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Tratamento conjugado de esgoto doméstico e lixiviado de aterro sanitário em reatores anaeróbios de manta de lodo

Resumo

O tratamento conjugado de esgoto sanitário e lixiviado de aterro sanitário, em reatores anaeróbios de manta de lodo, tem sido estudado devido ao grande uso destes reatores em estações de tratamento de esgoto, e também devido à complexidade geralmente encontrada para o tratamento de lixiviado. Contudo, ainda há algumas incertezas em relação aos efeitos causados pela adição do lixiviado no tratamento do esgoto, como a possível redução da eficiência do tratamento devido a efeitos tóxicos do lixiviado aos processos biológicos e pela presença de matéria orgânica recalcitrante. Neste contexto, o objetivo principal deste trabalho é avaliar os impactos da adição de lixiviado no tratamento de esgoto, em reatores anaeróbios de manta de lodo tipo UASB em escala piloto. Para isto, foram construídos 4 reatores com volume de 14,14 L, que foram operados com TDH de 8 horas em temperatura ambiente controlada de 25 ±2ºC. Optou-se por utilizar o esgoto sintético em substituição ao esgoto natural e foram adicionadas porcentagens volumétricas de lixiviado de 0; 1,0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10% em relação ao volume de esgoto. O lixiviado de estudo apresentou-se estabilizado biologicamente e com baixa concentração de nitrogênio amoniacal (148 mg L-1). Os resultados de tratamento conjugado em reatores UASB em escala piloto demonstraram que houve diminuição da eficiência devido à adição do lixiviado, contudo este não interferiu de forma significativa no tratamento do esgoto. Foram obtidas porcentagens de remoção dentro da faixa esperada para reatores UASB para todas as águas de estudo. Para a porcentagem volumétrica com 10% de lixiviado, obteve-se remoção média de DQO de 69,3%, enquanto que para o tratamento apenas com esgoto, a eficiência de remoção de DQO foi de 82,4%.

Introdução

O aterro sanitário é uma forma de disposição de resíduos sólidos muito utilizada, principalmente devido ao seu baixo custo e simplicidade operacional. Um dos produtos gerados na disposição de resíduos em aterros é o lixiviado, formado pela infiltração da água da chuva e pelos produtos da biodegradação dos resíduos. O lixiviado possui alto poder poluidor, pois apresenta elevada concentração de compostos orgânicos e inorgânicos, além de alto teor de nitrogênio amoniacal (RENOU et al., 2008).

O tratamento do lixiviado para lançamento em níveis aceitáveis em corpos d’água, exige uma sequência de processos e isto implica em custos elevados e complexidade na operação do sistema. Por isso, uma alternativa que vem sendo estudada é o tratamento conjugado com o esgoto sanitário. Esta proposta consiste em transportar o lixiviado até a ETE – Estação de Tratamento de Esgoto e adicionar uma pequena proporção no esgoto bruto.

Os reatores de manta de lodo são muito utilizados para o tratamento de esgoto, pois apresentam diversas vantagens em relação aos processos aeróbios convencionais, principalmente quando utilizados em locais de clima quente. Entre as vantagens pode-se citar que são sistemas compactos, com baixa demanda de área, baixo custo de implantação e de operação, baixa produção de lodo, baixo consumo de energia e satisfatória remoção de DBO/DQO (65-75%). Entre as desvantagens desse sistema, há a possibilidade de maus odores, baixa capacidade em tolerar cargas tóxicas e necessidade de pós-tratamento (CHERNICHARO, 1997).

Ainda há dúvidas em relação aos efeitos causados pela adição de lixiviado no tratamento de esgoto, como a possível redução da eficiência do tratamento devido aos efeitos tóxicos do lixiviado aos processos biológicos, baixa estabilização da biomassa, acúmulo de metais no lodo, presença de compostos recalcitrantes, entre outros (ALBUQUERQUE, 2012). Nesse contexto, o objetivo principal deste trabalho é avaliar os impactos, em relação à remoção de matéria orgânica, da adição de lixiviado de aterro sanitário no tratamento de esgoto, em reatores anaeróbios de manta de lodo tipo UASB em escala piloto.

Autores: Priscila Liane Biesdorf Borth; Renan Borelli Galvão; Luana Pereira Sampaio; Arthur Ribeiro Torrecilhas e Fernando Fernandes.

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