BIBLIOTECA

Aplicação do índice de qualidade (IQA) das águas no açude Pedras Brancas para a determinação do índice de qualidade das águas brutas para fins de abastecimento público (IAP)

Resumo

O monitoramento dos corpos hídricos, principalmente aqueles destinados ao abastecimento público, é de suma importância tanto para avaliar a qualidade desses ecossistemas, como para prever o melhor tratamento a ser utilizado antes consumo. O Índice de Qualidade das Águas – IQA-CETESB se tornou um conceituado mecanismo para avaliar a qualidade das águas, e seu resultado é de fácil entendimento para a população em geral. Assim, o presente estudo buscou avaliar a qualidade da água do açude Pedras Brancas, principal manancial de abastecimento das cidades do sertão central, localizado no Município de Quixadá, no Estado do Ceará. Para isso, foram realizadas coletas trimestrais durante o ano de 2017, nos meses de janeiro, abril, julho e outubro, a fim de avaliar a influência dos períodos seco e chuvoso na qualidade das águas do manancial. Para o IQA-CETESB foram avaliados parâmetros físicos, químicos e biológicos disponibilizados pela Companhia de Gestão do Recursos Hídricos – COGERH e que compõe o Índice de Qualidade da Água – IQA-CETESB: Oxigênio Dissolvido (OD), Coliformes Termotolerantes, pH, Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5,20), Fósforo Total, Nitrogênio Total, Sólidos Totais, Temperatura da Água e Turbidez. Os resultados encontrados mostraram que a qualidade do manancial permaneceu em uma faixa boa para fins de abastecimento público, não havendo, portanto, mudanças significativas em função do período chuvoso ou seco.

Introdução

A preocupação com a qualidade dos mananciais de abastecimento tornou-se uma temática cada vez mais frequente e necessária. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas – ONU (2015), 748 milhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso a fontes de água potável de qualidade, isto é, fontes que sejam protegidas de contaminação externa. O documento estima que a população global deva totalizar 9,1 bilhões de pessoas em 2050, com acréscimo de cerca de 80 milhões por ano. De acordo com Suguio (2006), a água, especialmente a considerada doce, representa um recurso natural tão significativo quanto o petróleo para a sociedade moderna. É de conhecimento dos estudiosos que a porcentagem de água considerada adequada para consumo humano é mínima, visto que a maioria, não potável, se encontra nos oceanos.

Dentre os vários usos para esse recurso tão importante, o abastecimento humano é considerado prioridade, e além dele, existem outros tipos de uso, como a utilização industrial, higiene pessoal, irrigação, produção de energia elétrica, navegação, recreação, entre outros. Para manter uma conformidade e principalmente preservar a saúde da população, existem legislações para esses diferentes usos, que visam destacar padrões importantes de enquadramento e de tratamento da água, já que quando não tratada, é um meio de disseminação de doenças patogênicas (SAAD et al., 2007), por isso torna-se fundamental o monitoramento dos parâmetros físicos, químicos e biológicos.

De acordo com Von Sperling (2005), a boa ou má qualidade de um corpo hídrico, é determinada principalmente em razão do uso e ocupação do solo na região, ou seja, as diferentes ações antrópicas nas proximidades de uma matriz aquosa, impactam diretamente nesse ecossistema aquático.

Uma das formas mais utilizadas mundialmente para quantificar os resultados obtidos de monitoramentos, é através do cálculo do Índice de Qualidade das Águas – IQA. O Índice de Qualidade da Água (IQA) é um método simples utilizado como parte do levantamento da qualidade geral da água usando um grupo de parâmetros que reduzem as grandes quantidades de informação para um único número, geralmente adimensional, de forma simples e reprodutível (ABBASI e ABBASI, 2012). De acordo com a Agência Nacional de Águas – ANA (2005), o Índice de Qualidade das Águas (IQA) foi elaborado em 1970 pelo National Sanitation Foundation (NSF), dos Estados Unidos, a partir de uma pesquisa de opinião realizada com especialistas em qualidade de águas. Nessa pesquisa, cada especialista indicou os parâmetros a serem avaliados, seu peso relativo e a condição em que se apresenta cada parâmetro.

No Brasil, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) de São Paulo utiliza, desde 1975, uma versão do IQA adaptada da versão original do National Sanitation Foundation – NSF. Nessa adequação feita pela CETESB, o parâmetro nitrato foi substituído por nitrogênio total, e o parâmetro fosfato total foi substituído por fósforo total, mantendo-se os mesmos pesos (w = 0,10) e curvas de qualidade estabelecidas pela NSF.

A preocupação com a degradação dos recursos hídricos e as perspectivas de escassez, principalmente na região Nordeste do país, traz à tona a necessidade de uma interpretação eficaz da qualidade das águas (MANOEL et al., 2016). Tendo em vista a pouca disponibilidade de água e as baixas precipitações históricas do Estado do Ceará, onde o estudo em questão está inserido, o monitoramento contínuo dos açudes se torna necessário para a prevenção de possíveis problemas ambientais que possam vir a comprometer o abastecimento público.

O açude Pedras Brancas atualmente é utilizado para abastecer os dois maiores municípios da região do Sertão Central cearense, Quixadá e Quixeramobim, razão essa que torna o monitoramento da qualidade ainda mais essencial. A vantagem deste reservatório em relação a outros, é a relevante distância de centros urbanos e de ações do homem, características essas que tendem a tornar a água desse açude de qualidade mais elevada do que outros que se localizam próximos a atividades antrópicas.

Assim, esse estudo buscou calcular o Índice de Qualidade da Água (IQA-CETESB) do Reservatório Pedras Brancas, a fim de avaliar a qualidade da água utilizada para o abastecimento de dois municípios no Ceará, servindo de base para o cálculo do índice de qualidade das águas brutas para fins de abastecimento público (IAP), cuja análise é mais detalhada comparado ao IQA, haja vista que leva em consideração a presença de substâncias tóxicas e organolépticas.

Autores: Mikaell Coelho Fernandes; José Fernandes Cavalcante; Jeftha Amanda de Sousa e Silva; José Gilmar da Silva do Nascimento e Patrícia Marques Carneiro Buarque.

ÚLTIMOS ARTIGOS: