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A amônia nos sistemas de criação de peixes e seus efeitos sobre a qualidade da água

Resumo

O nitrogênio é considerado um dos elementos mais importantes no metabolismo de ecossistemas aquáticos, em razão de sua participação na formação de proteínas, podendo atuar como fator limitante da produção primária desses ecossistemas e, em determinadas condições, tornar-se tóxico para os organismos aquáticos. Dentre os compostos nitrogenados dissolvidos na água, encontra-se uma forma ionizada, NH4 +, denominada íon amônio, ou simplesmente amônio, e outra não ionizada, NH3, amplamente conhecida como amônia. As duas formas juntas constituem a amônia total, ou nitrogênio amoniacal total. Quanto mais elevado for o pH, maior será a porcentagem da amônia total presente na forma NH3, não ionizada (forma tóxica). Os compostos nitrogenados incorporados à água, na piscicultura intensiva, provêm, principalmente, da alimentação. A amônia é um composto resultante do catabolismo de proteínas, sendo encontrada em baixos níveis no início das criações, quando a biomassa é ainda pequena. Com o aumento da biomassa, o nível de amônia aumenta proporcionalmente ao aumento da quantidade de alimento fornecido. O controle da quantidade e da qualidade do alimento, bem como o controle adequado do fluxo da água, são de fundamental importância para a manutenção da qualidade da água de um sistema artificial de criação. Nesta revisão reunem-se informações extraídas de diversos trabalhos, enfatizando a importância da amônia na qualidade da água em sistemas de criação de peixes.

Introdução

Inúmeros fatores interferem na qualidade da água, o que exige a realização de estudos detalhados dos processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem tanto em sistemas naturais quanto em artificiais, destacando-se a importância dos ciclos biogeoquímicos para o entendimento do ecossistema aquático (CARMOUZE, 1994).

No ambiente aquático, o nitrogênio pode ser encontrado sob diferentes formas, dentre outras, a de nitrito, nitrato, amônia, óxido nitroso e amoníaco. A quantidade e a natureza de seus compostos muitas vezes determinam a produtividade total do sistema aquático, e, em alguns casos, a disponibilidade desses compostos controla a biomassa algal. (SIPAÚBATAVARES, 1998).

Segundo BOYD (1992), os fertilizantes utilizados em tanques de criação geralmente contêm nitrogênio nas formas de amônia e nitrato. A acumulação dessas formas inorgânicas constitui um dos principais obstáculos para o desenvolvimento intensivo de peixes (KOCHBA et al., 1994). OLÁH e SZABÓ (1986) estudaram o ciclo do nitrogênio em tanques de peixes cobertos com macrófitas aquáticas e verificaram que, quantitativamente, a fonte mais importante de nitrogênio para a síntese de proteína foi a amônia assimilada pelo plâncton.

A assimilação de compostos nitrogenados pelo fitoplâncton pode acarretar crescimento descontrolado dessa comunidade, provocando florações de algas no ambiente. Como discutem PAERL e TUCKER (1995), tais florações, que ocorrem devido ao manejo inadequado de fertilizantes químicos, provocam graves problemas à qualidade da água.

De acordo com KUBITZA (1999), florações de algas ocorrem porque fertilizantes nitrogenados amoniacais, como sulfato de amônia, nitrato de amônia, fosfatos e uréia, contribuem para o aumento da concentração de amônia na água.

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Autores: Lilian Paula Faria Pereira e Cacilda Thais Janson Mercante.

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