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Aplicação da eletrocoagulação no tratamento de efluente têxtil

Resumo

Sendo um dos segmentos de maior tradição dentro do segmento industrial, as indústrias têxteis constituem fator de grande importância à economia não só brasileira como mundial. Em 2012, este setor movimentou cerca de US$ 744 bilhões em transações entre países e espera-se em 2020, que este volume suba para algo em torno de US$ 851 bilhões (ABIT, 2014). A região Sul e Sudeste são os maiores polos têxteis em volume de produção do Brasil, ficando em destaque, devido seu grande parque industrial instalado e consequentemente, a geração de grandes volumes de efluentes. No entanto, toda essa geração de efluentes tem sido considerada como uma das principais fontes de poluição dos corpos d’água, contendo elevadas quantidades de carga orgânica, sais e corantes de difícil degradação biológica. Devido à ineficiência dos processos de tratamento convencionais utilizados por estas indústrias, priorizando a proteção do meio ambiente e considerando as características do efluente, faz-se necessário o estudo de novas alternativas de tratamento. O processo de eletrocoagulação (EC) surge como alternativa complementar ao tratamento de efluentes industriais, em especial, o têxtil, pois vem apresentando destaque nos últimos anos devido à simplicidade operacional, a não necessidade de inserção de produtos químicos, o menor tempo de operação e menor produção de lodos. A aplicação da eletrocoagulação em condições ideais, tais como: Conexão (monopolar), pH(3), intensidade de corrente (200 A) e tempo (30 minutos) permite obter eficiência acima de 75% de remoção em cor e 45% em compostos aromáticos. Não havendo necessidade de sedimentação do efluente.

Introdução

As indústrias têxteis constituem fator de grande importância à economia brasileira, ocupando lugar de destaque na economia nacional. Forte gerador de empregos e grande volume de produção e exportação, o valor da produção da cadeia têxtil em 2014 foi cerca de R$ 126 bilhões, o que é equivalente a 5,6% do valor total da produção da indústria brasileira de transformação (ABIT, 2015). No entanto, o setor têxtil é um dos maiores consumidores de água, variando entre 200 a 400 litros/Kg de tecido acabado, o que consequentemente, gera grandes volumes de efluentes, os quais, quando não corretamente tratados, podem causar sérios problemas de contaminação ambiental (MORALI; UZAL; YETIS, 2016).

O efluente têxtil é caracterizado por ser altamente colorido devido à presença de corantes que não se fixam nas fibras durante o processo de tingimento, gerando emissões de poluentes sólidos, líquidos e gasosos. As características deste efluente são bastante complexas e variam com o tipo de atividade e processo industrial. Em geral, cerca de 90% dos produtos químicos utilizados no beneficiamento têxtil são eliminados após cumprirem seus objetivos. Com o elevado consumo de água e o baixo aproveitamento dos insumos gerando efluentes com elevada carga orgânica, essa atividade tornou-se um potencial poluidor do meio ambiente (KARTHIKEYAN et al., 2017).

Efeitos deletérios causados pelas moléculas orgânicas dos corantes e seus insumos como gomas sintéticas, sais e tenso-ativos, provocam poluição visual, alterações em ciclos biológicos afetando principalmente processos de fotossíntese, diminuição da transparência da água, penetração da radiação solar e consequentemente a solubilidade dos gases. Sua descarga nos corpos d´água potencializa os riscos à saúde das pessoas, os quais estão associados à entrada de componentes tóxicos nas cadeias alimentares de animais e seres humanos, podendo ser carcinogênicos e/ou mutagênicos (KUMAR et al., 2017).

Os processos convencionais de tratamento, em geral, não são capazes de degradar as estruturas moleculares complexas dos corantes, principalmente os corantes reativos, pois são bastante estáveis e difícil de serem biodegradados, podendo originar subprodutos nocivos a saúde humana e grandes quantidades de lodos contaminados. Devido a estas implicações ambientais, novas tecnologias têm sido buscadas para a degradação ou imobilização destes compostos, além da adequação perante a legislação para lançamento no corpo receptor e reciclagem da água na própria indústria.

Entre as tecnologias destaca-se a utilização da eletrocoagulação, consideradas atualmente uma alternativa promissora, ambientalmente benigna e inovadora para o tratamento dos efluentes têxteis (HOLKAR et al., 2016; DASGUPTA et al., 2015). A eletrocoagulação é uma tecnologia simples e efetiva para o tratamento e recuperação de efluentes, uma vez que oferece grandes vantagens devido a formação de flocos mais estáveis e melhor de serem removidos, apresentando efluente de elevada qualidade e com padrões mínimos exigidos pela lei (SILVA et al., 2015).

Assim, devido os efluentes têxteis apresentar corantes com consideráveis complexidades molecular, ampla classificação e grande parte de sua composição química ainda ser desconhecida, a remoção de cor em efluentes é atualmente classificada como relativamente mais importante do que a remoção de outros poluentes, incentivando pesquisadores a estudar novas tecnologias que sejam compatíveis com o ambiente, rentável e, ao mesmo tempo, atender em níveis admissíveis a concentração de cor perante a lei (DASGUPTA et al., 2015; MO et al., 2009). Nesse contexto, este trabalho tem por objetivo avaliar a eficiência do processo de eletrocoagulação na remoção de cor em efluentes têxteis sintéticos.

Autores: Fabíola Tomassoni; Beatriz Lima Santos Klienchen Dalari; Bruna Carina Menon; Maria Eliza Nagel Hassemer e Flávio Rubens Lapolli.

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