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Tecnologia de filtração direta descendente aplicada ao tratamento de efluente de ETE para reúso direto

Resumo

A escassez de água é um problema real de âmbito mundial, o reúso pode reduzir a demanda sobre os recursos hídricos e poupar grandes volumes de água potável através da substituição por uma água de reúso com qualidade inferior destinada a usos que requerem qualidade menos exigente, tais como lavagem de pisos, ruas e vias sem pavimentação, irrigação de jardins, etc. Neste contexto, foi proposta a aplicação da tecnologia de filtração direta descendente (FDD) em areia, como tratamento complementar, aplicado a um efluente secundário de estação de tratamento de esgoto sanitário (ETE), com vista à obtenção de água de reúso direto. Para tal, foi realizado um monitoramento (12 meses) do efluente da ETE de um município do interior paulista para avaliar a qualidade, foram realizados ensaios de tratabilidade em Jar test por FDD com uso do coagulante poli-cloreto de alumínio (PAC), seguido de oxidação com cloro. O resultado do monitoramento do efluente da ETE apresentou qualidade adequada com vistas ao lançamento em corpos d’água e para aplicação da FDD, a dosagem otimizada para o coagulante PAC foi de 16 mg L-1 de PAC, a tecnologia de FDD seguida de oxidação com cloro forneceu água de reúso com cor aparente entre 1,0 e 18 uH; Turbidez <1,4 uT; pH de aproximadamente 8,0; Cloro residual livre de 1 mg L-1; DBO de <6,5, sólidos suspensos totais <2mg L-1; E.Coli 50 UFC.100 mL-1 e Carbono orgânico total <5,4 mg L-1 C, tais resultados atendem as recomendações de qualidade estabelecidas pela USEPA (2004) e da NBR 13969 (ABNT, 1997). Pode-se concluir que, a qualidade da água obtida pela aplicação da tecnologia de FDD seguido de oxidação com cloro atende demanda de reúso urbano irrestrito, tais como irrigação, lavagem de pisos, jardins e espaços públicos, o município pode fazer o armazenamento para combate de incêndio.

Introdução

Em razão da crescente limitação de água e sua inevitável escassez futura, faz-se necessário estudo sobre a aplicação de alternativas tecnológicas para o tratamento de água para atender demanda de consumo racional e sustentável, afim de que seja preservada a disponibilidade de água para presentes e futuras gerações, pois a água é um bem essencial a sobrevivência.

Tal situação é agravada pela distribuição desigual dos recursos hídricos, atualmente existem 26 países que abrigam milhões de pessoas e que se enquadram na categoria de áreas com escassez de água. Segundo Mancuso e Santos (2003), pelo menos 8% da reserva mundial de água doce estão no Brasil, sendo que 8% encontram-se na Região Amazônia e somente 20% encontram se distribuídos nas regiões onde vivem 95% da população brasileira.

Diante desta situação, o reúso de água deve ser considerado como parte do uso racional ou eficiente da água, o qual compreende também o controle de perdas e desperdícios, e a minimização da produção de efluentes e do consumo de água. Os esgotos tratados têm um papel fundamental no planejamento e na gestão sustentável dos recursos hídricos como um substituto para o uso de águas destinadas a fins agrícolas, industriais, urbanos e ambientais. Ao liberar as fontes de água de boa qualidade para abastecimento público e outros usos prioritários, o reúso de esgotos contribui para a conservação dos recursos. O reúso reduz a demanda sobre os mananciais de água devido à substituição da água potável por uma água de qualidade inferior. Essa prática, atualmente muito discutida, posta em evidência e já utilizada em alguns países é baseada no conceito de substituição de mananciais. Tal substituição é possível em função da qualidade requerida para um uso específico (CETESB, 2015). Podem-se poupar grandes volumes de água potável através do reuso com a utilização de água de qualidade inferior (geralmente efluentes pós-tratados) para atendimento das finalidades que podem prescindir desse recurso dentro dos padrões de potabilidade.

Atualmente, a tecnologia e os fundamentos ambientais, permitem fazer o uso e o reuso dos recursos hídricos disponíveis localmente, mediante programas adequados de gestão. A prática de reúso da água já configura uma realidade adotada em alguns países, inclusive pelo Brasil. O reúso de água reduz a demanda sobre os mananciais devido à substituição da água potável por uma água de reúso com qualidade inferior, para fins menos nobres.

Porém, em algumas estações de tratamento de esgotos (ETE), o procedimento de desinfecção com cloro em uma parcela do efluente e denominar este efluente como água de reuso da ETE, ignorado completamente à indesejável formação de subprodutos da desinfecção, principalmente os trialometanos, substâncias reconhecidamente cancerígenas, que se formam quando se submete água com presença de matéria orgânica em contato com cloro, neste sentido o objetivo foi estudar a aplicação da tecnologia de filtração direta descendente (FDD) como tratamento complementar aplicado a um efluente de uma estação de tratamento de esgoto (ETE) com vista à obtenção de água para reúso direto, não potável, segundo requisitos da USEPA (2004) e ABNT- NBR 13969 (1997).

Para alcançar o objetivo pretendido, foram necessários os seguintes objetivos específicos: investigar a qualidade do efluente da ETE bruto quanto a características físicas, químicas e bacteriológicas; avaliar a tratabilidade por filtração rápida descendente do efluente da ETE em escala de bancada para otimizar a dosagem de coagulante, determinar a dosagem de cloro para desinfecção; avaliar a qualidade obtida da água com vistas ao reuso direto.

Autores: Fernando Afonso Marrengula; Cristina Filomêna Pereira Rosa Paschoalato; Mateus Ancheschi Roveda Guimarães; Mariana Santos Silva e Renan Henrique Rocha.

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