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Caracterização morfológica e bioquímica e avaliação do potencial degradador de bactéria isolada de área contaminada por hidrocarbonetos de petróleo

Resumo

A contaminação de solos e águas por hidrocarbonetos derivados do petróleo é uma grande preocupação atual devido às características tóxicas, mutagênicas ou carcinogênicas desses compostos. Uma vez detectada a contaminação, é necessário que processos de remediação sejam aplicados como forma de proteção ambiental e saúde humana. Dentre as técnicas de remediação, a biorremediação se destaca pelo baixo custo quando comparada às demais técnicas físico/químicas e também pelo apelo ambiental, já que usa o metabolismo microbiano para degradar os poluentes no ambiente. Assim, este trabalho isolou e avaliou as características morfológicas e bioquímicas de uma linhagem bacteriana a partir de água subterrânea contaminada por hidrocarbonetos. Tal linhagem foi identificada como Bacillus sp. e se mostrou capaz de biodegradar diversas frações de alcanos presentes no diesel assim como também produziu biossurfactantes. Tais características apontam essa linhagem como potencial agente biológico a ser aplicado em programas de biorremediação de ambientes contaminados por hidrocarbonetos de petróleo.

Introdução

A contaminação de solos e águas subterrâneas por derivados de petróleo representa um grave problema ambiental que vem crescendo nas últimas décadas. Tal contaminação ocorre principalmente durante a exploração, refino, estocagem, transporte e comercialização desse recurso energético (HASSANSHAHIAN et al. 2013). No ambiente urbano, a principal atividade antrópica responsável pelas contaminações por hidrocarbonetos de petróleo é a comercialização dos mesmos em postos de combustíveis.

O petróleo é uma mistura complexa que contém vários compostos, sendo que os hidrocarbonetos (alifáticos ou aromáticos) representam a fração majoritária. Em menores quantidades também estão presentes os compostos não hidrocarbônicos e outros componentes orgânicos e alguns constituintes organometálicos, como complexos de vanádio e níquel. (TONINI et al. 2010). Dentre as diversas frações do petróleo, a aromática, representada pelos compostos monoaromáticos como BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno) e PHA (hidrocarbonetos aromáticos policíclicos) são contaminantes ambientais que são tóxicos, mutagênicos ou carcinogênicos (COSTA, 2001). Assim, ambientes contaminados por essas substâncias devem ser submetidos ao processo de remediação.

Dentre as técnicas utilizadas para remediar ambientes contaminados por hidrocarbonetos de petróleo, merece destaque, devido ao baixo custo e por ser considerada ecologicamente correta, a biorremediação. Esta utiliza microrganismos ou suas enzimas para degradar os poluentes presentes no ambiente (MORAIS et al. 2014). Os principais microrganismos responsáveis por esse processo são as bactérias e fungos, tanto as leveduras quanto os fungos filamentosos. Diversos são os gêneros microbianos citados na literatura que demonstraram capacidade de biodegradação de hidrocarbonetos podendo ser citados os gêneros bacterianos Pseudomonas, Paenibacillus, Stenotrophomonas, Alcaligenes, Bacillus, Sphingomonas, Mycobacterium, Rhodococcus, Halomonas, Marinobacter, Microbacterium e Corynebacterium (GUO et al. 2010; HASSANSHAHIAN et al. 2012; HASSANSHAHIAN et al. 2014; ROY et al. 2014) e os gêneros fúngicos Alternaria, Aspergillus, Cladosporium, Eupenicillium, Paecilomyces, Bjerkandera, Irpex, Lentinus e Mucor (VALENTÍN et al. 2006; MARCHUT-MIKOLAJCZYK et al. 2015; AMEEN et al. 2016).

Dentro desse contexto, a busca por linhagens microbianas degradadoras de hidrocarbonetos para uma possível aplicação em processos de biorremediação se faz necessária. Assim, este estudo teve como objetivo caracterizar morfológica e bioquimicamente uma linhagem bacteriana isolada de água subterrânea contaminada por hidrocarbonetos de petróleo e avaliar o seu potencial em degradar tais compostos, assim como a habilidade de produzir biossurfactantes.

Autores: Débora Fernanda Guimarães; Karen Mamoré de Matos; João Momonuki; Raulmar Rodrigues de Freitas Filho e Eduardo Beraldo de Morais.

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