“Azul da cor do mar”, o refrão do clássico de Tim Maia pode deixar de fazer sentido no futuro
“Azul da cor do mar”, o refrão do clássico de Tim Maia pode deixar de fazer sentido no futuro. Isso porque, de acordo com um novo estudo publicado na Nature nesta semana, a mudança climática e o decorrente aquecimento dos oceanos da Terra estão modificando a coloração do mar. Ao invés de azul, o mar está ficando esverdeado em áreas nas baixas latitudes perto da linha do Equador.
O estudo utilizou registros do satélite Aqua referentes aos últimos 20 anos e identificou alterações na coloração da água marinha em 56% de sua extensão global – uma área maior do que a soma de todos os continentes terrestres.
A mudança da cor do mar está diretamente relacionada à água marinha mais aquecida, reflexo das mudanças climáticas decorrentes da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Os oceanos são o maior sumidouro de carbono do planeta. No entanto, na medida em que a concentração de carbono aumenta na atmosfera, o oceano absorve mais gás, deixando a água mais ácida e quente.
Esse é um cenário ideal para a proliferação dos fitoplâncton, micróbios clorofilados que estão na base da cadeia alimentar marinha. Isso pode estar por trás do esverdeamento da água, principalmente na região equatorial, onde o calor é mais intenso. Os efeitos disso sobre a diversidade biológica marinha, no entanto, ainda não estão claros. Mas a descoberta é mais um indicativo de agravamento da mudança climática.
“A razão pela qual nos preocupamos com isso não é a cor em si, mas porque ela é um reflexo das mudanças no estado do ecossistema”, explicou ao Guardian o cientista BB Cael, da Universidade de Southampton (Reino Unido). “Temos mudança na cor que está surgindo significativamente em quase todo o oceano dos trópicos e subtrópicos”.
“Tenho feito simulações que me dizem há anos que essas mudanças na cor do oceano vão acontecer”, disse a coautora do estudo Stephanie Dutkiewicz, pesquisadora do Massachusetts Institute of Technology (MIT). “Ver isso acontecendo de verdade não é surpreendente, mas assustador. E essas mudanças são consistentes com as mudanças induzidas pelo homem em nosso clima”.
Fonte: ClimaInfo
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