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Caracterização física, química e microbiológica dos efluentes industriais da Baía Catalina – Magallanes, Chile

Resumo: Os efeitos da descarga de resíduos industriais líquidos de fábricas processadoras de pescado e matadouros, localizadas na zona costeira de Baía Catalina – Magalhães, Chile foram estudados considerando aspectos físicos, químicos e microbiológicos. Os dados de nitrogênio total, óleos e graxas, coliformes fecais, sólidos suspensos e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), apresentaram aumentos em relação a estudos similares realizados em 1992. Altos teores foram detectados principalmente para coliformes fecais (média: 42266,96 NMP/100ml), sólidos em suspensão (média: 296,28 mg.L-1) e óleos e graxas (média: 98,04mg.L-1), em decorrência de descargas da indústria Estrecho. A carga média diária registrada em relação à DBO apresentou também um alto teor (34050,72 g.d-1), com uma média de 806 mg.L-1, contudo menor quando comparada a outros tipos de efluentes industriais. A DBO apresentou alta correlação com os coliformes fecais (r=0,926). Os altos níveis nas descargas de poluentes não se refletem no corpo de água costeiro receptor no estudo realizado, fato atribuído provavelmente às boas condições de circulação litorânea, ventos, salinidade e baixa temperatura.

Introdução: A zona costeira constitui aproximadamente, 10% da superfície total dos oceanos, nela se incluem todos os mares interiores e os estuários, etc. As propriedades das águas costeiras dependem principalmente da atividade antropogênica. A maior parte dos poluentes é encontrada nesta zona (Domenech, 1995). Porém, os maiores problemas de degradação ambiental e poluição marinha, são observados em um tipo de corpo de água chamado Baía, fundamentalmente como conseqüência de suas condições dinâmicas, da sua capacidade produtiva, e dos conflitos derivados de seus usos múltiplos que são verificados nestes sistemas (Arcos, 1993). Nestes sistemas são vertidos grande variedade de produtos, como águas residuais urbanas, com uma carga importante de matéria orgânica, metais pesados, fertilizantes, pesticidas e, outros tipos de resíduos, como são os industriais, petróleo e derivados, substâncias radioativas, material inerte, etc. Segundo Domenech (1994), as águas residuais incorporam dejetos orgânicos de origem antropogênico, como por exemplo: os detergentes. Os rios são a principal fonte de aporte de resíduos (55%), 28% destes resíduos são vertidos diretamente pela indústria, 14% são de origem urbana, e 3% procedem de atividades agrícolas, o restante 5% corresponde à soma de outras pequenas fontes (Domenech, 1994). Existe grande número de indústrias nas quais de uma ou outra forma é utilizada a água, de maneira tal que, ao terminar o processo industrial o liquido usado tem sido degradado por adição de substâncias ou características físicas contaminantes. Segundo Seoanez (1996), esta situação é principalmente importante em determinadas indústrias como: química, metalúrgica, têxtil, pesqueira e matadouros, etc.; já que as substâncias tóxicas presentes em seus vertidos são dificilmente biodegradáveis e precisam de um tratamento intenso. O resíduo industrial liquido (RIL), se define como o efluente residual vertido das instalações do estabelecimento industrial, com destino direto aos sistemas públicos de coleta das águas servidas (esgotos) ou corpos receptores. Adicionalmente, as descargas de determinados RILes sem tratamento, incorporam aos corpos receptores componentes orgânicos que demandam uma maior quantidade de oxigênio para sua decomposição, diminuindo notavelmente a disponibilidade deste elemento, vital no desenvolvimento de espécies aquáticas (Rudolph, 1995). A região de Magallanes, especificamente a cidade de Punta Arenas, é um importante pólo urbano, moderno e em pleno desenvolvimento. Constitui a capital regional do estado de Magallanes com aproximadamente 180.000 habitantes. Na zona da Baía Catalina (Figura 1), há importantes atividades econômicas, entre as quais é possível destacar a indústria da pesca e os matadouros, com importantes empresas processadoras dos recursos extraídos na região, sendo o produto final principalmente: Pescado congelado, crustáceos, equinodermos e moluscos congelados e em conservas etc., e a tradicional gama ovina, a qual é processada em matadouros e frigoríficos. O vertido de resíduos líquidos provenientes destas indústrias se incrementa ao aumentar o número de plantas que se instalam no setor. Mudam as condições ambientais da área, produzindo-se um empobrecimento da qualidade do corpo de água receptor e alterações no metabolismo da Baia. Os vertidos líquidos (RILes) da industria pesqueira da região de Magallanes são muito concentrados em matéria orgânica, no tempo e no espaço, posto que: – existe um período ótimo de captura; a pesca é sazonal e geralmente mais concentrada em alguns meses durante a primavera e verão. – as descargas são massivas; a totalidade do volume capturado pelos barcos é descarregada em poucas horas.
as plantas processadoras estão muito próximas, dentro da Baía Catalina. Estes vertidos estão compostos principalmente por proteínas e lipídeos, similar a outras indústrias de alimentos e, as vazões utilizadas são altas. Normalmente, o vertido na descarga convencional do pescado varia entre 5 a 11 m3 .ton de pesca e o vertido do processo varia entre 2 e 10m3 .ton de pesca (Sernapesca, 1998). Os estudos relativos aos impactos ambientais dos resíduos líquidos industriais nesta zona normalmente são feitos a cada uma década, sendo o último efetuado durante a primavera de 1992. Nesse estudo as indústrias controladas apresentaram altos teores em variáveis como óleos e graxas, DBO e sólidos em suspensão, sendo concluído que era necessária uma maior freqüência nos controles dessas indústrias. Neste contexto o presente trabalho visou registrar e analisar as características dos efluentes e o corpo de água receptor em um período intermédio, principalmente nas indústrias com maior produção no setor, e em um período (mês de setembro) também de máxima produção. O objetivo principal foi correlacionar o provável impacto primário dos efluentes dos emissários ou descargas das indústrias pesqueiras e matadouros do setor, nas águas costeiras da Baía Catalina, desde o ponto de vista físico-químico e microbiológico. (…)

Autores: Carlos DELGADO NORIEGA e Maria Soledad ASTORGA ESPAÑA.

Leia o estudo completo: caracterizacao-fisica-quimica-e-microbiologica-dos-efluentes-industriais-da-baia-catalina-magallanes-chile

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