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Finlândia investe em biocombustível revolucionário que pode substituir o carvão

Finlândia investe em biocombustível revolucionário que pode substituir o carvão

A Finlândia está liderando iniciativas sustentáveis com investimentos em biocombustíveis com carbono negativo, uma solução promissora para substituir o carvão e reduzir emissões.

Uma transformação silenciosa está acontecendo na Finlândia. O país europeu investiu muito na maior fábrica de torrefação do continente, que está prestes a entrar em operação, prometendo mudar o futuro dos combustíveis e do carvão.

Capaz de produzir 60 mil toneladas por ano de briquetes (blocos compactados feitos a partir de materiais residuais), NextFuel, a fábrica representa um avanço na busca por alternativas energéticas mais limpas e sustentáveis.

A torrefação, processo térmico que converte biomassa em uma substância parecida com carvão, está ganhando importância como uma solução viável para indústrias intensivas em energia, como a de cimento, geração elétrica e até mesmo o setor aéreo.

O momento não poderia ser mais oportuno. Com o término da COP29, realizada na semana passada, e o Brasil no centro das discussões para 2025, o mundo volta os olhos para alternativas que reduzam as emissões de carbono.

O papel da Torrefação na Redução de Emissões – Vai substituir o carvão?

A urgência em encontrar substitutos ao carvão nunca foi tão grande. O consumo global dessa fonte fóssil atingiu um recorde de 8,7 bilhões de toneladas no último ano, mostrando que a transição para fontes limpas ainda é um desafio.

Para Wei-Hsin Chen, pesquisador da Universidade Nacional Cheng Kung, de Taiwan, a torrefação é promissora porque oferece combustíveis que podem ser usados na infraestrutura já existente, facilitando a substituição do carvão sem grandes investimentos.

Esse potencial chamou a atenção de empresas como a NextFuel, um consórcio escandinavo-austríaco que, desde 2016, desenvolve tecnologias para tornar os biocombustíveis viáveis em larga escala. “Para competir com o carvão, é necessário ser escalável, lucrativo e próximo em conteúdo energético”, explica Audun Sommerli Time, cofundador da NextFuel.

Segundo ele, os briquetes produzidos pela empresa têm poder calorífico entre 22 e 28 gigajoules por tonelada, quase equivalente ao carvão, que varia entre 24 e 31 gigajoules.

Grama elefante: A Matéria-Prima do futuro

Entre as principais matérias-primas exploradas pela NextFuel está o capim-elefante, conhecido cientificamente como Miscanthus × giganteus.

Capaz de crescer até quatro metros de altura em apenas uma estação, essa planta possui alta produtividade e pode ser cultivada em terras marginais.

Estudos mostram que substituir terras aráveis por plantações de capim-elefante poderia sequestrar entre duas e três toneladas métricas de carbono por hectare anualmente.

Além disso, os briquetes NextFuel apresentam uma vantagem crucial: podem ser utilizados em instalações projetadas para carvão, sem a necessidade de adaptações caras ou demoradas.

“A transição energética precisa ser prática e econômica”, destaca Time.

“Nosso produto elimina a necessidade de construir novas redes de infraestrutura, facilitando sua adoção por governos e indústrias.”

Expansão global e Impacto Local

Com a fábrica de Joensuu prestes a iniciar suas operações, a NextFuel já planeja novos empreendimentos. Um cliente na África Oriental está desenvolvendo instalações que utilizarão capim-elefante e resíduos agrícolas para produzir até 1,5 milhão de toneladas de briquetes por ano.

A meta é substituir o carvão em toda a região, que atualmente depende de importações da África do Sul.

Segundo Araya Asfaw, pesquisadora da Universidade de Addis Ababa, a ideia é promissora. “A torrefação pode oferecer energia limpa e sustentável, enquanto protege ecossistemas locais. No entanto, é difícil imaginar que substitua totalmente os combustíveis fósseis no curto prazo.”

Para ela, o maior impacto será no uso doméstico de energia, que representa 80% da demanda em países como a Etiópia.

A varsatilidade dos resíduos agrícolas

Um dos diferenciais da tecnologia da NextFuel é sua capacidade de transformar diversos tipos de biomassa em biocombustível.

Na América do Sul, especialmente no Brasil, resíduos de cana-de-açúcar podem ser utilizados; nos Estados Unidos, palha de trigo e milho são alternativas viáveis; enquanto na Índia, a palha de arroz pode ser aproveitada. Essa flexibilidade amplia o alcance do produto e incentiva uma economia circular baseada no reaproveitamento de resíduos locais.

Outro avanço promissor é a possibilidade de converter briquetes em combustíveis líquidos, como o querosene de aviação sustentável, por meio do processo Fischer-Tropsch. Essa tecnologia poderia atender a um dos setores mais difíceis de descarbonizar: o transporte aéreo.

O papel da União Europeia

A União Europeia é uma das regiões que mais investe na transição energética. Até 2030, todos os países-membros precisam substituir 29% de sua matriz energética de transporte por fontes renováveis. Nesse contexto, biocombustíveis avançados como o NextFuel têm grande potencial para atender às exigências.

A ambição da NextFuel vai além. “Queremos que nosso combustível seja o próximo grande passo após os combustíveis fósseis dominarem os últimos dois séculos”, afirma Time.

Embora o caminho para essa transformação ainda seja longo, ele acredita que é possível criar um futuro mais sustentável com um número crescente de fábricas NextFuel.

Fonte: CPG


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