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Produção de H2V tem alto consumo de água e energia

Produção de H2V tem alto consumo de água e energia

Produção de 1 kg de H2V usa energia equivalente a um terço do consumo médio mensal de uma residência

O hidrogênio verde pode ser considerado mais sustentável em relação a outros tipos de combustíveis, já que não emite gás carbônico na produção e utiliza energia renovável. No entanto, especialistas alertam para o alto consumo de energia elétrica e de água no processo de produção do H2V. Para produzir 1 kg de hidrogênio verde são necessários 58 kWh – o equivalente a um terço do consumo médio mensal de uma residência, que fica em torno de 150kWh. Os dados são do Instituto Alberto Luiz Coimbra de pós-graduação e pesquisa de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), a partir do aparelho que faz a eletrólise (quebra da molécula) na planta de produção de H2V que a instituição mantém.

Hoje, a energia elétrica responde por 75% do custo de produção do hidrogênio verde, calcula Ricardo Ruther, coordenador de uma usina experimental de produção de H2V na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Há estudos para melhorar a eficiência dos eletrolizadores e usar menos energia.

Além de energia elétrica, são necessários 9 litros de água com alto grau de pureza para produzir 1 kg de H2V, afirma Andrea Santos, coordenadora do projeto e professora na UFRJ.

“O grau de pureza da água é compatível com água desmineralizada. É água realmente pura, não é a que sai da torneira, e tem que ter um tratamento robusto. Para operar no sistema, a água não pode ter nenhum tipo de impureza e ainda precisa ser de baixa condutividade”, explica Santos.

Alto consumo de água preocupa ambientalistas em regiões como o Nordeste, onde o boom de energia renovável aumenta tensões hídricas.

“A principal preocupação ambiental da produção do H2V é que precisamos pensar de onde vem essa água. Ainda existe o mito de que o Brasil é abundante em água e riquezas naturais. Sim, temos, mas a água não é infinitiva e o cenário de mudanças climáticas coloca em algumas regiões uma extrema preocupação a respeito da disponibilidade desse recurso”, afirma Cristina Amorim, que coordena o projeto Nordeste Potência, que analisa os impactos de iniciativas de energia renovável na região.

Ruther, da UFSC, afirma que é necessário evitar o caso dos bicombustíveis, cuja produção, segundo alguns críticos, compete com a de alimentos.

“Quando se começa a tirar água de consumo humano para fazer hidrogênio, e ainda mais para exportar, a confusão começa a crescer”, avalia.

Desafios e Perspectivas da Produção de Hidrogênio Verde no Brasil

Entretanto, já há estudos para a utilização de água de reuso no processo de produção do H2V. Cagece prioriza água de reuso para o Hub do Hidrogênio Verde no Complexo Industrial Portuário do Pecém, no Nordeste.

Érica Marcos, da CNT, vê no uso de água de reuso não só benefícios para o H2V, mas também para melhorar saneamento.

“Se para cada ponto estruturante de saneamento houver uma fonte geradora de combustível, eu amplifico a fonte, distribuo melhor e ainda fomento a expansão do saneamento básico, que é totalmente atrelada à saúde”, defende ela.

Estudos para usar água do mar dessalinizada visam hidrogênio verde, mas o alto custo pode inviabilizar sua produção viável.

“Para os parques eólicos off-shore [em alto mar] talvez a conta feche, mas ainda não há nada desenvolvido, só projetos-piloto. E o que fazer com o sal que sobrar?”,questiona Rosana Santos, diretora executiva do Instituto E+ Transição Energética.

Atualmente, o H2V custa 3-4 vezes mais que o hidrogênio cinza, segundo Leandro Bertoni, VP da Schneider Electric na América do Sul.

“Isso se deve principalmente ao custo das fontes renováveis e ao custo muito alto dos eletrolisadores atuais”, explica. A expectativa é que o custo do H2V, que hoje varia de US$ 5 a US$ 7 por quilo, caia em 80% na próxima década, conforme o gerente de novas energias e tecnologias da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), Alejandro Block Novelo. “Na verdade, mesmo nos Estados Unidos, há um desafio de reduzir o custo do hidrogênio para menos de US$ 1/kg”, afirma Novelo.

Fonte: Valor


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