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Avaliação da adsorção de microcistina-lr com colunas de carvão ativado em águas de abastecimento com diferentes tempos de contato

Resumo

A presença de linhagens de cianobactérias produtoras de cianotoxinas tem efeitos negativos nos corpos hídricos em particular nos destinados ao abastecimento público devido ao efeito nocivo dessas substâncias à saúde humana e de animais. Em geral as cianotoxinas não são removidas pelas tecnologias convencionais de potabilização de água. O objetivo desse estudo foi desenvolver técnicas avançadas para remoção das cianotoxinas dos efluentes que fornecem abastecimento público na região, fazendo um estudo comparativo dos tempos de contato. Para isso, foi empregada colunas de carvão ativado granular, verificando as concentrações de efluentes de MC-LR acima do volume máximo permitido (VMP) determinado pela portaria 2914/2011 de 1μg.L-1. O Carvão Ativado Granular quando associado ao tratamento convencional de água, pode ser utilizado sob a forma de colunas, configurando a pré-adsorção e a pós-adsorção. A capacidade adsortiva do CAG é alcançada no seu tratamento. O pH foi o fator bem relevante para escolha de uma melhor dosagem de Sulfato de Alumínio para a remoção principalmente de cor e turbidez da água de estudo. Observa-se também que quanto maior o tempo de contato teórico menor a taxa de uso nas colunas de carvão ativado.

Introdução

Nos dias atuais existe um crescimento populacional e a oferta de água se reduz, essa problemática é provocada pelos bruscos processos de desenvolvimento industrial e econômico, acarretando alterações em regimes hidrológicos, deterioração de mananciais, impactos ao meio ambiente e por consequência afeta a qualidade de vida das populações.

Um dos mais relevantes problemas mundiais, é a ausência de água de qualidade, no Brasil perpassa pelas grandes secas que vêm afetando o país. Pela Constituição Federal de 1988, cabe aos governos estaduais a missão de gerir e administrar a captação e distribuição de água, embora o governo federal também precise atuar por intermédio do fornecimento de verbas públicas e obras interestaduais. Nesse sentido, alguns governos, por questões administrativas ou até políticas, podem apresentar algumas falhas, principalmente no que se refere ao planejamento no manejo dos recursos hídricos.

Segundo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o UNICEF, 748 milhões de pessoas não tinham acesso a uma fonte de água tratada em 2012 (WHO; UNICEF, 2014). No Brasil, 17,5% da população não é atendida por redes ligadas a sistemas de abastecimento, sendo fontes alternativas (poços, nascentes, cisternas, carro pipa etc.) a solução para seu abastecimento (BRASIL; MINISTÉRIO DAS CIDADES; SECRETARIA NACIONAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL – SNSA, 2014).

O processo de eutrofização consiste no processo de enriquecimento das águas através da entrada de nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo, com consequente aumento da biomassa fitoplanctônica e de macrófitas (TUNDISI, 2003). O aumento da biomassa algal em consequência deste processo, ocasiona um fenômeno conhecido de floração ou “blooms”, que favorece alterações na diversidade de espécies aquáticas, gosto e odor desagradáveis nas águas, bem como o aumento da presença de cianobactérias – organismos fotoautotróficos capazes de produzir toxinas – comprometendo o uso dessa água pela sociedade (VON SPERLING, 2006; TUNDISI & TUNDISI, 2008; ANSARI et al., 2011; CARVALHO et al., 2013).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estipulou um limite máximo de 1 μg/L em relação a toxicidade certificada pelas cianotoxinas. Desse modo, passou a adotar tratamentos mais aprimorados que o convencional para o tratamento dos recursos hídricos com valores de toxina dissolvida acima do valor estabelecido. Ainda, a Resolução n° 357/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) regulamenta a classificação dos corpos d’água, diretrizes ambientais e os tipos de usos, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, levando em consideração o número de células de cianobactérias como um parâmetro a ser avaliado (CONAMA, 2005).

Para entanto, a remoção de microcistinas da água de abastecimento a partir do tratamento do tipo convencional (comumente empregado) é considerada efetiva quando estas toxinas se encontram na forma intracelular. Todavia, o mesmo tratamento não é satisfatório no caso da cianotoxina se encontrar na forma dissolvida. A dificuldade de remoção de microcistinas dissolvidas pelos sistemas de tratamento usualmente empregado, tem intensificado a busca por tecnologias operacionalmente e economicamente viáveis para o efetivo cumprimento da legislação vigente no que tange a concentração de microcistinas na água de abastecimento (DI BERNARDO et al., 2010).

O reconhecimento da existência dessas limitações no tratamento convencional promoveu o desenvolvimento de tecnologias específicas no tratamento de água, com destaque para a adsorção em carvão ativado que tem sido utilizada devido à elevada eficiência na melhoria da qualidade da água.

O emprego do carvão ativado isoladamente ou em complemento ao tratamento convencional tem sido considerado efetivo na remoção das cianotoxinas. Nesse sentido, a presente pesquisa desenvolveu sistemas de tratamento de águas de abastecimento utilizando técnicas avançadas para remoção de cianobactérias e cianotoxinas, avaliando a remoção de microcistina-LR utilizando colunas de carvão ativado granular. Para obter resultados mais satisfatórios foi determinando dois tipos de tempos de contato. Verificando também a quantidade inicial de contaminação do efluente por composto sintéticos utilizando o método de (COT).

Autores: Josivaldo Rodrigues Sátiro; Maria Virgínia da Conceição Albuquerque; Railson de Oliveira Ramos; Ediano Duarte Lima; Suelly Fernandes da Silva e Wilton Silva Lopes.

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