Diversas ondas já atingiram os processos de produção empresariais, desde o conceito de qualidade total até a série ISO. Esses sistemas já se tornaram parte integrada de grandes empresas e hoje, além de obter bens e serviços com menor custo e melhor qualidade, exigir de fornecedores a gestão ambiental e da qualidade, pesquisa-se uma forma de avaliar o melhor custo-benefício não somente para a empresa, mas também para o ambiente.
O desenvolvimento sustentável tem colocado, debruçados sobre fluxogramas operacionais, desde executivos até operadores, buscando formas de adequar a empresa a essa crescente demanda, dessa forma, era necessária uma forma de avaliar o impacto de bens ou serviços no ambiente. A análise de ecoeficiência pode ser uma maneira comprovada de realizar essa tarefa. Esse estudo utiliza o sistema de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), metodologia desenvolvida na década de 1990 que analisa o impacto de produtos, processos, sistemas ou serviços diversos, ao longo de todo o seu ciclo de vida. Essa ACV é realizada e comparada com outros bens ou serviços alternativos que tenham basicamente a mesma função. Será mais ecoeficiente a alternativa que satisfazer as necessidades do cliente, causando menor impacto, no ambiente e nos custos.
A avaliação de ecoeficiência é realizada pela Fundação Espaço Eco, uma ONG da BASF S/A, cuja missão é promover o desenvolvimento sustentável na sociedade transferindo conhecimento e tecnologia, especialmente pela aplicação de soluções em ecoeficiência, mas também em projetos de educação ambiental e reflorestamento. Segundo Sonia Karin Chapman, diretora presidente do Espaço Eco, o intuito da fundação é auxiliar o desenvolvimento de seus contratantes. “A análise de ecoeficiência é uma ferramenta de melhoria contínua” cita.
Conceito da Ecoeficiência
Conceitualmente, a ecoeficiência consiste em utilizar melhor os recursos naturais e energéticos disponíveis, poluir menos, causar menor impacto negativo à saúde e trazer mais qualidade de vida para as pessoas. Portanto, significa melhorar o desenvolvimento humano, mantendo ainda a saúde financeira dos empreendimentos e atividades econômicas, que mantêm a sociedade em contínuo desenvolvimento. “A análise de ecoeficiência é uma ferramenta desenvolvida para traduzir esse conceito em prática” menciona Sueli Aparecida de Oliveira, especialista em ecoeficiência do Espaço Eco.
O estudo de ecoeficiência é baseado na ACV, que compreende a análise dos possíveis impactos ambientais do objeto de estudo, desde o recurso primário da natureza utilizado na matéria prima, ou como matéria prima, passando por todas as etapas de transformação, o uso e a disposição final. Antigamente podia se referir a essa etapa como avaliação do berço ao túmulo. Contudo, atualmente utiliza-se a expressão do berço ao berço, pois o resíduo final de um produto pode ser a matéria prima de outro material. Dessa forma, o uso de recursos naturais é otimizado, pois toda a água e energia proveniente de outro processo são incorporadas na produção de um novo item.
Indicadores
Durante a ACV são mensurados seis principais indicadores: Consumo de energia, consumo de recursos naturais, uso da terra, potencial de risco, toxicidade potencial das substâncias utilizadas e emissões, efluentes e resíduos gerados. Esses indicadores formam uma pegada ecológica que reflete a situação de cada processo avaliado e indica oportunidades de melhoria em cada um.
A conversão desses indicadores em números comparáveis fornece dados para tomada de decisões estratégicas, possibilitando o desenvolvimento de produtos e processos. Sonia Chapman complementa: “Quando você consegue mensurar suas atitudes, o gerenciamento fica mais fácil”.
Aplicação
Após a etapa de identificação e quantificação dos indicadores, esses resultados são colocados em uma matriz cuja abscissa é o impacto ambiental negativo e a coordenada é relacionada a um fator econômico, por exemplo, o custo de produção de cada alternativa em comparação.
Cases
Uma análise de ecoeficiência foi realizada comparando quatro recipientes diversos de água mineral verificando qual seria a melhor alternativa para o consumo de 1000 litros. As alternativas analisadas foram: Dois recipientes de 5 litros cada (descartável), 6 de 1,5 litros cada (descartável), 12 de 0,7 litro (reutilizável) e 12 de 1 litro (descartável). Na figura 1 está o resultado da análise do ciclo de vida de cada tipo de recipiente, através da figura nota-se as diferenças de impacto ambiental entre eles. A avaliação foi realizada considerando que o consumidor estivesse 300 km distante do local onde a água foi engarrafada.
Somente através da avaliação do ciclo de vida, não é possível verificar exatamente qual alternativa é melhor. Contudo, após a inserção dos resultados da ACV na matriz de ecoeficiência, Figura 2, nota-se um posicionamento melhor entre as alternativas.
O resultado da garrafa de 0,7 litro é o mais baixo, o conjunto de 12 recipientes de 1 litro tem o maior custo. Os recipientes de 1,5 litros e de 5 litros tem o menor impacto ambiental, contudo o recipiente de 5 litros possui os menores custos, sendo assim, o mais ecoeficiente.
A análise de ecoeficiência pode ser realizada em diversos produtos, processos ou serviços. Outro exemplo envolve a astaxantina, um carotenoide responsável pela característica coloração rosada do salmão. Na natureza, os salmões obtém esse elemento através da cadeia alimentar, contudo, em criações confinadas esse elemento deve ser fornecido juntamente com a ração. O estudo de ecoeficiência demonstrou que a produção de astaxantina por síntese química é claramente mais ecoeficiente que a produção por fermentação de microrganismos ou o cultivo por algas.
Ferramenta para a Gestão
A avaliação de ecoeficiência pode ser utilizada para como uma ferramenta de gestão, identificando oportunidades de melhoria em processos. Comparar diferentes produtos que satisfazem as mesmas necessidades, demonstrando a ecoeficiência de diversas alternativas. Pode ainda comparar diferentes gerações do mesmo produto para demonstrar a evolução ambiental e econômica e as vantagens resultantes para o consumidor final.
Lugares distintos, impactos diversos
A análise de ecoeficiência é uma metodologia variável, ou seja, uma avaliação feita na Alemanha poderá indicar um produto como o mais ecoeficiente, contudo, uma análise realizada no Brasil, sob parâmetros equivalentes, poderá indicar outro. Isso ocorre porque a análise é regional, ou seja, fatores externos às características pertencentes ao produto como a matriz energética, meios de transporte, ou a capacidade de reciclagem de materiais da região poderão interferir nos resultados.
Sustentabilidade
Portanto, a avaliação de ecoeficiência é uma ferramenta quantitativa que auxilia na mensuração da sustentabilidade. É um instrumento estratégico para tomada de decisões, pois são avaliados fatores que asseguram o equilíbrio entre a economia e o ambiente, dois dos pilares do desenvolvimento sustentável.
Para mais informações contate Sonia Chapman, diretora presidente e Sueli Aparecida de Oliveira, especialista em ecoeficiência, ambas da Fundação Espaço Eco da BASF, através do e-mail comunicaçã[email protected].
Autor: Walter L. Shultz
Empresa: Hydration Technology Innovations
Site: www.htiwater.com
Email: [email protected]
Fonte: Pollution Engineering – Edição 07/2010 – http://www.sfeditora.com.br