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Análise espacial da hepatite a no município de Breves/PA, no período de 2007 a 2015

Resumo

A Hepatite A é uma doença causada por vírus do gênero Heparnavirus. A transmissão ocorre através do contanto fecal-oral de alimentos e água contaminados. Os diferentes aspectos clínicos da doença podem apresentar-se de forma assintomática ou assemelharem-se a uma síndrome gripal, poucos casos evoluem para complicações mais graves. A Hepatite A é predominante em regiões que apresentam condições socioeconômicas e sanitárias precárias, com alta deficiência no sistema de saneamento básico. A área proposta de estudo é o município de Breves, localizado no Estado do Pará. O objetivo principal deste estudo foi analisar a distribuição espacial da hepatite em Breves (PA), no período de 2007 a 2015. O estudo foi realizado no município de Breves, pertencente a Mesorregião do Marajó – Pará. As bases de dados utilizadas foram: SINAN, IBGE, CPRM, Prefeitura Municipal de Breves, USGS. Os dados obtidos do SINAN foram georreferenciados em campo com uso do Sistema de Posicionamento Global (GPS). O processamento e interpretação dos dados espaciais foi realizado com o software ArcGIS e/ou TerraView e a montagem do banco de dados no Excel. As análises espaciais realizadas foram: mapa de distribuição espacial, mapa colorimétrico e mapa de Kernel. O total de 274 casos do período de 2007 a 2015 foram georreferenciados no município de Breves. Os casos de hepatite se localizam na área urbana e apenas um setor urbano não apresenta caso. Em relação à população 49,15% e 1,19% dos habitantes moram em locais que já apresentaram casos de HAV na área urbana e rural, respectivamente. O município de Breves tem apenas 5,2% de saneamento adequado e não possui sistema de água encanada tratada. O kernel indicou um aglomerado na área urbana mostrando uma forte relação dos casos com a concentração de habitantes. Portanto, de acordo com as análises espaciais, os resultados indicam que a área urbana é a região de maior risco, devido à concentração da população e o alto número de casos, além da falta de abastecimento de água tratada.

Introdução

A Hepatite A é uma doença viral aguda, com variadas manifestações que se assemelham a uma síndrome gripal, entretanto, esse espectro clínico pode apresentar-se de formas assintomáticas ou subclínicas às formas graves e incapacitantes (MEDRONHO, 1999). É causada pelo Vírus da Hepatite A (HAV) do gênero Heparnavirus da família Picornaviridae e sua via de contágio se dá especialmente pelo contato fecal-oral com indivíduos infectados e água e alimentos contaminados; tem o homem como o principal reservatório (BRASIL,
2010).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,4 milhões de casos de Hepatite A ocorrem no mundo inteiro todos os anos, apresentando maior incidência em países com condições socioeconômicas e sanitárias precárias (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

Estima-se que no Brasil, mais de 90% da população já tenha sido exposta ao vírus, considerando o país como área de risco. Conforme os dados epidemiológicos foram evidenciados padrões de distribuições variantes para cada região, sendo a região Norte, enfoque de alta prevalência da doença por apresentar carência nas questões sociais, econômicas e ambientais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014; 2012).

Condicionada a problemas referentes ao saneamento básico, a Hepatite A está diretamente associada às regiões mais pobres, onde a qualidade de vida é deficitária e os sistemas públicos de abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem são ineficientes, provocando um aumento do número de casos da doença que é comumente transmitida via veiculação hídrica (BRAGA et al., 2008).

Dessa forma, faz-se necessário o estudo da sua distribuição no tempo e espaço, com o auxilio da epidemiologia que detecta correlações existentes entre o agravo e os fatores ambientais e antrópicos em conjunto com as técnicas de geoprocessamento que permitem integrar dados de diferentes categorias com o objetivo de melhor compreender a complexidade dos processos, facilitando a análise da dinâmica da doença, identificação de regiões e grupos expostos, além de servir como um importante instrumento em apoio às atividades de vigilância epidemiológica e ações de controle e prevenção (ALVANHAN et al., 2007; CARIDADE & SANTOS, 2007).

Neste contexto, a execução metodológica e laboratorial deste projeto partirá da possibilidade de correlacionar bases de dados epidemiológicas, socioeconômicas e ambientais, todas indexadas através de coordenadas geográficas.

A área proposta de estudo é o município de Breves, localizado no Estado do Pará, pertencente a Microrregião de Furos de Breves, que por sua vez, integra a Mesorregião do Marajó.

Diante disso, os indícios de que os indicadores epidemiológicos da doença possam estar relacionados a precariedades do saneamento básico no município e ao perfil socioeconômico da população, reforça a necessidade de monitoramento continuado de áreas endêmicas ou de transição por meio da identificação dos fatores de risco para fins de prevenção de doença e do impacto da morbidade e mortalidade decorrentes deste agravo. Portanto, este trabalho tem como objetivo analisar a distribuição espacial da hepatite em Breves (PA), no período de 2007 a 2015.

Autores: Ricardo José de Paula e Souza Guimarães; Brenda Caroline Sampaio da Silva; Luís Henrique Rocha Guimarães; Sara Midiã Silva da Silva e Clístenes Pamplona Catete.

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