Transformação de resíduos da produção de alimentos em matéria-prima evita desperdícios, aproveitando quase tudo do processo de ‘desmontagem do boi’
Do sebo bovino à hemoglobina, nada se perde no processo de produção de carne bovina da JBS. Maior indústria de alimentos do País, a companhia aproveita 99% dos materiais de cada animal processado, mostrando como a economia circular evita desperdícios e ajuda o meio- ambiente com rentabilidade.
“Para cada resíduo temos que achar uma destinação e tratar de agregar valor e não poluir o meio ambiente”, conta Nelson Dalcanale, presidente da JBS Novos Negócios, a companhia do grupo que ficou responsável por converter em super produtos os subprodutos do abate que alguns pensariam em descartar.
Com mais de 6 mil colaboradores, a JBS Novos Negócios conta com 13 linhas de negócios, uma variedade de portfólio que ilustra ao mesmo tempo a complexidade e a beleza do processo de transformação de resíduos em materiais úteis.
A hemoglobina e os ossos, por exemplo, se tornam matéria-prima para a produção de ração. O couro é outro campeão da economia circular, seja na confecção de calçados, bolsas, estofados – automotivos ou moveleiros – ou na produção de colágeno (um subproduto da derme bovina).
“Transformamos subprodutos e materiais não aproveitados do processamento da carne bovina, suína e de aves em produtos de alto valor agregado em áreas como biodiesel, insumos fármacos e materiais de higiene e limpeza”, acrescenta Dalcanale.
No Brasil, o biodiesel é um caso emblemático. A partir do sebo bovino, a Biopower – companhia que faz parte da JBS Novos Negócios – se transformou em uma das maiores indústrias do biocombustível no País.
Todos os anos, a Biopower produz cerca de 550 milhões de litros de biodiesel, evitando a emissão de cerca de 910 mil toneladas em equivalente de CO2.
Com esse programa, evitou a poluição de 900 bilhões de litros de água, volume que abasteceria o equivalente a 36 milhões de caminhões-pipa com capacidade de 25 mil litros cada. Para se ter uma ideia, a quantidade seria capaz de abastecer a cidade de São Paulo por cerca de um ano e oito meses, com base em cálculo com dados da Sabesp e IBGE do consumo per capta e da população do município.
“Os resíduos são comprados a preço de mercado. Para nós, o retorno ambiental que geram é maior do que o valor em receita”, resume o presidente da JBS Novos Negócios.
A estratégia inclui ainda o reuso de matérias-primas como plástico e esterco – que vira fertilizante.
A partir da Ambiental, outra companhia ligada à área de Novos Negócios, o reaproveitamento virou um modelo de negócios. Em dez anos, a companhia reciclou mais de 40 mil toneladas de plásticos, transformados em embalagens e até mesmo em pisos e telhas.
De litro em litro, de resíduo em resíduo, a economia circular muda o planeta.
Fonte: TheAgriBiz