BIBLIOTECA

Gestão da qualidade da água destinada ao consumo humano na comunidade Gurugi I (Conde/PB)

Resumo

Vários municípios no Brasil não recebem monitoramento necessário para legitimar a qualidade da água destinada ao consumo humano. Um desses municípios é o Conde localizado no estado da Paraíba onde algumas comunidades rurais, a exemplo da comunidade do Gurugi I, apresentam essa condição.

O objetivo deste trabalho é desenvolver ações de avaliação da qualidade da água e educação ambiental, como uma ferramenta de gestão da água de poços amazonas utilizados no consumo humano na comunidade rural do Gurugi I. O monitoramento da água foi realizado através de análises bacteriológicas e físico-químicas e a classificação da potabilidade da água foi obtida através dos parâmetros da Portaria Nº 2914 de 12/12/2011, do Ministério da Saúde.

Este trabalho também visa o desenvolvimento da educação ambiental, bem como orientar a comunidade para a realização de simples tratamentos de águas para alcançar os padrões de potabilidade. Para tal foram realizado conversas com líderes comunitários e moradores, distribuindo material informativo e aplicando um questionário com a intenção de avaliar a consciência da comunidade sobre questões relacionadas a qualidade da água, além de conscientizá-los sobre a importância da mudança de comportamento, visando à preservação do meio ambiente e da qualidade de vida, e promovendo a incorporação social nas ações de discussão e decisão.

Introdução

Na medida em que crescem as populações, aumenta também a necessidade de demanda na oferta de água para humanidade. E associado a outros fatores relevantes, destacam-se os cuidados com o manejo sustentável desse recurso natural e a garantia da qualidade de vida. E nesse contexto, uma das maiores preocupações está em assegurar a oferta da água pelo simples fato de ser uma substância essencial à vida de todos os seres vivos.

A qualidade da água destinada ao consumo direto é essencial para manutenção da vida, pois sem a água, não é possível executar as mais simples tarefas do cotidiano, como preparação de alimentos, higiene pessoal, dentre outras atividades. E apesar do acesso a esse bem natural, constata-se que sua qualidade, na maioria das comunidades rurais, não atende aos padrões estabelecidos pela Portaria n° 2.914/2011, legislação vigente do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo.

Segundo dados da I Conferência de Saúde Ambiental, Saúde e Ambiente, Vamos Cuidar da Gente, o Brasil é o país com maior disponibilidade de água no mundo, com vazão superior a 180 mil m3 /s (BRASIL, 2010a), embora exista uma grande disparidade na distribuição dentro do seu território, pois 81% estão concentrados na região hidrográfica amazônica, onde está o menor contingente populacional, cerca de 5% da população brasileira e a menor demanda. Nas regiões hidrográficas banhadas pelo Oceano Atlântico, que concentram 45,5% da população do País, estão disponíveis apenas 2,7% dos recursos hídricos do Brasil (ANA, 2014).

No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) de 2008 (IBGE, 2010) mostra que 33 municípios não possuem abastecimento de água por rede geral, tendo como principais fontes alternativas os poços particulares e os carros-pipa. Agravando ainda mais essa situação soma-se a existência de várias pressões que alteram negativamente a situação do ambiente, atingindo as populações vulneráveis e podendo acarretar efeitos adversos sobre a saúde (BRASIL, 2011b).

A vulnerabilidade das populações em ambientes sem fornecimento de água ou sem os demais componentes do saneamento amplia-se pela soma das populações que utilizam água sem qualquer tipo de monitoramento da qualidade e tratamento, vinda de diferentes tipos de mananciais de abastecimento. Uma informação importante referente aos mananciais de abastecimento, e que condiciona o tratamento e a potabilidade, é que a maior parte desses mananciais é superficial: rios, riachos, igarapés, barragens, açudes etc.; além de poços abertos, tipo amazonas, ou freáticos (BRASIL, 2010).

Nesse contexto, tendo em vista que as águas de consumo doméstico, na maior parte das comunidades rurais, não recebem nenhum tipo de tratamento e não são monitoradas quanto aos aspectos físico-químicos e bacteriológicos, o monitoramento da qualidade da água e seu tratamento prévio são de fundamental importância para o consumo humano, pois atribui à água parâmetros avaliativos de qualidade de vida e assegura sua potabilidade.

Por isso, é de fundamental importância à realização de estudos que avaliem a qualidade da água utilizada pelas comunidades rurais que ainda não dispõem de sistemas de tratamento, com a finalidade de se verificar a adequação às exigências da legislação vigente e se observar se há comprometimento de suas características microbiológicas e físico-químicas, uma vez que é sabido que somente com a oferta de uma água de qualidade será possível garantir à população o atendimento aos requisitos de segurança e saúde ambiental.

Em se tratando de comunidades rurais, estas precisam desenvolver habilidades, sensibilidades, conhecimentos e procedimentos para assim, melhorar a qualidade da água de consumo humano. Assim, a implementação de estratégias de educação ambiental que busquem conscientizar essas comunidades sobre a importância da preservação das águas para a melhoria da qualidade de vida, valorizando o conhecimento local, a participação da comunidade e o conhecimento de suas necessidades, entre outras, pode contribuir para assegurar à oferta e o acesso à água potável.

Levando em consideração que alguns municípios no Brasil não recebem monitoramento necessário quanto a qualidade da água, podemos destacar como exemplo a comunidade do Gurugi I, localizada na zona rural do município do Conde – PB. Trata-se de uma comunidade de descendência quilombola, que está representada por aproximadamente 300 a 350 habitantes, onde a maioria apresenta baixa renda. Ela é desprovida de diversos serviços públicos essenciais, a exemplo do saneamento básico e distribuição de água tratada. Para suprir a ausência da distribuição d’água, os moradores, juntamente com as lideranças comunitárias, construíram um poço de 120 m de profundidade.

A água do poço abastece três reservatórios da comunidade. Assim, a pesquisa pretendeu avaliar a qualidade da água destinada ao consumo humano e trabalhar a educação ambiental, como ferramentas de gestão da qualidade da água de poços amazonas usado nessa comunidade.

Autores: Thayna Maria Costa Fernandes de Moura; Aline Silveira dos Santos Silvestre; Maria Deise das Dores Costa Duarte; Antônio Cícero de Sousa e Alex da Silva Santos.

agua-destinada-ao-consumo-humano

ÚLTIMOS ARTIGOS: