, particularmente para estações de tratamento de pequena capacidade, o rejeito salino é descarregado sobre a superfície do solo e/ou nos corpos hídricos (SANCHEZ; NOGUEIRA; KALID, 2015).

Assim, faz-se necessário investigar os riscos potenciais do descarte do rejeito salino no solo sem o efetivo controle, uma vez que são empregados muitos recursos nesta tecnologia sem que haja a devida atenção aos impactos ambientais da disposição inadequada do resíduo gerado no processo de osmose reversa.

Levando-se em consideração estes aspectos, objetivou-se avaliar a qualidade físicoquímica das fontes hídricas do processo de dessalinização das águas salobras de poços e, quantificar a poluição dos solos receptores do rejeito salino em duas comunidades rurais do Oeste Potiguar beneficiadas com estação de tratamento por osmose reversa.

Autores: André Moreira Oliveira; Nildo da Silva Dias; Gabriela Cemirames de Sousa Gurgel; Lycia Nascimento Rabelo; Mikhael Rangel de Souza Melo e Mikael Varão dos Santos.

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