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Caracterização da água clarificada proveniente do tratamento do resíduo do tratamento de água em ciclo completo

Resumo

A água utilizada para consumo humano deve passar por tratamento para se tornar potável. Uma das tecnologias de tratamento de água mais utilizada no Brasil é a de ciclo completo, em que há a geração de resíduos denominados de lodos ou RETAs, que causam impactos ambientais quando lançados indevidamente nos mananciais sem tratamento. Uma alternativa muito utilizada para tratamento dos RETAs é o adensamento por gravidade seguido do desaguamento por centrifugação, ambos com aplicação de condicionantes químicos e o lançamento nos rios ou retorno da água clarificada ao início da ETA. No presente trabalho foi preparada uma amostra de água e submetida a ensaios de tratabilidade para a obtenção de resíduo. A partir do resíduo gerado, foram testados diferentes condicionantes químicos nos ensaios de bancada de adensamento por gravidade e desaguamento por centrifugação. As amostras de água clarificada do adensamento e do desaguamento foram caracterizadas e foi constatado um elevador teor de Carbono Orgânico Total, o que indica a presença de moléculas orgânicas que podem ser prejudiciais à saúde humana e, portanto, recomenda-se um estudo mais detalhando para verificar quais compostos estão presentes nessa água clarificada.

Introdução

A tecnologia de tratamento utilizada em uma Estação de Tratamento de Água (ETA) depende de inúmeros fatores. Em uma ETA de ciclo completo, os resíduos provenientes das descargas dos decantadores ou flotadores e da lavagem dos filtros contém compostos químicos que são prejudiciais ao meio ambiente, aos animais e à saúde humana. Devido à presença desses compostos químicos, os resíduos de ETA (RETAs) são considerados um sério problema ambiental nos dias de hoje e, portanto, necessitam de tratamento adequado para posterior disposição final.

A quantidade e a qualidade dos resíduos produzidos em uma ETA dependem de fatores como a qualidade da água bruta, tecnologia de tratamento, mecanismos da coagulação, uso de auxiliar de coagulação, de oxidante, carvão ativado, método de limpeza dos decantadores (ou flotadores), método de lavagem dos filtros, habilidade dos operadores, automação de processos e operações na ETA e reuso da água recuperada no sistema de tratamento (DI BERNARDO et al., 2011).

Os resíduos de uma ETA de ciclo completo são encaminhados para uma Estação de Tratamento de Resíduos (ETR) que, usualmente, utilizam as tecnologias de adensamento e desaguamento. As tecnologias comumente utilizadas são o adensamento por gravidade e o desaguamento por centrifugação, em que ambas adicionam determinado tipo de polímero durante o processo para auxiliar a retirada de água desses resíduos.

Após tratamento adequado dos resíduos, o RETA resultante deverá ser disposto em locais permitidos conforme legislação vigente (NBR 10004) e a água clarificada poderá ser lançada em corpos d’água se atender, também, a legislação vigente (CONAMA nº 357 e 430) ou retornar para o início da ETA.

Um dos parâmetros que deve ser analisado é o Carbono Orgânico Total (COT), uma medida indireta da quantidade de matéria orgânica presente na água e que não se encontra na legislação vigente brasileira. Como a água clarificada proveniente da ETR apresenta subprodutos em sua composição, a medida de COT torna-se necessária, pois os polímeros utilizados no tratamento dos resíduos são à base de poliacrilamida (carbono) e é um composto químico nocivo à saúde humana quando ultrapassado os valores máximos permitidos pelo Anexo 20 da Portaria de Consolidação nº05 do Ministério da Saúde de 28 de setembro de 2017 (0,5 μg/L).

Sendo assim, julga-se necessário a realização de ensaios para identificar melhores condicionantes químicos a serem utilizados em cada tipo de tratamento de RETA, bem como a caracterização da água clarificada proveniente da ETR, com a inclusão do parâmetro Carbono Orgânico Total (COT) que não se encontra na legislação brasileira, mas já é analisado em países como os EUA.

Autores: Isadora Alves Lovo Ismail; Angela Di Bernardo Dantas; Luiz Di Bernardo e Cristina Filomena Pereira Rosa Paschoalato.

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