“Noronha está à beira do colapso no abastecimento”, disse empresário
O empresário João Maria Melo mora em Fernando de Noronha há 28 anos e é dono de pousada. João Melo já foi presidente da Associação de Pousadeiros da ilha e também do Conselho de Turismo. No passado trabalhou como técnico de bombas na Companhia Pernambucana Saneamento (Compesa).
Nesta terça-feira (18), o pousadeiro resolveu denunciar a má qualidade da água disponível para o consumo da população local e ainda fez um alerta: “Noronha está à beira do colapso no abastecimento”, disse o empresário.
João Maria adquiriu um equipamento, chamado de precipitador, que analisa a água. O pousadeiro aferiu a qualidade da água do dessalinizador da Vila do Trinta, o líquido é usado para consumo dos moradores, incluindo os estudantes da Escola Arquipélago. Segundo a Compesa são liberados três mil botijões de 20 litros de água. Em três minutos uma camada escura apareceu na borda do copo.
“Essa água do chafariz tem metais pesados como chumbo e ainda coliformes. Eu tenho certeza que a água está com a qualidade precária. A água que vai para as residências também é ruim ”, denunciou.
Dessalinizador com problemas
O empresário esteve na sede da Compesa e constatou que o dessalinizador, que faz o tratamento de água do mar para abastecer a ilha, está com problemas. O equipamento tem quatro módulos, dois estão parados e dois estão funcionamento, mas com problemas. É possível ver ferrugem e remendos com borrachas.
“A gente não tem segurança quanto ao abastecimento, os equipamentos estão com gambiarras, a qualquer momento podemos ficar sem água”, falou. João Maria Melo afirmou que vai formalizar as denúncias ao Ministério Público para que as providências sejam tomadas.
O gerente da Compesa na ilha, Geovani Demétrio, falou sobre a qualidade da água do chafariz.
“Para fazer uma coleta é preciso saber como é feito este procedimento. Nós fazemos testes na água está dentro do padrão, eu consumo a água do chafariz da Vila do Trinta”, garantiu o gerente.
O responsável pela empresa confirma que dois módulos do dessalinizador estão parados.
“A gente está fazendo contato com a empresa que fazer a manutenção e recuperar os dois módulos em pane, mas não é fácil porque as peças são importadas. A ilha não corre risco de desabastecimento, além do dessalinizador nós utilizamos água do Açude Xaréu, temos dois poços (Vidal I e II), e ainda o poço do Chicó e o poço da Aeronáutica” disse , Geovani Demétrio.
Racionamento
Os moradores de Fernando de Noronha recebem água um dia e ficam seis dias em racionamento. Há quatros anos o Governo do Estado anunciou uma obra de ampliação do dessalinizador marinho, mas o trabalho ainda está na fase de projeto.
“Estamos aguardando, entre outras coisas, a licença ambiental que deve ser emitida pelo Instituto Chico Mendes da Biodiversidade. Nós também fomos prejudicados com o aumento do dólar. Estamos analisando uma redução de custo para realizar a licitação”, informou o gerente da Compesa.
Fotos: Ana Clara Marinho/TV Globo
Fonte: G1 – Viver Noronha