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Testes detectam agrotóxicos na água do Samae de Blumenau/SC, mas em índices aceitos pelo Ministério da Saúde

Água que chega às torneiras em Blumenau é segura para consumo humano, garante a autarquia

agrotoxicos

Um levantamento baseado em dados do Ministério da Saúde apontou a presença de 27 agrotóxicos diferentes na água tratada pelo Samae de Blumenau. As substâncias foram encontradas em testes feitos entre 2014 e 2017, mas em quantidades inferiores aos limites considerados seguros para a saúde humana no Brasil.

Os dados são do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua) e foram repassados em 2018 para os veículos de comunicação Repórter Brasil, Public Eye e Agência Pública, que elaboraram um mapa online das cidades onde há agrotóxicos na água.

Os resultados encontrados em Blumenau são semelhantes aos de outras cidades brasileiras e catarinenses. Os mesmos 27 agrotóxicos (todos os testados) foram encontrados, em quantidades toleráveis pela portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde, em municípios como Florianópolis, Brusque e Rio do Sul. Veja a lista das substâncias no fim do texto.

O levantamento também compara os resultados dos testes com os parâmetros considerados seguros pela União Europeia. Neste filtro, bem mais rigoroso, Blumenau seria reprovada nos testes de 22 agrotóxicos.

“Nos países europeus as regras são diferentes e são fiscalizados mais quesitos do que aqueles que são obrigatórios aqui”, explica a coordenadora de laboratório do Samae, Viviane Cavalli.

Entre os agrotóxicos encontrados em Blumenau estão compostos de uso proibido no Brasil. As substâncias usadas em lavouras se fixam na terra e acabam contaminando rios e ribeirões e chegando até as estações de tratamento.

“População pode ficar tranquila”, diz Samae

Os dados do Sisagua foram produzidos pelo próprio Samae de Blumenau. A autarquia envia os resultados dos testes laboratoriais para a Vigilância Sanitária do município, que abastece o sistema do Ministério da Saúde.

“Todos os resultados mostram que os compostos estão muito abaixo do limite da portaria 2914/2011 [do Ministério da Saúde] e não só os agrotóxicos, mas diversas outras substâncias”, comenta Viviane.

“A população pode ficar tranquila. Ninguém precisa comprar água mineral para usar como água potável. Pode usar a água do sistema de abastecimento da cidade, cujos testes estão sempre disponíveis no site para a população constatar”, enfatiza o diretorpresidente do Samae, Andre Espezim.

No site do Samae estão disponíveis as análises mais recentes de qualidade da água. Atualmente, são tratados 1.235 litros/segundo nas quatro estações de tratamento de Blumenau, totalizando mais de 530 mil copos de água de 200 ml por dia.

Divergência

O levantamento com dados do Sisagua divulgou que o pesticida Aldrin, proibido no Brasil, foi encontrado em 0,05µg/L (microgramas por litro) na água tratada de Blumenau em uma medição de abril de 2016. O limite nacional é de 0,03µg/L.

Por isso, o mapa online aponta Blumenau como um dos municípios em que há agrotóxico acima do limite tolerável. Porém, os dados dos testes realizados no Samae, que baseiam o banco de dados do Sisagua, mostram outros números.

O resultado que consta do arquivo da autarquia registrou 0,005 µg/L, e não 0,05µg/L. Dentro do limite considerável aceitável, portanto.

Para o técnico de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Promoção da Saúde Alfredo José Foster, responsável por abastecer o sistema do Ministério da Saúde com os dados de Blumenau, é possível que tenha ocorrido erro por parte do Sisagua.

“Conferi parâmetro por parâmetro e os dados estão todos dentro do padrão. Não houve erro nosso, mas pode ter acontecido do Sisagua ter puxado dados de outra cidade” opinou Foster.

O Aldrin faz parte da lista de poluentes orgânicos persistentes (POPs) e pode se acumular na água, no solo e em organismos vivos, prejudicando a saúde humana e o meio ambiente.

Agrotóxicos testados

Alaclor;
Atrazina;
Carbendazim;
Clordano;
DDT + DDD + DDE;
Diuron;
Glifosato;
Lindano;
Mancozebe;
Permetrina;
Trifluralina;
2,4 D + 2,4,5 T;
Aldicarbe;
Aldrin;
Carbofurano;
Clorpirifós;
Endossulfan;
Endrin;
Metamidofós;
Metolacloro;
Molinato;
Parationa Metílica;
Pendimentalina;
Profenofós;
Simazina;
Tebuconazol;
Terbufós.

Fonte: O Município.

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