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Avaliação do descarte do lodo aeróbio no desempenho do reator UASB operando em plena escala e na qualidade do efluente gerado para o pós-tratamento

Resumo

Nesse trabalho, está sendo avaliado o efeito do retorno do lodo aeróbio no desempenho do reator UASB e na qualidade do efluente gerado para o processo de pós-tratamento no Reator de Fluxo Alternado. O retorno de lodo aeróbio para o reator UASB não vem impactando o processo de digestão desse reator, apesar de eventuais perdas de sólidos com seu efluente ter influenciado negativamente sua qualidade em termos de DQO Total. Apesar do arraste de sólidos do reator UASB para o RFA, o efluente final da ETE vem apresentando boa clarificação, com concentração de sólidos menor que 25 mg/L, que pode estar relacionado a boa capacidade de sedimentação dos decantadores lamelares instalados na zona de sedimentação do reator de fluxo alternado. Além disso, observou-se que a concentração de sólidos no efluente do reator UASB aumenta com o descarte de lodo aeróbio, porém, a sua intensidade está relacionada com a gestão da fase sólida da ETE, especialmente com a capacidade de remoção de lodo de excesso da ETE.

Introdução

A utilização de sistemas combinados (anaeróbio e aeróbio) de tratamento de esgotos é uma solução bastante interessante, já que reduz a carga orgânica do esgoto e diminui os custos operacionais da planta com energia elétrica, além de propiciar na unidade de tratamento anaeróbio um lodo digerido e, portanto, menos agressivo ao meio ambiente. Contudo, além do reator anaeróbio prejudicar o desempenho da desnitrificação no reator aeróbio, devido à baixa disponibilidade de matéria orgânica rapidamente biodegradável para o processo de redução do nitrato, diversos pesquisadores apresentam conclusões contraditórias, principalmente quanto à viabilidade do uso da unidade anaeróbia para estabilização do lodo gerado na unidade de pós-tratamento aeróbio. Alguns autores entendem ser viável o descarte de lodo aeróbio na unidade anaeróbia, por permitir que este lodo seja parcialmente estabilizado e adensado na unidade anaeróbia, melhorando seu aspecto e facilitando as etapas posteriores de desaguamento e higienização. Outros pesquisadores afirmam que este descarte de lodo aeróbio deveria ocorrer após uma etapa de adensamento. Quem defende esta última corrente, alega que este descarte diretamente no reator UASB provoca eventuais perdas de sólidos junto com o efluente final, prejudicando, portanto, a eficiência do processo de tratamento, e causando efeitos deletérios indesejáveis no corpo receptor.

Esse trabalho tem por objetivo avaliar essa condição operacional no desempenho do reator UASB, e por consequência na qualidade do seu efluente que é gerado para o pós-tratamento em sistema de lodos ativados, configurado através de reatores de fluxo alternado. Ao final da pesquisa pretende-se verificar se o retorno de lodo aeróbio para o reator UASB é uma estratégia operacional que deve ser evitada, ou se pode ser contornada através de diferentes estratégias operacionais, como a sua alimentação no reator UASB apenas em períodos de baixa vazão, por exemplo. Além disso, pretende-se verificar o impacto do arraste de sólidos na operação do sistema de lodos ativados subsequente, e na qualidade global do efluente final produzido na estação de tratamento.

Autores: Bruno Sidnei da Silva e Roque Passos Piveli.

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