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Avaliação da frequência de retirada de lodo na geração de escuma em reatores UASB operando em escala plena

Resumo

Os reatores UASB são muito utilizados para o tratamento de esgotos domésticos, porém, a formação de escuma é um sério problema operacional. Para que o uso deste tipo de tecnologia não seja desacreditado são necessárias recomendações de projeto e operacionais para o manejo da escuma. Este trabalho avaliou o efeito da frequência de retirada de lodo na geração de escuma, em reatores operando em escala plena. Os testes foram realizados na ETE Vassoural, localizada no Estado do Paraná, Brasil, que possui três reatores UASB, operando em paralelo, e trata a vazão de 240 L.s-1. Após o nivelamento do nível de lodo nos 3 reatores, cada um sofreu descargas de lodo em períodos diferenciados, o reator UASB no qual as descargas foram a cada três dias, produziu 2 vezes menos escuma na área de decantação e 4,5 vezes menos no IST do que o reator que tinha retiradas quinzenais. A escuma produzida possuía um teor de O&G inferior, 1.127 mg.kg-1 contra 1.413 mg.kg-1, o que indica que ocorre uma migração destes compostos do esgoto para a escuma quando a quantidade de lodo no interior do reator é maior.

Introdução

O crescimento urbano desordenado acarreta um desequilíbrio no fornecimento de água para a população e nos serviços de saneamento básico. Nos países da América Latina e Caribe, 91 % da população recebe água tratada em suas residências, 79 % possui a coleta de seus esgotos, mas apenas 15 % deste montante recebe o tratamento adequado antes de ser devolvido aos rios (Noyola et al., 2012). O Brasil fez parte desta avaliação, portanto é fundamental o desenvolvimento de infraestrutura e tecnologias capazes de suprir esta demanda, oferecendo inovações e considerando as limitações e condições específicas de cada região.

Os reatores UASBs são a terceira tecnologia mais utilizada em países da América Latina e Caribe, atendendo a 17% das estações avaliadas, em primeiro lugar encontram-se as lagoas de estabilização (43%) (Noyola et al., 2012). Nos novos projetos de estações de tratamento no Brasil os UASBs aparecem como a alternativa mais empregada (Chernicharo, 2011). No Paraná, a tecnologia é utilizada desde 1979, no ano de 2005 a companhia estadual de saneamento já operava mais de 300 reatores, número que cresceu ao longo destes anos.

Apesar das vantagens de não consumir energia no tratamento e ocupar pequena área para implantação, um reator anaeróbio de manto de lodo apresenta não só limitações quanto ao atendimento dos padrões de lançamento, como também, um sério problema operacional relacionado à formação de escuma. Seu acúmulo pode prejudicar o desempenho do sistema em termos de qualidade do efluente, ocasionar perdas de biogás e até mesmo o rompimento do separador trifásico dos reatores.

Autores: Bárbara Zanicotti Leite Ross; Fernanda Janaína Oliveira Gomes da Costa; Clodoaldo José Marques; Sandro Froehner e Miguel Mansur Aisse.

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