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Avaliação da remoção de coliformes e parasitas em um sistema de lagoas de estabilização no município de Riacho da Cruz, RN

Resumo

Dentre os sistemas de tratamento de esgoto, as lagoas de estabilização destacam-se pela simplicidade, baixos custos de construção e manutenção, além da eficiência. No Brasil, o clima predominantemente tropical tem contribuído para a ampla utilização de lagoas no tratamento dos esgotos. Um dos propósitos das lagoas de estabilização é a remoção de organismos patogênicos, os quais podem causar diversos tipos de doenças caso os efluentes sejam lançados fora dos padrões requeridos. O presente trabalho teve por objetivo avaliar o sistema de tratamento do esgoto sanitário, tipo lagoas de estabilização, do município de Riacho da Cruz, Rio Grande do Norte, quanto à remoção de coliformes e ovos de helmintos, e discutir a possibilidade de reúso do efluente tratado na irrigação. O sistema de tratamento em questão é composto por tratamento preliminar e três lagoas de estabilização em série. Para a determinação de coliformes nas amostras coletadas em quatro pontos da estação de tratamento de esgoto (ETE) de Riacho da Cruz, utilizou-se o método do substrato definido, com quantificação de coliformes totais (CT) e Escherichia coli (E. coli). Quanto aos ovos de helmintos, foram coletadas amostras em três pontos do sistema, sendo quantificados a partir do método de Bailenger modificado. Os resultados observados a partir de amostras coletadas no final da terceira lagoa de estabilização da ETE, indicaram concentrações médias de coliformes totais de 7,67 x 105 NMP.100mL-1 e de 2,39 x 102 NMP.100mL-1 para E. coli, subgrupo de coliformes fecais. No que diz respeito aos ovos de helmintos, na última lagoa não foram encontrados ovos, obtendo-se um valor médio menor que 1 ovo.L-1. Considerando as características hidráulicas e do monitoramento executado na última lagoa de estabilização, as concentrações de E. coli e ovos de helmintos atenderam as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Programa de Pesquisas em Saneamento Básico (PROSAB) para uso agrícola irrestrito. Para uma melhor avaliação da possibilidade de promover o reúso do esgoto tratado na ETE por lagoas de estabilização do município de Riacho da Cruz, Rio Grande do Norte, recomenda-se um monitoramento mais prolongado, incluindo variáveis físico-químicas, além da realização de análises ao longo do perfil da coluna de água.

Introdução

O setor de saneamento básico abrange um conjunto de ações que visam tornar e assegurar que o ambiente esteja dentro de condições preestabelecidas por normas e leis, de modo a garantir a qualidade de vida da população. A lei federal n° 11.445/2007 (BRASIL, 2007), especifica que o saneamento básico inclui quatro componentes: abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem; e manejo das águas pluviais. Quanto ao esgotamento sanitário, parte significativa da população brasileira ainda não conta com este atendimento, o que pode comprometer a saúde e o bem-estar desta. No Brasil, o índice de atendimento com redes coletoras de esgotos dos municípios prestadores de serviços participantes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) em 2014 era de 49,8% (MCIDADES, 2016).

Para Costa (2010), o município ideal deve conter um sistema de esgotamento sanitário capaz de atender 100% das residências, do comércio e do complexo industrial, através das redes coletoras, interceptores e emissários devidamente executados e tratamento competente da água residuária. Assim, conforme a autora, essa é uma necessidade básica e de urgência para a formação, ou transformação, de uma sociedade saudável, promissora e com qualidade de vida.

Quanto ao tratamento dos esgotos, dentre os sistemas, as lagoas de estabilização destacam-se pela simplicidade, baixos custos de construção e manutenção, além da eficiência. Um dos seus propósitos é a remoção de organismos patogênicos, os quais podem causar diversos tipos de doenças de veiculação hídrica, caso os efluentes sejam lançados nos recursos hídricos sem tratamento, ou até mesmo tratados, porém sem estarem adequadamente desinfetados.

O município de Riacho da Cruz, localizado no RN, conta com uma estação de tratamento de esgotos (ETE) composta por três lagoas de estabilização em série, além do tratamento preliminar. Conforme os dados do SNIS 2014 (MCIDADES, 2016), 100% da população urbana (2.785 habitantes) de Riacho da Cruz, era atendida com esgotamento sanitário, sendo coletados e tratados um volume de esgotos de 110.000 m3.ano-1, não constando informações acerca dos parâmetros biológicos, tais como coliformes e ovos de helmintos.

Dado o atual cenário de escassez hídrica em diferentes locais do mundo, tornou-se imprescindível a busca por alternativas capazes de atender a crescente demanda por este recurso de forma qualitativa e quantitativa, tal como o reúso de efluentes tratados. Desta forma, este trabalho buscou avaliar parâmetros microbiológicos utilizados como referência para o reúso agrícola de esgoto tratado.

Autores: Fiama Raissa Coelho Pereira; Dannylo Soares Paiva; Solange Aparecida Goularte Dombroski; Fernanda Lima Cavalcante e Mariana Kummer da Rocha Pinheiro.

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