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Avalição da viabilidade técnica-ambiental do uso agronômico do esgoto tratado da estação de tratamento de esgoto (ETE) Aureny do município de Palmas – TO

Resumo

dos corpos hídricos. Sabe-se que, mesmo tratado, o esgoto causa impactos negativos onde o efluente é lançado. O município de Palmas – TO faz a captação de água no Ribeirão Taquaruçu, em um ponto em que já se considera área de influência direta do Lago, pouco mais abaixo está a ETE Aureny, que tem como corpo receptor o braço do Lago dentro do Ribeirão Taquaruçu.

Logo, reaproveitar esse líquido é também diminuir custos com tratamento de água. A agricultura destaca-se como um dos principais consumidores de água no mundo, sendo este um potencial consumidor de esgoto tratado. Contudo, a utilização desse líquido exige cuidados e tecnologia adequada, além de um rigoroso controle de qualidade dos produtos cultivados.

Nesse sentido, este trabalho procurou uma proposta que fizesse o uso do efluente tratado, mas que tenha todo o controle necessário para produzir alimentos de qualidade. A partir de análises, foi colocado que o melhor local para tal seria dentro da área da própria ETE por meio de um programa de agricultura familiar. Na escolha do método de irrigação e produção foi levado em consideração os parâmetros do próprio solo, a qualidade final do esgoto e a existência de população residente nas zonas adjacentes. Por fim, optou-se pela utilização de sulcos na irrigação, justificado pelo seu baixo custo de implantação e manutenção, além de não liberar aerossóis. Outro ponto importante, é a facilidade na separação entre o efluente tratado e o alimento que será consumido. O que foi apresentado nesse documento trata-se de uma análise inicial, sendo necessário para estudos posteriores análises mais profundas in loco.

Introdução

A água trata-se de um recurso natural peculiar, tem-se sua renovação através de processos físicos do ciclo hidrológico. Entretanto, pelas suas potencialidades, tem-se um problema: a escassez de tal recurso (VILLIERS, 2002). Resultante do crescimento demográfico, da relação desigual de demanda e oferta de água, do conjunto diversificado de atividades humanas, e do desperdício descontrolado deste recurso vital.

Todos os anos, milhões de pessoas e animais, morrem em decorrência da falta de disponibilidade hídrica, indústrias ficam ociosas, impedidas de evoluir e desenvolver normalmente suas atividades. O aumento exacerbado das populações, das ações agrícolas e industriais resultaram na degradação, surgindo então a necessidade de racionalizar e buscar alternativas para reúso e recuperação da qualidade deste recurso (NUVOLARI, 2014).

E é nesse contexto que se lança um dos maiores desafios do século XXI: o reúso da água. A água através do ciclo hidrológico se constitui em um recurso renovável. Quando reciclada através de sistemas naturais, é um recurso passível de utilização, a qual é deteriorada a níveis diferentes de poluição, por meio da atividade humana. Contudo, a água poluída, pode ser recuperada, a partir de tratamentos específicos, e reutilizada para diversos fins (HESPANHOL, 1997).

As legislações pertinentes acerca da temática sobre reúso da água é ainda deficiente no Brasil, tem-se o Projeto de lei nº 5296/05, que institui as diretrizes para os serviços públicos de saneamento básico e a política nacional de saneamento básico, e traz como ponto importante ao tema, o “incentivo ao reúso da água, à reciclagem dos demais constituintes dos esgotos e à eficiência energética, condicionado ao atendimento dos requisitos de saúde pública e de proteção ambiental”. Tem-se ainda a Resolução nº 54/05, que estabelece as diretrizes, modalidades e critérios gerais para a prática de reúso direto não potável de água.

Com base na lei nº. 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos, a qual se propõe assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos, tem-se evidenciado a importância da manutenção da qualidade dos corpos d’água. Para tal, é necessário que se atinja a universalização na coleta e tratamento do esgoto, bem como, o atendimento das demandas crescentes, e a implementação de práticas de reúso.

À proporção que a água disponível ao consumo humano vai se tornando escassa, mais se procuram meios para o seu reaproveitamento, sendo o uso agrícola, o principal enfoque, devido a seu alto consumo de água em muitos lugares (NUVOLARI, 2014). A agricultura irrigada é o maior consumidor de água, a qual representa cerca de 70% do uso consuntivo total, tendendo a chegar a 80% no final da década (HESPANHOL, 2008). Uma das alternativas à crescente demanda, trata-se do reúso do efluente gerado nas estações de tratamento de esgoto, o qual, de maneira controlada, pode trazer características benéficas ao solo (MIRANDA et al., 2001). Contudo os solos irrigados com esgoto tratado, podem sofrer um processo de salinização, sendo necessário um sistema de drenagem projetado com a finalidade de minimizar o processo.

Nesse contexto o município de Palmas, capital do Tocantins, tem uma grande potencialidade para o uso do efluente da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), pois a cidade conta com o sistema de tratamento que abrange a maioria da população, com 80% da rede coletora construída e interligada (PALMAS, 2016). No entanto, não existe reúso em grande escala na cidade com o efluente oriundo das ETE’s.

Tendo em vista esta realidade, o objetivo geral desta pesquisa é a análise da viabilidade técnica-ambiental do uso agronômico do esgoto tratado da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Aureny, mais especificamente os estudos acerca da caracterização físico-química do efluente da ETE, caracterização de solos irrigados com efluentes, levantamentos de efeitos consequentes do uso do esgoto tratado sobre a produtividade e produção de culturas, e o conhecimento dos riscos associados à saúde pública.

Autores: Marianna Carvalho Sousa; Lucas Diego Costa Oliveira; Lucas Do Ó Oliveira;Tâmara Lorrane Melo Martins e Tatiana Ferreira Wanderley.

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