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Comparação dos oxidantes cloro e ozônio na remoção do fármaco ácido mefenâmico solúvel em água

Resumo

Investigou-se o potencial de remoção do fármaco Ácido Mefenâmico solúvel em água por oxidação com cloro e ozônio, sob pH 7, tempo de oxidação igual a 3 minutos e a diferentes dosagens de oxidante. A eficiência do tratamento foi calculada pela diferença de concentração inicial e final, as quais foram mensuradas por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC). Nas condições investigadas, observa-se que o cloro é mais eficiente que o ozônio apenas quando a dose de oxidante aplicada é inferior a 20 mg/L. Os resultados indicam que ambos os oxidantes possuem potencial para degradar parcialmente o Ácido Mefenâmico, visto que a eficiência do cloro foi inferior a 53% e que a eficiência de remoção por ozônio limita-se a aproximadamente 60%, mesmo com o incremento da dose de oxidante.

Introdução

A preocupação acerca do consumo excessivo de fármacos deve-se ao fato de que esses compostos são recalcitrantes e pouco biodegradáveis. Os medicamentos não são completamente metabolizados pelo organismo, sendo que de 50 a 90% da dosagem é excretada inalterada ao efluente (MULROY, 2001; MORUZZI et al., 2014).

Tais poluentes têm sido detectados em solo e em sistemas hídricos (efluentes e águas naturais), desde a década de 90, na ordem de µg/L e ng/L, indicando que, de fato, os métodos convencionais de tratamento de água e esgoto não são eficazes para removê-los (TERNES, 1998; NAKADA et al., 2006; ABDOLMOHAMMADZADEH et al., 2014).

Entretanto, estudos indicam que os fármacos podem ser degradados por oxidação química, visto que, assim, é possível oxidá-los rapidamente em compostos biodegradáveis e menos tóxicos (HUBER et al., 2005; MORUZZI et al., 2014; LOPES, 2015; LOPES et al., 2016). Nesse processo, inúmeros reagentes químicos podem ser utilizados, como por exemplo, cloro, dióxido de cloro, ozônio, peróxido de hidrogênio, radicais hidroxila, reagente Fenton, etc..

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O cloro pode estar sob a forma de hipoclorito (E0 = 0,90 V), ácido hipocloroso (E0 = 1,49 V) e gás cloro (E0 = 1,36 V), os quais são fortes agentes oxidantes (DI BERNARDO e DANTAS, 2005). As formas em que se apresenta dependem principalmente do pH da solução, sendo que: i) em pH inferior a 2, predomina-se a forma gás cloro, ii) em pH próximo a 5, há predomínio de ácido hipocloroso, responsável pela ação desinfetante e oxidante do cloro, e iii) em pH superior a 10, predomina-se o hipoclorito (DEGRÉMONT, 1979; MEYER, 1994; ACERO et al., 2010).

O ozônio é um forte agente oxidante (E0 = 2,07 V em meio ácido e E0 = 2,80 V em meio básico), sendo capaz de reagir rapidamente (LEGRINI et al., 1993; LEE e VON GUNTEN, 2010). A oxidação pode ser via ozônio molecular (reação direta, predominante em meio ácido) ou via radical hidroxila (reação indireta, predominante em meio alcalino) (ALMEIDA et al., 2004). Os compostos insaturados e com estruturas aromáticas com doadores de elétrons (p.e. fenol, alquil, metóxi e amina não protonada) são vulneráveis à ozonização, enquanto que receptores de elétrons (p.e. estruturas amidas e grupos carboxílicos) são resistentes (VON GUNTEN, 2003; MAHMOUD e FREIRE, 2007; NAKADA et al., 2007).

Dessa forma, nesse trabalho, avaliou-se a remoção do fármaco Ácido Mefenâmico solúvel presente em água por meio da oxidação via cloro e via ozônio.

Autores: Mayara Sakamoto Lopes; Tatiane Arissa Tuha; Rodrigo Braga Moruzzi; Ana Carolina Dias de Oliveira e Elma Neide Vasconcelos Martins Carrilho.

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