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Efluente gerado no decantador de alta de eta para fins de reutilização

Resumo

No processo de tratamento químico e físico da água bruta, que ocorre nas ETA convencionais, ocorre a geração de resíduos, denominado de lodo de ETA. Atualmente, um dos maiores desafios para as empresas de saneamento é a adoção de alternativas adequadas para sua destinação, sob os aspectos econômico, técnico e ambiental. O lodo de ETA deve ser removido periodicamente dos decantadores e filtros para garantia da eficiência do tratamento, sendo que no Brasil, este resíduo tem sido, ao longo dos anos, descartado indiscriminadamente na natureza, principalmente em cursos d’água. Este lodo apresenta características de material não biodegradável, constituído de matéria orgânica e inorgânica, acrescidos dos produtos resultantes dos reagentes químicos aplicados nas fases iniciais do processo de tratamento, sendo classificado como resíduo classe II A, ou seja, não inerte, segundo a ABNT NBR 10004. Algumas estações de tratamento de água aproveitam as águas de lavagem dos filtros por meio da recirculação do efluente para o início do tratamento da ETA. Entretanto, não há registros da reutilização do efluente gerado em decantadores para fins semelhantes. Assim, sob a ótica da minimização de impactos ambientais e da economia de água, o trabalho avalia a possibilidade de reutilização do efluente de um decantador de alta taxa através do procedimento de recirculação, considerando que o lodo do decantador de alta taxa, pode vir a ter características semelhantes à do resíduo gerado no processo de limpeza dos filtros. Como nestas unidades de tratamento, a remoção do lodo ocorre por carga hidráulica, é possível determinar qual o melhor momento para se promover esta limpeza, de acordo com a quantidade de material sedimentado. Definido o tempo de descarga do decantador, foi realizado a caracterização do efluente juntamente com a água bruta da ETA. A caracterização ocorreu, simulando uma taxa de recirculação de 2 % do efluente bruto, em relação ao volume de água in natura do manancial. Realizou-se todos os parâmetros descritos na Resolução do CONAMA 357/2005 para águas de classe 2. Com um tempo de operação de 06 horas, o efluente gerado no decantador de alta taxa apresentou características semelhantes, em termos de sólidos em suspensão, às do resíduo gerado no processo de limpeza dos filtros. Diante dos problemas recentes e mundiais relacionados à escassez hídrica, este procedimento poderá contribuir para a redução do volume de água bruta captada, visando um melhor aproveitamento dos recursos hídricos disponíveis, além de promover a destinação ambientalmente adequada para os resíduos, conforme determina as legislações.

Introdução

O crescimento das cidades, sobretudo dos grandes centros urbanos, demanda um crescente planejamento e investimento em mecanismos eficientes de tratamento de água, para que um número cada vez maior de pessoas tenha acesso à água tratada. No âmbito do saneamento, um alvo importante deste planejamento são as Estações de Tratamento de Água (ETA), que devem assegurar à população água em quantidade e qualidade estabelecidas por lei. No entanto, o processo de tratamento químico e físico da água bruta, que ocorre nas ETA convencionais faz com que se tenha a geração de resíduos, denominado de lodo de ETA.

No Brasil, os lodos de ETA têm sido, ao longo dos anos, descartados indiscriminadamente na natureza, principalmente em cursos d’água. Este resíduo apresenta características de material não biodegradável, constituído de matéria orgânica e inorgânica, acrescidos dos produtos resultantes dos reagentes químicos aplicados nas fases iniciais do processo de tratamento, sobretudo nas etapas de coagulação e floculação. Do ponto de vista ambiental, o lodo de ETA é classificado como sendo resíduo classe II A, ou seja, não inerte, segundo a ABNT NBR 10004. Neste sentido, se torna importante legislações mais rigorosas, como a Lei Nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, para que se possa dar uma destinação ambientalmente adequada para este material.

O lodo do decantador de alta taxa pode vir a ter características semelhantes à do resíduo gerado no processo de limpeza dos filtros de ETA (RICHTER, 2009). Devido ao fato, que nestes sistemas, a remoção do lodo ocorre por carga hidráulica, torna-se possível determinar qual o melhor momento para se promover esta limpeza, de acordo com a quantidade de material sedimentado. Esta característica permiti equacionar o seu tempo de operação, de forma que seja possível remover o lodo sem haver comprometimento das demais etapas do processo de tratamento da água, havendo a possibilidade de que o efluente gerado no decantador tenha características semelhantes àquelas do efluente de gerado na limpeza dos filtros.

Algumas estações de tratamento de água reaproveitam as águas de lavagem dos filtros por meio da recirculação do efluente para o início do tratamento da ETA (DI BERNARDO, 2005). Entretanto, não há registros da reutilização de água do efluente gerado em decantadores para fins semelhantes. Assim, sob a ótica da minimização de impactos ambientais e da economia de água, o trabalho avalia a possibilidade de reutilização do efluente de um decantador de alta taxa, para fins de recirculação. Procedimento este que requer menores custos de investimentos operacionais quando comparado a outras técnicas.

O reaproveitamento do efluente de descarga do decantador pode gerar economia nos custos de operação da ETA, ocorrendo também, contribuição ambiental, tendo em vista que alguns sistemas tradicionais de tratamentos de lodo de ETA podem variar de 30 a 40% do custo total do sistema de tratamento da ETA (ROTH, 2008). Vale ressaltar que a grande maioria das unidades responsáveis pelo sistema de abastecimento público no Brasil é de responsabilidade dos municípios e estes convivem constantemente com problemas de receitas orçamentárias.

Autores: Wércio de Freitas Dias; Sueli Moura Bertolino; André Luiz de Oliveira; Jean Maikon Santos Oliveira e Georgia de Almeida Capanema.

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