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Aplicabilidade e dificuldades operacionais de uma estação piloto de microfiltração tratando água do lago Paranoá – DF

Resumo

A escassez de água pela qual passa o Distrito Federal acarreta na busca por novos mananciais que possam servir como abastecimento. Dentre outras causas para essa situação de escassez, podem-se citar o crescimento populacional acentuado e o desenvolvimento urbano sem planejamento adequado. Dessa maneira, o lago Paranoá surge como opção como manancial. Alternativamente ao processo de tratamento convencional proposto inicialmente para tratamento de água captada no lago, esse trabalho avalia o desempenho operacional de uma unidade piloto de microfiltração submersa (MFS), de fabricação nacional, em termos de produção de permeado e eficiência nos parâmetros de qualidade da água selecionados. O trabalho experimental se desenvolveu em três condições operacionais em que se variaram a pressão de trabalho da bomba e o tempo entre retrolavagens, com o objetivo de se avaliar o desempenho da unidade piloto de MFS em relação aos parâmetros de qualidade da água de interesse e da recuperação de permeado. A Condição Operacional 1 foi realizada utilizando as recomendações da fabricante, enquanto nas Condições Operacionais 2 e 3 foram testadas condições mais severas de operação. Os resultados de qualidade apresentados durante a pré-operação davam indícios de que a membrana entregue apresentava problemas de integridade. Com a condução das análises durante as condições operacionais, observou-se a perda de integridade da membrana, chegando a apresentar valores de turbidez de 2,66 uT, cinco vezes maior que o limite imposto pela legislação.

Introdução

O DF passa atualmente por escassez de recursos hídricos para o abastecimento de sua população. Dentre as alternativas elencadas para atender à crescente demanda por água para abastecimento do DF, inclui-se a utilização do lago Paranoá. Sendo planejado inicialmente com a função de geração de energia elétrica e paisagística, o lago desempenha ainda outras funções como recreação, recepção dos efluentes de duas estações de tratamento de esgoto e amortização de águas pluviais. Devido aos usos múltiplos e sua localização dentro de uma área urbana, há preocupações quanto à qualidade da água que será produzida, sendo nutrientes, microorganismos patogênicos, matéria orgânica e micropoluentes as maiores preocupações em relação à segurança da sanitária.

Os processos de separação por membranas possuem atualmente grande aplicabilidade ao tratamento de água para consumo. A microfiltração (MF) se caracteriza como um processo empregando membranas com diâmetro médio dos poros entre 0,02 e 4µm, com pressão de operação inferior a 200 kPa. As principais aplicações das membranas de microfiltração no tratamento de águas estão na remoção de particulado, turbidez, bactérias e parcela das partículas coloidais (AWWA, 1997, Chen et al., 2004). Um entrave à implantação de sistemas de membranas no Brasil é a escassez de fornecedores de produtos fabricados e desenvolvidos no próprio país. O presente trabalho teve como objetivo geral a avaliação das condições de operação de uma unidade piloto de membranas de microfiltração submersa, de fabricação nacional, no tratamento de água do lago Paranoá. Foram considerados parâmetros de qualidade da água tratada, além dos impactos da alteração do fluxo e da periodicidade da retrolavagem na eficiência do tratamento, ressaltando-se as dificuldades operacionais. O desenvolvimento desse trabalho contou com o apoio e a participação da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB).

Autores: Samuel Almeida Fonseca; Arthur Tavares Schleicher; Tatiana Finageiv Neder; Giovanna Viana Gerin e Lorrayne Abadia Martins.

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