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Água de esgoto é reutilizada para irrigação no Agreste de Pernambuco

Em Pesqueira, no Agreste de Pernambuco, água é uma raridade. Diariamente, famílias lutam para obter o mínimo para que possam viver com dignidade. Na área rural, o Rio Ipojuca é só uma lembrança e o açude municipal também secou. Mas onde só devia haver aridez, existe um oásis que tingiu a terra seca.

Esse terreno, onde nada brota ao redor, é irrigado por uma fonte inesperada. A água que coloriu este pedaço da terra seca não vem da chuva, mas do esgoto doméstico. Uma tecnologia simples, que ajuda a produzir fartura mesmo nos períodos mais severos da estiagem.

Os girassóis florescem em plena caatinga, em uma região onde 125 municípios enfrentam situação de emergência por causa da seca que já dura cinco anos. A plantação, no distrito de Mutuca, em Pesqueira, só é possível graças ao reaproveitamento do esgoto doméstico. A tecnologia foi implantada pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Os tanques e reatores tratam o esgoto doméstico de cerca de 150 casas, ou cerca de 3 mil litros por dia. A água é filtrada e perde boa parte do material sólido. Em seguida, passa pelo tratamento biológico nos reatores onde acontece a decomposição da matéria orgânica. O processo completo dura cinco dias.

Girassóis florescem em Pesqueira com a água tratada nos tanques (Foto: Reprodução/TV Globo)
Girassóis florescem em Pesqueira com a água tratada nos tanques (Foto: Reprodução/TV Globo)

O professor Abelardo Montenegro, do Departamento de Recursos Hídricos da UFRPE, explica como funciona esse processo. “Ela tem uma redução, aqui a gente consegue uma redução média de 70% da carga orgânica original. Obviamente também uma redução de patógenos (organismos que transmitem doenças)”, salienta.

A água de reuso também está irrigando plantações de milho, sorgo e capim pra alimentação animal. O experiente agricultor José Cícero da Silva garante: a água é boa mesmo. “Dá uma lavoura que é uma beleza. Melhor do que a água da chuva. Ela vem preparada, vem com adubo, né? A gente não precisa colocar adubo que nem a gente coloca na água da chuva”, explica José Cícero.

Fonte: G1

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