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Avaliação do hidrograma e da qualidade de esgoto doméstico gerado em condomínio residencial de Belo Horizonte

Resumo

O cenário nacional mostra necessidades de melhoras na universalização do tratamento de esgoto da população brasileira. Assim, alternativas de gerenciamento do esgoto gerado devem ser avaliadas e estudadas para implantação de sistemas eficientes e que atenda 100% dos habitantes em um futuro próximo. Para melhor gestão das águas residuárias dados coletados em vários estudos servem de diretrizes para as escolhas determinadas, mas a maioria desses dados contempla o esgoto que chega a estação. Com isso, um conhecimento técnico-científico da geração dos esgotos domésticos deve ser aprimorado para melhor universalização do tratamento na sociedade. Dessa maneira, apresentam-se neste artigo os resultados da pesquisa feita, que integra a ReNTED, em que objetivo é verificar a dinâmica da geração de esgoto para sistemas descentralizados. O estudo foi conduzido em um condomínio residencial da cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, cujo esgoto analisado é correspondente à geração de cerca de 240 habitantes. Para tanto, investigaram-se quantitativa e qualitivamente o efluente gerado nas residências durante o período de 11 meses. Constatou-se que, a vazão média de esgoto do sistema estudado foi de 0,38 L/s, a vazão mínima de 0,15 L/s e vazão máxima de 0,50 L/s. O comportamento dos hidrogramas obtidos assemelha-se em alguns aspectos àqueles observados nas estações de tratamento de esgoto. Em relação aos parâmetros físico-químicos o efluente analisado foi notadamente mais diluído do que o afluente às ETEs.

Introdução

No Brasil o índice médio de esgoto tratado referido à água consumida, segundo o SNIS (2016) é de 42,7 %. Um dos motivos desse baixo índice é o fato de que as regiões menos desenvolvidas economicamente claramente não foram privilegiadas com as políticas públicas de saneamento básico. O que sinaliza a necessidade de articulações políticas associadas ao uso de tecnologias simples operacionalmente, economicamente factíveis e sustentáveis.

Diante desse cenário a centralização do tratamento dos esgotos domésticos tem sido questionada. As ETEs descentralizadas são, geralmente, economicamente viáveis, uma vez que, há redução dos custos com o transporte do esgoto; possibilita a construção gradual do sistema; requer menos funcionários para a operação; o efluente da estação pode ser utilizado no próprio local; alívio do volume de esgoto que chega às ETEs convencionais (sistemas centralizado) (Wagner e Bellotto, 2008).

Segundo von Sperling (2014) os sistemas de esgotamento sanitário podem ser de dois tipos: os individuais e os coletivos. No sistema individual os esgotos são administrados no local da geração, sendo usualmente destinados ao atendimento de unidades unifamiliares ou de habitações próximas entre si. As fossas sépticas ou outros sistemas que envolvam a infiltração do despejo são as técnicas mais usadas. Os sistemas coletivos, por sua vez, são empregados em locais com alta concentração de pessoas e consiste na canalização dos despejos transportando-os para a unidade de destinação final, uma ETE, por exemplo.

Para a aplicação desses tipos de sistema o conhecimento das características quantitativas e qualitativas dos esgotos sanitários é de fundamental importância desde a concepção, o projeto e a operação para todo o sistema. Contudo, os dados disponíveis, sobretudo de origem própria com validade nacional e dentro dos padrões mais modernos, são sobremaneira escassos. Portanto, informações técnico-científicas produzidas nesse sentido vêm contribuir para fechar uma grande lacuna que certamente influencia no planejamento da sustentabilidade das ETEs, das redes coletoras e demais unidades.

Como exemplos, parâmetros utilizados diariamente no planejamento de sistemas de esgotos, como coeficientes de retorno água/esgoto, de variação da vazão (máxima horária, máxima diária, mínima) são utilizados como se fossem totalmente constantes, isto é, invariáveis nos diversos contextos. Além disso, os parâmetros de qualidade podem ter suas particularidades e diferenciações em função de determinadas localidades e também considerando os produtos e contextos da sociedade brasileira moderna. Nesse sentido, importante saber com bom nível de especificidades das características dos esgotos em se pensando no seu adequado gerenciamento, aproveitamento.

Tendo em vista a necessidade de expansão dos estudos no país a Rede Nacional de Tratamento de Esgotos Descentralizado (ReNTED), financiadora da presente pesquisa, tem como objetivo geral o apoio ao desenvolvimento de sistemas descentralizados e locais para o manejo de águas residuárias de origem doméstica, compreendendo aspectos de gerenciamento dos subprodutos líquidos, sólidos e gasosos (FEESC, 2012). Portanto, no presente trabalho pretende-se levantar (quantificar e qualificar) as características dos fluxos hidráulicos de esgotos. Ao final se pretende atingir um conjunto sistematizado de dados, com amplitude e atualidade, possibilitando subsídios para um melhor planejamento do funcionamento do sistema de esgotamento sanitário, contribuindo para sua sustentabilidade.

Este trabalho tem por objetivo: i) avaliar o comportamento do hidrograma proveniente da produção de esgoto doméstico de um condomínio residencial de Belo Horizonte; e ii) caracterizar qualitativamente (físico-química e biológica) o mesmo esgoto bruto.

Autores: Túlio César Floripes; Priscilla Natalie Pereira Neves; Lucas MartinsMachado e Cláudio Leite de Souza.

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