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Estudo do tratamento de efluente com bioestimulador de crescimento bacteriano

Resumo

A bioestimulação é uma alternativa que possibilita acelerar o crescimento e a atividade de microrganismos. A sua aplicação em restos antropogênicos vem sendo realizada com o intuito de acelerar o tempo dos tratamentos biológicos empregados para o tratamento de efluentes e resíduos. Nesse estudo foi avaliada a eficiência do produto The Water Cleanser (TWC), feito à base de cera de parafina, cera microcristalina e hidrocarbonetos, para o tratamento de esgoto bruto, em escala de bancada, em diferentes concentrações do bioestimulante. Foram avaliados semanalmente os seguintes parâmetros físico-químicos: pH, condutividade elétrica, cor, turbidez e oxigênio dissolvido. Após o período de monitoramento não foram observadas diferenças significativas dos parâmetros entre as linhas que continham o bioestimulador e a linha controle.

Introdução

Em processos de biorremediação são aplicadas tecnologias que utilizam microrganismos para reduzir ou eliminar substâncias prejudiciais ao meio ambiente sem deixar resíduos tóxicos. Em geral, a biorremediação possui menor custo em relação às tecnologias de remediação convencionais. Abrange diversas tecnologias, desde uso de organismos modificados geneticamente – OMG, introdução de microrganismos in situ, até bioestimulação. Embora ainda pouco aplicada no Brasil, é um campo em expansão e tem despertado interesse de empreendedores ligados à área ambiental (MACHADO et al, 2017).
A bioestimulação é uma técnica utilizada in situ na qual substratos específicos estimulam o crescimento de microrganismos autóctones capazes de degradar os componentes e substâncias contaminantes (Machado et al, 2017). Por ser um processo biológico, enquadra-se como tratamento secundário de efluente sanitário, na qual se busca a remoção de matéria orgânica (Von Sperling, 2005; Esteves, 2011).
O produto The Water Cleanser (TWC) feito à base de cera de parafina, cera microcristalina e hidrocarbonetos, objeto do presente estudo, foi caracterizado por Lulai (2016) como um bioestimulador capaz de favorecer o crescimento de microrganismos naturalmente presentes nos líquidos onde o mesmo é inserido. Agindo como um remediador de qualidade do meio o TWC acelera o processo de degradação dos componentes e substâncias contaminantes (LULAI, 2016; MEURER, 2017). Estudos realizados por Fotedar (2014) evidenciam que o produto contribuiu para a ampliação da qualidade de águas e que pode ser adotado como uma alternativa a biofiltros.
Em 2016, por solicitação da empresa representante do produto no Brasil, foi desenvolvido um estudo pela universidade Santa Ursula, na lagoa Rodrigo de Freitas (RJ), com o objetivo de avaliar o impacto do produto TWC sobre a comunidade planctônica e sobre as bactérias. O estudo concluiu que o TWC é um bioestimulador das bactérias nitrificantes, sendo composto por oligoelementos que possibilitam a ação de tais bactérias. Além disso, o estudo afirma que a placa de TWC que estimula as bactérias do processo de nitrificação, não influencia negativamente a biota aquática, pelo contrário, a qualidade da água nos tanques com o produto favoreceu o desenvolvimento até a fase adulta de espécies de plâncton.
No Brasil, o lançamento de efluentes tratados em recursos hídricos e no solo deve atender ao padrão de
qualidade estabelecido pelo regramento legal. Dentre os requisitos vigentes encontra-se a Resolução 430
(CONAMA, 2011) que determina o referencial de qualidade em função da classe do corpo receptor
(CONAMA, 2005). Mesmo havendo ações de comando e controle para garantir a qualidade ambiental dos recursos hídricos no país, parte dos efluentes contaminados gerados pelas atividades antrópicas ainda são lançadas in natura nos recursos hídricos gerando poluição e desequilíbrio do ecossistema aquático.
Em decorrência da inexistência de estudos científicos sobre o uso do produto TWC e da elevada expectativa de seus desenvolvedores e comercializadores de que o mesmo possa contribuir para a reversão do quadro de poluição hídrica atual, o presente estudo foi realizado.

Autores: Fabiana Alves Fiore Pinto; Carlos Alberto Silvestre de Morais; e Vanessa Rodrigues Pereira.

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