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Potencial de formação de subprodutos da oxidação em efluentes sanitários tratados

Resumo

A desinfecção de efluentes sanitários, por meio da cloração, é amplamente utilizada para oxidação de matéria orgânica e inibição de patógenos, entretanto, esta prática promove a formação de subprodutos de oxidação – SPOs, que apresentam elevado potencial tóxico para a malha hídrica, como também para os animais e seres humanos que fazem a ingestão de águas contendo esses compostos. Os principais SPOs observados após a cloração de efluentes sanitários são os trialometanos – TAMs, os ácidos haloacéticos – AHA, as haloacetonitrilas – HANs e as haloacetonas – HC. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar o potencial de formação de subprodutos da oxidação – PFSPOs em efluentes sanitários tratados e coletados em lagoas facultativas dos municípios de São Pedro do Ivaí, Rosário do Ivaí, Salto do Itararé, Arapongas e Santa Mariana, no Estado do Paraná. Os ensaios de PFSPOs e a caracterização das amostras foram realizadas de acordo com APHA, AWWA, WEF (2012), já as análises quali-quantitativa dos SPOs formados foi determinada segundo o método 551.1 EPA (1995), por cromatografia gasosa com detector de captura de elétrons – GC-ECD. Como resultados foi observado o aumento da formação e concentração de SPOs para as amostras com maiores valores de DBO e DQO e detectadas a presença de 1,1-dicloropropano – 1,1-DCP, cloropicrina – CP, 1,1,1-tricloropropano – 1,1,1 TCP e triclorometano – TCM, no qual este foi o mais abundante, apresentando concentrações de 127 a 623 µg L-1. A partir destes resultados, pode-se destacar a importância da análise prévia do efluente antes de realizar a cloração, uma vez que para amostras com elevada carga orgânica, observou-se maior concentração de SPOs.

Introdução

O tratamento inadequado dos efluentes sanitários acarreta o aumento da poluição dos recursos hídricos, devido à carga orgânica//inorgânica, além de promover a transmissão de diversas doenças de veiculação hídrica como a cólera, febre tifoide, diarreias, esquistossomose, dentre outras. Sendo assim, para minimizar a concentração de matéria orgânica e o número de organismos patogênicos e indicadores como coliformes fecais e totais presentes em esgotos domésticos, é necessário adotar técnicas complementares ao tratamento convencional, para a efetiva inativação destes microrganismos e atendimento aos padrões de lançamento/emquadramento estabelecidos pelas legislações vigentes.

As técnicas de tratamento convencionais comumente empregadas para os efluentes sanitários são a sedimentação, os lodos ativados, as lagoas de estabilização e os filtros aeróbios. Entretanto, além destas, geralmente, é necessário o emprego de processos de desinfecção. Dentre os agentes desinfetantes mais utilizados, tem-se o ozônio, o dióxido de cloro e o hipoclorito de cálcio (YANKO, 1993; DI BERNARDO, PAZ, 2008). Devido a simplicidade de utilização e o custo reduzido quando comparado a outros desinfetantes, os derivados do cloro são os mais empregados nas estações de tratamento de esgoto (PIANOWSKI, JANISSEK, 2003; COSTA, SILVAS e CASTRO, 2015).

Apesar da elevada eficiência para a inativação de microrganismos e oxidação da matéria orgânica, a cloração promove a formação de subprodutos de oxidação – SPOs, potencialmente tóxicos à fauna, flora e à saúde humana. Dentre os principais SPOs tem-se os trialometanos – TAMs, os ácidos haloacéticos – AHA, haloacetonitrilas – HANs e as haloacetonas – HC (KRASNER et al., 2009, ZANG, CHOI; SEO, 2013). Diversos estudos indicam que os compostos formados podem apresentar toxicidade em ensaios de bioluminescência, como comprovado por Bayo, Angosto e Gomez-Lopez (2009) e Watson et al (2012). Além disso, segundo a literatura, quanto maior a concentração de matéria orgânica presente nos efluentes sanitários, maior será a concentração de SPOs gerados após o emprego da cloração.

Dessa forma, é imprescindível avaliar e quantificar a formação de SPOs antes de realizar o despejo de efluentes tratados e clorados em corpos receptores. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial de formação de subprodutos da oxidação – PFSPOs em efluentes sanitários tratados e coletados em lagoas facultativas de diferentes cidades do Estado do Paraná.

Autores: Amanda Alcaide Francisco Fukumoto; Vilson Gomes da Assunção Júnior; Bárbara Fornaciari; Leticia Ayumi Furuta e Cássia Reika Takabayashi Yamashita.

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