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Caracterização físico-química do efluente proveniente de um empreendimento de salão de beleza do município de Cuiabá-MT

Resumo

A conjuntura de coleta e tratamento de efluentes sanitários no Brasil, de forma geral, apresenta índices concernentes à poluição hídrica, principalmente nos meios urbanos. Neste sentido, observa-se que algumas atividades cotidianas das cidades geram efluentes líquidos, que, geralmente, são encaminhados às defasadas redes municipais, tal como os empreendimentos de salões de beleza. Nos salões de beleza, em detrimento de suas atividades, a água é o principal produto em volume, tendo como matéria prima diversos produtos químicos capazes de formar um efluente líquido de mistura complexa, com presença de metais pesados e elevadas concentrações de demanda química de oxigênio. Sendo assim, o presente trabalho teve por objetivo principal avaliar as características físico-químicas do efluente proveniente de um empreendimento de salão de beleza do município de Cuiabá-MT. Para tal, realizou-se amostragem composta de todo dia de funcionamento, durante uma semana de atividades do empreendimento. Analisou-se as variáveis físicas condutividade elétrica, turbidez, cor real, cor aparente e série de sólidos; além das variáveis químicas potencial hidrogeniônico, óleos e graxas, alcalinidade, demanda bioquímica de oxigênio, demanda química de oxigênio, fósforo total e nitrogênio total, seguindo-se as recomendações e padronizações do Standard Methods for the Examinantion of Water and Wastewater. Mediante a análise das concentrações médias das variáveis estudadas, observou-se elevados valores, quando comparados com os efluentes domésticos, além de não se ter encontrado uma padrões e limites legais para este tipo de efluente nas normativas específicas. Destaca-se fração inerte do efluente estudado, ou seja, teores com baixa biodegradabilidade, apresentada pela relação DQO/DBO de até 4,43. O cerne da problemática é dada pelo efeito acumulativo desses efluentes provenientes de salões de beleza que podem conferir ao sistema de tratamento municipal, quando existente, e quanto à capacidade poluidora dos cursos hídricos naturais do meio urbano.

Introdução

O último diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto do ano de 2014, divulgado pelo Ministério das Cidades por meio do Sistema Nacional de Saneamento (BRASIL, 2016), constatou que o índice médio no atendimento de efluentes sanitários no Brasil é de 57,6% nas áreas urbanas, apresentando 40,8% de tratamento dos efluentes gerados, com índice de 70,9% de tratamento dos efluentes coletados. A região Centro-Oeste do Brasil coleta 46,9% dos efluentes sanitários, sendo que deste percentual, 46,4% é de fato tratado. Neste âmbito, o sistema de coleta de efluentes da capital Mato-grossense atende aproximadamente 38% da demanda, tratando apenas 28%.

Mediante esta problemática, observa-se que algumas atividades inseridas dentro do meio urbano têm como subprodutos efluentes líquidos, que são encaminhados na rede coletora do município, tal como os empreendimentos de salões de beleza, que utilizam a água como principal produto em volume e matérias-primas como conservantes, alisantes, umectantes, solventes orgânicos, óleos tensoativos, corantes à base de metais potencialmente tóxicos, como chumbo, cádmio, cromo e arsênio, capazes de formar uma mistura complexa e com elevadas concentrações de demanda química de oxigênio (MELO, 2012).

A preocupação acerca do tema se intensifica frente à realidade de coleta e tratamento dos efluentes sanitários apresentado, uma vez que misturado aos efluentes domésticos, estes são muitas vezes encaminhados às redes pluviais das cidades e acabam no corpo receptor sem tratamento adequado, podendo comprometer a qualidade e a premissa dos usos múltiplos das águas, o que vem gerando uma nova preocupação ambiental (BANERJEE et al., 2016).

Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo principal a análise da potencialidade poluidora do efluente proveniente de um salão de beleza do município de Cuiabá-MT, por meio de sua caracterização físico-química. Especificamente, buscou-se desenvolver um sistema de amostragem representativa; determinar as concentrações das variáveis físicas condutividade elétrica, turbidez, cor real, cor aparente e série de sólidos; além das variáveis químicas potencial hidrogeniônico, óleos e graxas, alcalinidade, demanda bioquímica de oxigênio, demanda química de oxigênio, fósforo total e nitrogênio total.

Autores: Fernando Rodrigues da Silva; Luanna Mênithen Souza Silva Santos; Carolina Ceritello Correa Fontes; Amanda Finger e Ana Rúbia de Carvalho Bonilha Silva.

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