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Lançamento de esgoto em dunas de Florianópolis causa soterramento e danos à restinga

Impactos Negativos do Lançamento de Efluentes de Esgoto na Vegetação de Restinga do Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição, em Florianópolis

Lançamento de esgoto em dunas de Florianópolis causa soterramento e danos à restinga

O lançamento de efluentes de esgoto originados por uma lagoa de evapoinfiltração da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) causou danos e impactos negativos à vegetação de restinga do Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição, em Florianópolis. É que o aponta um estudo desenvolvido no curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A investigação mostrou portanto que há um maior nível de soterramento e uma menor quantidade da vegetação nativa na área atingida pelo efluente se comparado com uma área natural.

A pesquisa realizou a coleta de dados em 20 pontos de amostragem, abrangendo dois tipos diferentes de áreas. Nas áreas artificiais, formam-se as lagoas, enquanto nas áreas naturais, ocorrem naturalmente. Assim sendo a avaliação ocorreu entre a primavera de 2021 e o inverno de 2022.

A partir desse estudo, observou-se uma menor riqueza e uma menor diversidade de espécies na área afetada pelo efluente. À medida que o tempo foi passando, a composição de espécies presentes foi se diferenciando entre as áreas. Observou-se uma maior dominância de poucas espécies na área artificial, com alta ocorrência de espécies típicas de áreas degradadas das famílias Cyperaceae e Poaceae, explica Thiago Lorencetti Ehlert.

Thiago Lorencetti Ehlert é o autor do Trabalho de Conclusão de Curso que estudou o impacto.

Rompimento da lagoa de evapotranspiração

É importante lembrar que, em janeiro de 2021, a barragem dessa lagoa se rompeu e gerou impactos sociais, econômicos e ambientais na região. Portanto, como medida emergencial, instalou-se um sistema de bombeamento para escoar o excesso de efluente e evitar novos rompimentos. O escoamento ocasionou a formação de uma lagoa artificial em outra área de dunas.

O que era para ser uma medida emergencial já dura mais de dois anos, observa Michele de Sá Dechoum

O laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação (LEIMAC/UFSC) desenvolveu a pesquisa orientada pela Michele.

Com os resultados obtidos, os autores então recomendaram a interrupção do lançamento de efluentes de esgoto sobre a vegetação de restinga nas dunas da Lagoa. O Parque das Dunas é de grande importância para o equilíbrio ecológico da Capital catarinense.

É uma vegetação extremamente importante para a biodiversidade e para o bem-estar humano, especialmente frente à crise climática que a gente tem vivido. Nesse parque, nós temos centenas de espécies, plantas, animais, microrganismos que dependem de boas condições para poderem usar os habitats que existem disponíveis  destaca Dechoum.

Diante da publicação do estudo, a Casan se manifestou afirmando:

“Enfrentamos de forma constante dificuldades para implantação e operação de sistemas de esgotamento sanitário na Ilha”

Leia a nota da Casan

“A CASAN informa que valoriza os estudos desenvolvidos por instituições de ensino/pesquisa. Também ressaltando seu compromisso com a implantação e operação das infraestruturas de abastecimento, coleta e tratamento de esgotos, fundamentais para a saúde pública. Assim como para a conservação dos ambientes na Capital.

A Companhia também destaca que enfrenta de forma constante dificuldades para implantação e operação de sistemas de esgotamento sanitário na Ilha, que possui a maior parte de seus ambientes formados por áreas de preservação, como dunas, restingas, praias e mangues.

No caso da Lagoa de Evapoinfiltração, que recebe o efluente tratado do Sistema de Esgoto da Lagoa da Conceição, a solução foi adotada na década de 1990 para atendimento de um grande número de moradores dessa região, onde a alta densidade populacional já não permite que soluções individuais de fossa, filtro e sumidouro sejam efetivas para evitar o comprometimento do lençol freático e da própria Lagoa da Conceição. Diante da inexistência de rio capaz de receber o efluente tratado, o sistema de evapoinfiltração foi avaliado e aprovado por órgãos ambientais como a solução mais adequada.

Atualmente a CASAN possui projeto de emissário submarino em avaliação junto ao IMA, para que possa garantir a continuidade da coleta e tratamento de esgotos na região e também a ampliação para novas localidades da Lagoa e Sul da Ilha ainda não são atendidas”.

Fonte: nsc total


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