BIBLIOTECA

Avaliação de coagulantes a base de tanino de acácia negra (Acacia mearnsii) para o tratamento de água

Resumo

Os taninos são moléculas fenólicas biodegradáveis com propriedades coagulantes/floculante que podem auxiliar no processo de tratamento de água. Os coagulantes a base de tanino são comercializados no Brasil, e tem como maior vantagem a ausência de metais tóxicos em sua composição e com desempenho comparável aos coagulantes inorgânicos tradicionais. Por ser um coagulante pouquíssimo explorado na região norte do país a presente pesquisa teve o objetivo de avaliar o potencial de aplicação de dois coagulantes a base de tanino, o Tanfloc SG e o Tanfloc MTH (Tanac S.A) para o tratamento de água para abastecimento público, utilizando os parâmetros turbidez e cor aparente para avaliação da eficiência do processo. Dentre os resultados obtidos o coagulante SG apresentou 67% de remoção de cor aparente e 59% de turbidez, enquanto o coagulante MTH apresentou remoção de 100% de cor aparente e 75% de turbidez, ambos em uma dosagem de 10 mg/L, em pH 7 e velocidade de sedimentação de 0,35 cm.min-1 .

Introdução

A escassez de água no mundo pode ser justificada pelo manejo inadequado dos recursos naturais e o agravamento da poluição ambiental. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, 2017) 2,1 bilhões de pessoas não têm acesso a água potável, o que contribui para o alto índice de ocorrência de doenças de veiculação hídrica, principalmente em países em desenvolvimento. No Brasil, os padrões de potabilidade de água são estabelecidos pela Portaria de consolidação n◦ 5/2017 do Ministério da Saúde, os quais podem ser alcançados por processos convencionais de tratamento de água realizados pelas Estações de tratamento de Água (ETA).

O tratamento convencional é constituído pelos processos de coagulação, floculação, sedimentação, filtração, desinfecção e fluoretação, após essas etapas, a água é submetida a teste de qualidade para posterior distribuição (CAESB, 2019). Para o processo de coagulação, os coagulantes inorgânicos são mais frequentemente utilizados, como os sais de ferro e alumínio, devido a alta eficiência na remoção de contaminantes (ABNT, 2004). Os coagulantes provenientes de sais de alumínio, como o sulfato de alumínio e o policloreto de alumínio (PAC) merecem maior atenção, devido a toxicidade atribuída a este metal, e neste caso, as concentrações residuais do íon alumínio deve ser cuidadosamente monitoradas para que não superem o limite permitido pela legislação (CONAMA n◦ 357/2005). A geração do lodo proveniente dos processos de coagulação/floculação/sedimentação é uma desvantagem, pois o resíduo gerado é constituído pelos contaminantes da água de forma concentrada, além de apresentar elevada concentração do coagulante, o que torna o resíduo com baixa degradabilidade, principalmente quando os coagulantes inorgânicos são utilizados (FIORENTINI, 2005).

Diante disso, novos produtos são desenvolvidos para serem utilizados como coagulantes, sendo de extremo interesse os compostos com maior possibilidade de degradação no ambiente, sendo uma alternativa a utilização de coagulantes a base de tanino. O tanino pode ser extraído da casca de vegetais como a Acacia mearnsii (AcáciaNegra) e atua na formação de partículas coloidais por neutralização de carga, formando pontes entre as partículas e acarretando na formação de flocos para posterior sedimentação. A capacidade coagulante destes biopolímeros é atribuída aos grupos fenólicos presentes na sua estrutura, o que os torna coagulantes aniônicos (YIN, 2010 e ROZENO, et al., 2019).

Autores: Angela Helena Silva Mendes Stival; Whisley Durães Alceno; Thayrine Dias Carlos; Leydiane Barbosa Bezerra; Grasiele Soares Cavallini e Renato de Almeida Sarmento.

 

leia-integra

ÚLTIMOS ARTIGOS: