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Avança a pesquisa sobre tratamento de efluentes da mina da CSIRO

Os cientistas do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), órgão nacional para pesquisa na Austrália, estão usando micróbios e outros métodos para remover metais valiosos e outros contaminantes dos efluentes em minas e fazendo a sua remediação, diz a companhia de pesquisa.

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Após testá-lo no laboratório, o CSIRO está trabalhando com a Evolution Mining (mineradora de ouro australiana) no desenvolvimento de melhores soluções para o tratamento de efluentes, na operação de mineração de ouro na mina a céu aberto Mt Rawdon em Queensland, na Austrália.

Essas tecnologias podem processar a água de modo que seja pura o suficiente para ser devolvida com segurança ao meio ambiente. Também pode ser reutilizado nos processos da mina, de acordo com o CSIRO.

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Minúsculos organismos ou micróbios, tais como bactérias e archaea, podem ser usados para tratar efluentes em minas na remoção de contaminantes. (Imagem: CSIRO)

Anna Kaksonen, que lidera o grupo de pesquisa em biotecnologia para qualidade da água, atestou: “Certos micróbios podem ajudar a oxidar ou reduzir metais ou outros compostos, como sulfato, nitrato ou selenato, para que possamos removê-los da água”.

“Os micróbios também podem ser usados para limpar as impurezas orgânicas e reduzir a acidez ou alcalinidade”.

“Por exemplo, os efluentes da indústria de alumina possuem muitas impurezas orgânicas que podem se acumular na água utilizada no processamento do minério.”

O tratamento biológico pode ser combinado com outros processos como a precipitação da hidrotalcita, proporcionando uma limpeza mais eficaz do que qualquer outro processo isolado, segundo a CSIRO.

O processo de precipitação da hidrotalcita (argila aniônica) inventado por Grant Douglas do CSIRO, e licenciado para a virtual Curtain LTD, envolveu a adição de misturas patenteadas no efluente, que então se ligam aos metais e outros contaminantes à medida que forma a hidrotalcita.

“Contaminantes são facilmente removidos dos efluentes como um lodo bem sedimentado contendo metais valiosos em compostos altamente concentrados. A adição de processos biológicos após a precipitação da hidrotalcita pode remover outros contaminantes remanescentes na água, como o sulfato e o nitrato”, informou a organização.

Kaksonen diz que a tecnologia biológica geralmente usa bactérias e archaea, que é outro tipo de microrganismo procariótico. Alguns processos de tratamento usam materiais vegetais ou mesmo plantas de wetland ou zonas úmidas para fornecer uma fonte contínua de carbono e energia para os micróbios. Essas biotecnologias imitam os sistemas naturais, mas são projetadas para fornecer condições ótimas para a limpeza de efluentes.

O cientista sênior da pesquisa de CSIRO, Dr Ka Yu Cheng, explicou: “a maior parte de nosso trabalho tem duas dimensões.

“Primeiro, pretendemos entender como a biologia funciona no ambiente”.

“Em segundo lugar, tentamos projetar o processo para que os micróbios possam trabalhar melhor, como encontrar a combinação certa de plantas, a temperatura ideal ou o pH correto para aumentar a atividade da comunidade microbiana.”

A equipe do CSIRO usa a análise de DNA para identificar o tipo de micróbios que existem na água da mina. Em seguida, eles pesquisam em grandes bancos de dados para identificar mais informações sobre esses pequenos colaboradores.

A equipe também faz sua própria “prospecção biológica”, explorando vários locais, tanto em ambientes naturais quanto em locais contaminados, para encontrar micróbios que prosperam em ambientes hostis.

“Nós coletamos amostras de minas, processos de tratamento de efluentes existentes ou sedimentos”, destacou Kaksonen.

Os membros da equipe também procuram fluxos adequados de resíduos sólidos ou líquidos orgânicos, como os resíduos de glicerol da produção de biodiesel que poderiam ser usados ​​para conduzir o tratamento biotecnológico de água das minas.

“Pode haver algumas sinergias para o uso de resíduos de um setor industrial como matéria-prima para outro setor”, salientou Kaksonen.

“Por exemplo, a simbiose industrial poderia acontecer entre as indústrias de biodiesel e mineração, levando ambas para uma economia mais circular”.

Equipe CSIRO

A equipe da CSIRO testou recentemente, seus processos de biotecnologia no laboratório que realiza a análise da água de mina. Eles agora estão trabalhando com a Evolution para desenvolver melhores soluções de tratamento para os efluentes em Mt Rawdon.

O Dr. Cheng expôs: “A empresa está planejando usar um sistema de wetland ou zonas úmidas para tratar os efluentes da mina. A equipe do CSIRO irá comparar a eficácia da serragem, material vegetal, etanol e lactato para encontrar o melhor material que possa suportar o tratamento microbiano em um sistema semelhante a um wetland ou área úmida. ”

O Dr. Kaksonen acrescentou: “Os efluentes das minas da Evolution contêm sulfato e metais, por isso estamos trabalhando com a empresa para combinar a precipitação de hidrotalcita e a redução de sulfato biológico.”

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Mina de ouro de Mt Rawdon, barragem de rejeitos. (Imagem: ATC Williams)

O depósito de ouro em Mt Rawdon é um depósito volumoso, de baixo teor de ouro hospedado e vulcanoclástico, que apresenta excelentes características, propicias a mineração e tratamento de baixo custo, de acordo com a Evolution Mining. A operação é uma das suas minas mais confiáveis, tendo produzido mais de 1,5 milhão de onças ou 46.655 toneladas de ouro desde a primeira produção em 2001.

O Dr. Kaksonen frisou: “Enquanto algumas empresas de mineração têm utilizado os sistemas de wetlands e testados vários processos biotecnológicos, a maioria das minas ainda usam tratamentos químicos para limpar a água da mina.”

Um wetland construído poderia ser um processo potencialmente rentável para tratar a água, até um estágio onde seja seguro retornar ao ambiente. O wetland poderia ser construído enquanto a mina estiver em operação e como parte do plano de encerramento da mina, disse a CSIRO.

“Os processos biotecnológicos têm muitas vantagens quando comparados aos tratamentos químicos tradicionais”, realçou Kaksonen.

Um exemplo é que os bioprocessos baseados na redução do sulfato podem formar sulfetos metálicos, em vez dos hidróxidos que se formam nos tratamentos tradicionais, tornando muito mais fácil remover a água limpa da mistura.

“Como os metais podem ser mais facilmente recuperados dos sulfetos e os bioprocessos podem usar fluxos de resíduos orgânicos, essas técnicas também reduzem os custos operacionais”, concluiu Kaksonen.

A CSIRO finalizou: “Os processos que a sua equipe vem desenvolvendo podem anunciar uma revolução na remediação da mineração, tornando eficaz o tratamento de efluentes em minas, um imperativo econômico bem como ambiental”.

Fonte: International Mining, Daniel Gleeson, adaptado por Portal Tratamento de Água

Traduzido por Gheorge Patrick Iwaki

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